(…)
Em qualquer caso, fez bem Manuel Clemente em, dias depois da
polémica lançada, se ter retirado desta vergonha.
(…)
Que Moedas diga agora que não a comenta a ponte para não
desvalorizar o impacto da iniciativa com o Papa não deixa de ter a sua piada,
atirou a pedra e agora esconde a mão.
(…)
Que o governo tivesse tratado aqueles dias não como uma ação
de uma comunidade religiosa mas antes como uma procissão política não deixa de
ser revelador.
(…)
[Também existe] o ressurgimento dos discursos conservadores e
restauracionistas daquela Igreja que Francisco combate.
(…)
Esse duplo investimento na banalização e na restauração
conservadora, e foi uma vaga desde que Francisco tomou o avião, tem sido a
forma de ignorar os seus discursos incómodos.
(…)
Presumo que mais do que tudo, contra o [discurso da] economia
e a finança que matam, os termos que escolheu para retomar a lição paulina.
(…)
A facilidade com que os conservadores abandonaram o
simbolismo do nome na ponte pedonal não será a mesma com que cederão a uma
noção de igualdade ou democracia que inclua toda a gente.
Francisco Louçã, “Expresso” online
(sem link)
André Ventura voltou a divulgar fake news, mas desta vez o caso merece especial atenção.
(…)
Falsas no sentido em que nunca foram notícia em plataforma
alguma (…) e falsas no sentido em que davam conta de factos que não
aconteceram.
(…)
Tanto
o grupo Renascença como o jornal PÚBLICO já confirmaram publicamente este
facto: foram alvo de notícias falsas difundidas por André Ventura.
(…)
Mas Ventura não apagou.
(…)
A atitude não surpreende, vindo de alguém que é apanhado a
mentir quase diariamente.
(…)
Já sabemos, ou temos obrigação de saber, que Ventura mente e
usa a mentira sem qualquer hesitação ou pudor.
(…)
O que
quero dizer é que acharíamos todos que a conduta de Ventura deveria configurar
um crime e que tudo se passaria nessa conformidade.
(…)
Perante isto, o legislador português deve atuar. Um novo tipo
de crime, que vise especificamente estas condutas, deve ser criado.
(…)
Ventura
divulgou factos falsos com o conhecimento de o serem e fê-lo de forma deliberada
e apta a enganar as pessoas.
(…)
Mais
do que a honra ou o bom nome de alguém ou de alguma instituição, as notícias
falsas que divulgou provocam danos no Estado de direito.
(…)
Uma
das notícias dava conta de milhares de inscritos na JMJ desaparecidos e de um
especialista que afirmava tratar-se de imigração ilegal.
(…)
André
Ventura inventa notícias para instigar ao medo e ao ódio contra pessoas destes
países, pessoas que está a acusar de se terem feito passar por peregrinos para
ardilosamente entrarem em Portugal.
(…)
[Ventura] revela não ter quaisquer princípios ou valores
morais e ser capaz de tudo, mas tudo, para conseguir votos.
(…)
[Ventura é portador de uma] impunidade de quem faz da falta
de carácter um estilo político e da mentira uma prática quotidiana.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Depois
do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior ter instituído a
passagem das universidades a fundações públicas, de direito privado, o Governo
vem agora reforçar o processo de mercantilização do Ensino Superior público,
querendo alterar o respectivo modelo de financiamento.
(…)
Sob o
proclamatório propósito de o novo modelo vir a “fortalecer o papel das
instituições de ensino superior no desenvolvimento dos territórios onde se
encontram inseridas”, esconde-se, afinal, a intenção de desresponsabilizar o
Estado, uma vez mais, da obrigação de financiar o ensino superior.
(…)
Como
pretende o Governo salvaguardar a independência científica das universidades e
dos politécnicos, já que, legitimamente, os investidores quererão ter retorno
do seu aporte financeiro?
(…)
Mas as
consequências também são óbvias: são os interesses privados que, crescentemente,
irão influenciar o que se investiga nas instituições e irão pressionar para que
o esforço de ensino se concentre nas áreas e nos cursos que mais interessam às
suas actividades.
(…)
Paulatinamente,
a universidade, instituição por natureza produtora de conhecimento, abstracto
ou aplicado, vem-se afastando da erudição, fonte de cultura, para se entregar
ao utilitário, gerador de ganhos económicos imediatos.
(…)
A
mesma tendência é facilmente identificável nas reformas curriculares em curso
no ensino básico e secundário, onde o valor intrínseco do estudo das
humanidades, designadamente da Filosofia, da História e da Literatura, foi
substituído pelo valor instrumental e imediato de questões menores.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
A Igreja Católica, liderada pelo Papa Francisco, vive um
momento delicado.
(…)
A
falta de conhecimentos científicos das sociedades que nos precederam criou as
suas divindades como sendo portadoras e geradoras de mistérios que os humanos
não atingiam.
(…)
As diversas religiões funcionaram muitas vezes como travões
ao despertar e à curiosidade humana.
(…)
Hoje a discriminação ainda se mantém em relação ao papel das
mulheres e aos homossexuais, apesar de Francisco.
(…)
[A fé
religiosa é] uma procura, mesmo que inconsciente, para dar sustento à razão de
ser face ao descalabro do mundo - pobreza, fome, crise climática e guerra na
Ucrânia.
(…)
Os poderes dominantes pretendem transformar o ser humano num
ser anestesiado.
(…)
Francisco,
conhecedor profundo do mundo, aponta novos caminhos, aos crentes, em primeiro
lugar, mas também a outras confissões religiosas e aos não crentes.
(…)
[O
Papa Francisco] tem a coragem de se pronunciar pela abolição das armas
nucleares e de se empenhar na defesa da paz na Europa e na denúncia das
políticas anti-imigração.
(…)
As
suas palavras são marcas indeléveis do seu papel e do que ele pretende para a
Igreja enquanto instituição e Estado.
(…)
[Francisco]
tem consciência de que os tempos são difíceis para os católicos se a juventude
não arriscar e despertar para as condições em que a imensíssima maioria da
população vive.
(…)
Os banqueiros, quase todos assumidamente praticantes [da
avareza], vão para o Inferno com as suas muitas condecorações?
(…)
[Francisco sabe] que há um mundo à espera dos que foram à JMJ
e dos que a seguiram com atenção.
Domingos Lopes, “Público” (sem link)
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