(…)
A maioria absoluta reaprovará a legislação, renovando as
críticas dos vários lados.
(…)
Em 2024 não haverá as 26 mil casas prometidas solenemente por
Costa em campanha eleitoral tanto em 2019 quanto em 2022.
(…)
Não se comemorarão os cinquenta anos do 25 de Abril com a
solução do problema mais urgente da habitação.
(…)
No final deste mandato, os preços e as rendas continuarão a
destacar as nossas cidades entre as mais caras da Europa.
(…)
Destruir a saúde pública e criar a espiral imobiliária serão
as duas heranças em que o Governo parece ter mais empenho.
(…)
Há quem se pergunte a razão para o Governo se meter nesta
alhada.
(…)
Pois terminada essa saga, ficou um pacote pastilha-elástica.
(…)
No meio de tudo isto, a persistência dos Vistos Gold
tornou-se um dos mais fascinantes tabus do regime, sobrevivendo aos escândalos,
à revelação de redes mafiosas, à exibição dos casos, e ultrapassando promessas
ferozes dos governantes.
(…)
Em resumo, o Governo defende energicamente as condições que
garantem a continuidade dos preços altos.
(…)
Dá vergonha ver os preços das casas em Madrid ou Barcelona,
ou Roma ou Berlim e compará-las com Lisboa e Porto.
Francisco Louçã, “Expresso” online
(sem link)
Quem vive e vota em Oeiras é muitas vezes acusado de não se
importar com a corrupção, elegendo sucessivamente um homem que já foi condenado
e cumpriu pena de prisão efetiva por fuga ao fisco e branqueamento de capitais.
(…)
Quando, em 2020, comecei a reunir-me com conhecidos e
vizinhos de Oeiras para falarmos sobre o nosso concelho, uma das principais
questões que nos uniu foi precisamente a questão da transparência e a
necessidade de combater a corrupção e infrações conexas na política local.
(…)
93% da população em Portugal considera a corrupção uma
prática generalizada no país, face a uma média de 70% da União Europeia.
(…)
Sabemos que durante muitos anos houve alguma tolerância
social em Portugal para com determinadas práticas de corrupção lato sensu.
(…)
Na sondagem ICS/ISCTE para o Expresso e para a SIC de junho,
87% dos inquiridos manifestam-se insatisfeitos com o combate à corrupção.
(…)
Mas, se estamos preocupados, e queremos combater a corrupção,
não podemos aceitar como normais comportamentos que, na realidade, são lesivos
para o bem comum.
(…)
O que é normal, no sentido de habitual, não quer dizer que
seja legal, ou sequer que seja o correto do ponto de vista ético.
(…)
A verdade é que também existe, na prática, corrupção que não
está tipificada como crime, como o conflito de interesses e as chamadas
"portas giratórias”.
(…)
Esta semana ficámos a saber que o fundo de maneio do presidente
da Câmara Municipal de Oeiras é usado na sua maioria para refeições, muitas
delas faustosas.
(…)
Será ético, ou mesmo legal, haver várias faturas (num dos
casos, quatro) de almoços em restaurantes diferentes em nome do mesmo autarca
no mesmo dia?
(…)
O facto é que na gestão do Executivo de Isaltino temos
inúmeros exemplos cuja legalidade, e sobretudo cuja ética, é questionável.
(…)
Na luta contra a corrupção é preciso o esforço e a
determinação de todos. Desde logo, dos jornalistas, que têm um papel fundamental
na democracia, sendo o jornalismo um dos seus pilares.
(…)
De todos os políticos e políticas, independentemente do campo
ideológico, que não se revejam em práticas lesivas do interesse público e numa
forma de fazer política opaca e autoritária.
(…)
Mas também dos cidadãos, que devem exercer a sua cidadania de
forma crítica, exigente e bem informada, nunca superficial ou justicialista.
(…)
Em Oeiras, como no resto do país, não podemos permitir que
nos enfiem goela abaixo o fado de que nada há a fazer, ou de que os políticos
são todos iguais.
(…)
Mas, não basta indignar-nos, é preciso agir e ser coerente
nas urnas com esse desígnio de transparência.
Carla Castelo, “Expresso” online
Quem
avaliar a proposta através das reações destes partidos e de outras organizações
justamente conotadas com princípios de direita chega à conclusão que se trata
de um diploma de esquerda radical, marxista ou comunista.
(…)
Aqui está [por parte da IL] uma outra maneira de fazer
combate político: fazer queixas do socialismo que para aqui vai às instâncias
europeias.
(…)
Nestes
setores [associações de proprietários e de
alojamento local], todos estão contra o pacote Mais Habitação e é
unânime a interpretação de que constitui uma legislação vincadamente de
esquerda.
(…)
Este
pacote prevê a preservação de um quadro legislativo que favorece e estimula a
iniciativa privada, valoriza o funcionamento do mercado imobiliário como
solução para o problema da habitação e não o investimento público.
(…)
Mais:
esta proposta não se atreveu a interferir com a famosa “lei Cristas”, que
agilizou despejos e fomentou a especulação imobiliária, e afinal vai manter os
“vistos gold”
(…)
A sério
que chamam a isto marxismo?
(…)
O Governo está simplesmente a dar cumprimento a uma obrigação
já prevista na lei.
(…)
Graças a estas acusações [da direita nervosa] fica dispensado
de prosseguir políticas mais difíceis e fica muito bem visto perante o seu
eleitorado.
(…)
É sobretudo grave para os portugueses que precisam de
respostas ao gravíssimo problema de habitação que atravessam.
(…)
O pacote Mais Habitação precisa do contributo destes partidos
[à esquerda do PS] para dar respostas a essas pessoas.
(…)
O
grande desafio do Bloco e do PCP é conseguir furar esta narrativa de que o PS
prossegue políticas socialistas e reclamar a sua identidade.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Nada mudará nos problemas da habitação com este pacote do
Governo.
(…)
Ter uma vida sem sobressaltos e sem medo de ficar sem teto
continuará a ser uma miragem para centenas de milhares de pessoas.
(…)
[Marcelo] não se incomoda com os benefícios fiscais ao
imobiliário e com a ausência de regulação para travar a expansão do Alojamento
Local (AL).
(…)
[Um governo de esquerda] faria o oposto, nos conteúdos, do
que o PS propõe com este programa.
(…)
E já se sabe, entretanto, que as carências habitacionais
extremas são em dimensão muito superior: pelo menos 77 mil famílias a viver em
condições indignas.
(…)
No Alojamento Local, que tem canibalizado os fogos
disponíveis e contraído a oferta de arrendamento para habitação permanente, o
programa foi de recuo em recuo.
(…)
A pressão sobre os centros das cidades vai manter-se e não
haverá retração do número de casas retiradas à habitação para o negócio do
turismo.
(…)
O direito à habitação continuará submetido à lógica do
mercado que o nega para uma grande fatia da população.
José Soeiro, “Expresso” online
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