sábado, 26 de agosto de 2023

MAIS CITAÇÕES (246)

 
O maior problema do Mais Habitação não são as medidas supostamente polémicas, mas a escassez de resultados que o Governo apresenta ao fim de sete anos. 

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Mas continuamos a ter Estado a menos, e isso não vai mudar.

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O padrão normal, nas cidades do Norte da Europa, é que pelo menos 25% do total de casas sejam oferta pública ou cooperativa, a preços acessíveis.

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Em Lisboa e no Porto não chegam a 10% (2% no país).

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Os jovens e as classes médias dos países industrializados têm cada vez mais dificuldade em encontrar casa compatível com a sua bolsa.

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Só nos últimos dois anos, as rendas cresceram 50% em Lisboa e no Porto.

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Como [o licenciamento simplificado dos projetos urbanísticos é liberalizador], teve o aplauso de quem tem acesso ao país mediático, o único a que o Presidente presta atenção. Neste caso, dispensou todos os consensos.

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O controlo do aumento das rendas, chamado de “socialista”, “comunista” e “chavista”, está em vigor em 13 dos 27 países da UE e em conhecidos regimes marxistas, como a Suíça, o Reino Unido e a Noruega. 

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As propostas relativas ao AL ou ao arrendamento compulsivo existem em países governados por liberais, como a Dinamarca ou os Países Baixos.

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Quando elas [as chamadas reformas estruturais] se afastam do que a direita radicalizada defende, exigem-se “acordos de regime”.

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Não há “choque rápido” que resolva esta crise até 2026, porque o epicentro do abalo não é o aumento dos juros.

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Muito antes de o BCE subir as taxas já os preços estavam muitíssimo acima dos bolsos dos portugueses. 

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Como lembrou o arquiteto Tiago Mota Saraiva, mesmo construindo menos na última década (…), 13% das novas casas estão vazias.

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Regular as rendas e limitar novas unidades de AL é óbvio, aceite por essa Europa fora sem que se anuncie a tomada do Palácio de Inverno.

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A prioridade deveria ser a de garantir níveis de investimento europeus na habitação.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Há áreas da nossa vida em sociedade [como na saúde e habitação] em que se conjugam insuficiências da ação governativa e do Estado (…), com práticas privadas desrespeitadoras de princípios e valores da democracia.

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Mete medo sabermos que, nas praças de jorna que contratam médicos à tarefa, é atribuído um valor remuneratório mais elevado às horas trabalhadas por aqueles que mais altas passam aos doentes.

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A ganância e a impunidade dos interesses privados sobrepõem-se ao direito à vida.

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E todos os governantes sabem que as políticas se desenham e efetivam por ação ou por inação.

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Os custos atuais da habitação são insuportáveis para grande parte das famílias portuguesas e, para a esmagadora maioria dos jovens, bloqueadoras da organização das suas vidas.

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O Governo e a maioria parlamentar que o apoia podiam dar passos para a resolução do problema, mas optaram por aprovar um conjunto de medidas, em muitos casos tímidas, noutros contraditórias.

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Haverá soluções mantendo-se as atuais políticas no turismo e na construção e a espiral especulativa a elas associada? Não! 

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 É possível os jovens terem acesso a habitação sem uma radical melhoria dos seus salários? Não!

Carvalho da Silva, JN

 

Os incêndios rurais são um dos tipos de situações (outro é, por exemplo, os acidentes de trabalho) em que uma característica do tratamento habitual pelas televisões é a de que a pedagogia preventiva obtida é inversamente proporcional ao sensacionalismo e histeria criada.

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Tal como nos acidentes de trabalho a “certeza” nas causas tende a ser a “culpa do trabalhador”, no caso dos incêndios rurais, a “certeza" imediata é, por regra, a da “mão criminosa”.

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De facto, já (quase) nos habituámos a darmo-nos por satisfeitos com a explicação do “erro humano” ou do “crime”, da “culpa” individual em muitos domínios. Um deles é o dos incêndios rurais.

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Assim, dispensam-se perguntas sobre condições contextuais.

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Mais importante que saber se houve “mão criminosa” nos incêndios rurais é saber se não houve falta de “mão”. “Falta de mão”, no sentido de ali não haver, no devido tempo, espaço e modo, falta de prevenção.

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Neste como noutros domínios, a “mão criminosa” como paradigma preponderante pode ser, como certamente já tem sido, o manto negro que escamoteia outras responsabilidades

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Polarizando exclusivamente nele [mão criminosa] o enfoque, desviar a atenção de falhas ou deficiências da (na) prevenção que, a assim não serem (bem) supridas ou corrigidas, vão permitir a ocorrência de mais incêndios.

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A “mão criminosa” nos incêndios rurais não pode passar a pressuposto de regra como base da teoria do incendiarismo.

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[Há pouca esperança de] que a mão preventiva prepondere sobre a “mão criminosa”, isto é, visando essencialmente a pedagogia da sua prevenção, o interesse público.

João Fraga de Oliveira, “Público” (sem link)

 

Portugal sempre foi um país de emigração.

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[Temos] uma sociedade envelhecida, baixa taxa de natalidade e um êxodo de jovens que procuram melhores condições de vida e mais realização profissional.

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Por isso, precisamos de mais população, sendo a imigração a solução mais rápida.

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Mas precisamos de políticas de imigração e uma estratégia para que o resultado do influxo populacional seja positivo.

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Sabendo que precisamos de muitos imigrantes. O estranho é não nos termos preparado para isso.

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Os estrangeiros que trazem riqueza são bem-vindos, os outros, com quem temos de partilhar, apesar de a ajudarem a criar têm outro tratamento.

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Há uma perceção, tendencialmente anedótica, de que Portugal foi invadido por estrangeiros, especialmente brasileiros.

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Isto está a criar uma perceção que começa a ser verbalizada nos discursos.

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Quando os recursos ficam em causa, as nossas fragilidades alimentam ainda mais a xenofobia.

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Os casos concretos de escassez na própria habitação, vai alimentando a perceção de invasão e perda de qualidade de vida associada a uma partilha forçada.

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As pessoas convictas, mesmo sem fundamentação absoluta, são capazes de tudo.

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Mas continuamos a ignorar o problema, sem realmente perceber, enquanto a xenofobia se vai normalizando.

Micael Sousa, “Diário de Coimbra” (sem link)


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