(…)
Pensarão
os seus colegas Bolsonaro e Zelensky, que se perfilaram na tomada de posse, que
a receita é universal? A resposta é afirmativa.
(…)
Os
liberais, que se definem unicamente pelo projeto da redução de impostos para os
mais ricos, são protecionistas (Trump) e autoritários (Bolsonaro, Milei)
(…)
Transformam
a sociedade no pandemónio do salve-se quem puder, como na habitação.
(…)
Defendem
a liberalização do trabalho e opõem-se à imigração no país que foi feito por
imigrantes, os Estados Unidos, ou noutros.
(…)
São
nacionalistas xenófobos e internacionalistas da finança.
(…)
[O
liberalismo] absorve a direita tradicional no vórtice e o centro procura
credibilizar-se com cortes sociais, chamando-lhes perversamente “contas certas”.
(…)
Liberais
repressivos, partidários do mercado livre que são protecionistas, democratas
exterministas, economia medida pelo investimento em armamento, vai assim o
regime.
(…)
A
outra guerra, a de Gaza, permitiu a Netanyahu, à frente de um Governo que seria
visto em qualquer país europeu como um ataque de zombies, promover um massacre
que só tem paralelo com outras chacinas rácicas.
(…)
Esta
banalização do mal é o caldo da extrema-direita, que não é o resultado de
qualquer particularidade cultural ou entretenimento folclórico.
(…)
A
ministra Petrovello e Milei, ou Netanyahu ou Meloni, não são maçãs
extravagantes no cesto político, são o trivial desta vaga e é o que explica o
seu sucesso.
(…)
A
finança, que rege o mundo, quer medo e os bufões são os seus arautos.
(…)
Nas
eleições europeias (…) contaremos os votos que podem levar esta vaga de
xenofobia e racismo social a vitórias em Itália, França, Países Baixos,
Áustria, Alemanha.
(…)
[A
bufonaria] tem que distrair e aterrorizar, não precisa de convencer. Não recua.
(…)
Se
alguém pensa que se pode enfrentar o perigo com um regime cerimonioso, assente
num centro que vende os princípios que são o pilar da democracia, cedo saberá
do engano.
(…)
A
bufonaria tem um programa social: recusa da transição energética, choque de
gerações, discriminação de mulheres ou de imigrantes e a bagatela da violência.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Para
que haja uma hipótese de manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5
ºC, a era do carvão, do petróleo e do gás tem de acabar.
(…)
Ao
concordar com a “transição para o abandono da utilização de combustíveis
fósseis”, a COP28 representou a primeira vez que estes foram incluídos num
texto da ONU sobre as alterações climáticas.
(…)
No
entanto, uma análise mais atenta do texto revela uma “longa lista de lacunas” e
de escapatórias que permitirão à indústria prosseguir como até aqui, e, ao
mesmo tempo, anunciar que está a fazer o combate justo.
(…)
Garantir
que o acordo é verdadeiramente histórico significa que temos de garantir que a
política climática não seja cooptada pela indústria dos combustíveis fósseis.
(…)
A nomeação de Al Jaber, diretor executivo da Abu Dhabi
National Oil Company (ADNOC), como presidente da COP28 [trouxe] um
conflito de interesses gritante.
(…)
A indústria dos combustíveis fósseis ao comando das
conversações.
(…)
No
início da primeira semana, a coligação Kick Big Polluters Out (Expulsem os
Grandes Poluidores) revelou que o número de lobistas dos combustíveis fósseis
presentes na COP28 era quase quatro vezes superior ao do ano anterior.
(…)
A indústria [petrolífera] estava lá para reabilitar a sua
imagem como parte da solução.
(…)
São tantas [as lacunas do texto] que até as grandes empresas
do petróleo e do gás louvaram o resultado.
(…)
Para
tornar o resultado da COP28 verdadeiramente “histórico”, temos de libertar as
negociações — e os nossos sistemas políticos e económicos — das garras oleosas
da indústria dos combustíveis fósseis.
(…)
A campanha
Kick Big Polluters Out está a lutar por uma política de prevenção de conflito
de interesses para proteger as conversações e as nossas capitais da interferência
dos combustíveis fósseis.
Pascoe Sabido, “Público” (sem link)
Como
neste e noutros crimes anteriores, juntaram-se as vozes a pedir uma
investigação rigorosa e a apresentação dos culpados à justiça, mas poucos
acreditam que o crime contra [o jornalista] Chamusse tenha outro desfecho que a
impunidade.
(…)
Em Moçambique, mata-se porque compensa, dado que raramente os
verdadeiros autores são castigados.
(…)
Os canários
que alertam para o cheiro pútrido dos negócios públicos ou privados vivem
desprotegidos.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Mataram-lhe
a mulher, um filho de 15 anos, uma filha de sete anos e um neto (que ele
transportou nos braços para as urgências) e continuou a relatar em frente à
câmara o que se passa na Faixa de Gaza bombardeada de forma inclemente pelas
Forças de Defesa de Israel desde 7 de Outubro.
(…)
Na
passada sexta-feira, Israel disparou um míssil que atingiu o carro onde seguia
depois de uma reportagem, tendo o seu operador de câmara morrido.
(…)
A dor de Wael Dahdouh, chefe da delegação em língua árabe da
Al-Jazeera na Faixa de Gaza, correu mundo.
(…)
[Na Faixa de Gaza] já foram mortos 68 jornalistas desde
7 de Outubro.
(…)
[Este jornalista Wael Dahdouh que] Israel prendeu ainda
adolescente e que passou sete anos na cadeia.
(…)
Num
vídeo publicado nas redes sociais a 26 de Outubro, um dia depois da morte dos
seus familiares, Dahdouh explicava que “voltar ao trabalho o mais rápido possível”
era uma questão “de dever”.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Na
prática, o dito imposto único [IRS], nascido em 1988 “à luz das modernas
exigências”, para distribuir a carga fiscal “segundo um esquema racional de
progressividade” nem é único, nem racional, nem progressivo: as “modernas
exigências” foram às urtigas.
(…)
Voltámos ao sistema desconchavado, em que cada fonte de
rendimento tem o seu tratamento fiscal.
(…)
Talvez
a consequência mais perniciosa desta erosão dos princípios fundadores do IRS
seja a nossa incapacidade para discutirmos a progressividade do imposto.
Susana Peralta, “Público”
(sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário