sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

CITAÇÕES

 
Se [2023] deixa uma certeza, é de que todos os fatores de tensão que revelou só se podem agravar em 2024.

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A primeira é a mais evidente: vivemos uma crise de regime. 

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Por uma razão essencial, a hegemonia só é conseguida pela brutalização das relações sociais.

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A lista é imensa: [desde a] precarização e degradação salarial das qualificações, ou a marginalização dos jovens (…) [até] à banalização do mal e dos seus títeres, de que Netanyahu é agora a forma mais eloquente. 

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Em comum está a criação de insegurança para a maioria das pessoas.

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Quanto mais agravam a crise do regime que fez o seu poder, mais espaço encontram para a bufonaria.

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Este movimento é impulsionado pela monstruosidade das regras europeias.

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Passámos do pagamento a Erdogan para prender imigrantes ao sepulcro silencioso dos imigrantes no Mediterrâneo, e Meloni chegou ao poder. 

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Do que não há dúvida é que o sucesso deste liberalismo [com a uniformização liberal do centro] é medido pela desorganização dos hospitais portugueses ou pela espiral dos preços da habitação: o mercado funciona mesmo, só que não para as pessoas. 

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Enfrentar o liberalismo é a condição da democracia.

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A invasão da Ucrânia pelo exército de Putin (…) despertou a obediência ao que é visto como um fator de resistência a Washington.

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Seve-se fechar os olhos ao reacionarismo religioso de Putin, ou ao seu ataque aos direitos das mulheres? (…). Pode-se aceitar o princípio do partido único ou a repressão do direito de opinião?

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Aceitar estas regras não é a condição da esquerda, é a sua agonia.

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Só há democracia com soberania nacional e a ideia de uma democracia internacional tem sido uma fraude que anula a base da decisão popular, recusando a autodeterminação das nações.

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Sem políticas inclusivas, sem horizonte de futuro, sem pragmatismo na defesa prioritária dos bens públicos que afetam a vida da maioria da população, sem compromisso democrático mobilizador, a esquerda perderia o sentido.

Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)

 

À esquerda e à direita, ouvimos palavras sentidas de apreço e reconhecimento pelas qualidades de Odete Santos e pelas lutas que travou.

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Era uma mulher autêntica.

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Defendia apenas aquilo em que acreditava, e acreditava em coisas boas, como os direitos das mulheres e a causa dos trabalhadores.

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Ninguém poderia aborrecer-se a ouvir ou a olhar para Odete Santos.

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Comunista é um substantivo, mas cresci a ouvir a palavra ser usada como adjetivo e não num sentido elogioso.

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Existe um sentimento anticomunista profundamente enraizado em Portugal.

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Assimilámos os preconceitos da Guerra Fria e diabolizamos pessoas que são provavelmente as melhores entre nós.

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Afeiçoei-me à vida da social-democracia europeia.

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[Odete Santos] foi cedo e deixou um lugar impossível de preencher.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

A Substack, uma plataforma norte-americana para distribuição de newsletters, tem a ambição de desempenhar um papel importante na campanha eleitoral dos Estados Unidos de 2024.

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A Substack transformou-se num paraíso para a extrema-direita, de supremacistas brancos a nazis, passando por nostálgicos confederados.

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Hamish McKenzie, um dos co-fundadores, publicou uma mensagem a defender a posição da plataforma de não interferir na liberdade de expressão, garantindo que censurar as opiniões extremas apenas serve para lhes dar mais força.

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McKenzie usou os mesmos argumentos a que a extrema-direita recorre para defender o seu discurso de ódio, racista, xenófobo, antidemocrático: o direito à liberdade de expressão.

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Os fundadores da Substack sublinham que “submeter as ideias a um discurso aberto é a melhor maneira de retirar o poder às más ideias”. O que a prática tem demonstrado é que se trata de uma falácia.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

A Human Rights Watch denunciou que a Meta, a empresa que detém o Instagram e o Facebook, tem aplicado uma política sistemática de censura das publicações favoráveis aos palestinianos.

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 “A HRW descobriu que a censura de conteúdo relacionada com a Palestina no Instagram e no Facebook é sistémica e global”, refere a organização em comunicado.

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Esta censura à liberdade de expressão pró-palestiniana estende-se aos media e aos meios académicos nos Estados Unidos. O Democracy Now! chama-lhe a “excepção palestiniana”.

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Recentemente o New York Times falava em “sinais crescentes de que as faculdades estão a começar a reprimir protestos e iniciativas pró-palestinianas nos campus, à medida que as instituições enfrentam a pressão de doadores, antigos alunos e políticos, furiosos com aquilo que dizem ser uma campanha anti-semita contra os judeus”.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

A escritora e activista indiana Arundhati Roy chamava a atenção recentemente (…) que hoje a informação, e a sua difusão, não está nas mãos dos media, mas sob controlo das empresas de tecnologia.

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Isso contribui para (…) as pessoas no mundo inteiro estarem aparentemente a votar “para ficar sem poder”.

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O poder de uma empresa como a Meta em termos globais é astronómico.

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A escritora indiana acredita que esse poder incomensurável acabará por resultar em revoluções, quando as novas gerações se rebelarem contra esse controlo excessivo por empresas privadas.

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No entanto, o desenvolvimento da inteligência artificial poderá tornar-nos ainda mais dependentes, se não for das empresas, dos governos.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

Os portugueses preparam-se para receber a mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa com um grau de desconfiança que nunca sentiram pela mais alta figura do Estado. 

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[Existe] um sentimento geral de desconfiança que já nem alguma benevolência disfarça.

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As pessoas não suportam sentir-se traídas.

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Marcelo é vítima dos afectos que criou. Conquistou pelo coração e pode morrer por ele.

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Entre dois blocos opostos mas sem uma argamassa firme que cole a vertigem da extrema-direita ao poder, Marcelo ainda poderá ser chamado à responsabilidade de vedar o caminho aos aventureirismos que impulsionou este ano. 

Miguel Guedes, JN


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