(…)
A primeira é a mais evidente: vivemos uma crise de regime.
(…)
Por uma razão essencial, a hegemonia só é conseguida pela
brutalização das relações sociais.
(…)
A lista é imensa: [desde a] precarização e degradação
salarial das qualificações, ou a marginalização dos jovens (…) [até] à banalização
do mal e dos seus títeres, de que Netanyahu é agora a forma mais eloquente.
(…)
Em comum está a criação de insegurança para a maioria das pessoas.
(…)
Quanto mais agravam a crise do regime que fez o seu poder, mais
espaço encontram para a bufonaria.
(…)
Este movimento é impulsionado pela monstruosidade das regras
europeias.
(…)
Passámos do pagamento a Erdogan para prender imigrantes ao
sepulcro silencioso dos imigrantes no Mediterrâneo, e Meloni chegou ao poder.
(…)
Do que não há dúvida é que o sucesso deste liberalismo [com a
uniformização liberal do centro] é medido pela desorganização dos hospitais
portugueses ou pela espiral dos preços da habitação: o mercado funciona mesmo,
só que não para as pessoas.
(…)
Enfrentar o liberalismo é a condição da democracia.
(…)
A invasão da Ucrânia pelo exército de Putin (…) despertou a
obediência ao que é visto como um fator de resistência a Washington.
(…)
Seve-se fechar os olhos ao reacionarismo religioso de Putin, ou ao
seu ataque aos direitos das mulheres? (…). Pode-se aceitar o princípio
do partido único ou a repressão do direito de opinião?
(…)
Aceitar estas regras não é a condição da esquerda, é a sua agonia.
(…)
Só há democracia com soberania nacional e a ideia de uma
democracia internacional tem sido uma fraude que anula a base da decisão
popular, recusando a autodeterminação das nações.
(…)
Sem políticas inclusivas, sem horizonte de futuro, sem pragmatismo
na defesa prioritária dos bens públicos que afetam a vida da maioria da
população, sem compromisso democrático mobilizador, a esquerda perderia o
sentido.
Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)
À
esquerda e à direita, ouvimos palavras sentidas de apreço e reconhecimento pelas
qualidades de Odete Santos e pelas lutas que travou.
(…)
Era uma mulher autêntica.
(…)
Defendia
apenas aquilo em que acreditava, e acreditava em coisas boas, como os direitos
das mulheres e a causa dos trabalhadores.
(…)
Ninguém poderia aborrecer-se a ouvir ou a olhar
para Odete Santos.
(…)
Comunista é um substantivo, mas cresci a ouvir
a palavra ser usada como adjetivo e não num sentido elogioso.
(…)
Existe um sentimento anticomunista
profundamente enraizado em Portugal.
(…)
Assimilámos os preconceitos da Guerra Fria e
diabolizamos pessoas que são provavelmente as melhores entre nós.
(…)
Afeiçoei-me à vida da social-democracia
europeia.
(…)
[Odete Santos] foi cedo e deixou um lugar
impossível de preencher.
Carmo Afonso, “Público”
(sem link)
A
Substack, uma plataforma norte-americana para distribuição de newsletters, tem
a ambição de desempenhar um papel importante na campanha eleitoral dos Estados
Unidos de 2024.
(…)
A Substack transformou-se num paraíso para a
extrema-direita, de supremacistas brancos a nazis, passando por nostálgicos
confederados.
(…)
Hamish
McKenzie, um dos co-fundadores, publicou uma mensagem a defender a posição da
plataforma de não interferir na liberdade de expressão, garantindo que censurar
as opiniões extremas apenas serve para lhes dar mais força.
(…)
McKenzie
usou os mesmos argumentos a que a extrema-direita recorre para defender o seu
discurso de ódio, racista, xenófobo, antidemocrático: o direito à liberdade de
expressão.
(…)
Os fundadores
da Substack sublinham que “submeter as ideias a um discurso aberto é a melhor
maneira de retirar o poder às más ideias”. O que a prática tem demonstrado é
que se trata de uma falácia.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
A
Human Rights Watch denunciou que a Meta, a empresa que detém o Instagram e o
Facebook, tem aplicado uma política sistemática de censura das publicações favoráveis
aos palestinianos.
(…)
“A HRW descobriu que a censura de conteúdo
relacionada com a Palestina no Instagram e no Facebook é sistémica e global”,
refere a organização em comunicado.
(…)
Esta
censura à liberdade de expressão pró-palestiniana estende-se aos media e aos
meios académicos nos Estados Unidos. O Democracy Now! chama-lhe a “excepção
palestiniana”.
(…)
Recentemente
o New York Times falava em “sinais crescentes de que as faculdades estão a
começar a reprimir protestos e iniciativas pró-palestinianas nos campus, à
medida que as instituições enfrentam a pressão de doadores, antigos alunos e
políticos, furiosos com aquilo que dizem ser uma campanha anti-semita contra os
judeus”.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
A escritora e activista indiana Arundhati Roy
chamava a atenção recentemente (…) que hoje a informação, e a
sua difusão, não está nas mãos dos media, mas sob controlo das empresas de
tecnologia.
(…)
Isso contribui para (…) as pessoas no
mundo inteiro estarem aparentemente a votar “para ficar sem poder”.
(…)
O poder de uma empresa como a Meta em termos
globais é astronómico.
(…)
A
escritora indiana acredita que esse poder incomensurável acabará por resultar
em revoluções, quando as novas gerações se rebelarem contra esse controlo excessivo
por empresas privadas.
(…)
No entanto, o desenvolvimento da inteligência
artificial poderá tornar-nos ainda mais dependentes, se não for das empresas,
dos governos.
António Rodrigues, “Público”
(sem link)
Os portugueses preparam-se para receber a mensagem de Marcelo
Rebelo de Sousa com um grau de desconfiança que nunca sentiram pela mais alta
figura do Estado.
(…)
[Existe] um sentimento geral de desconfiança que já nem
alguma benevolência disfarça.
(…)
As pessoas não suportam sentir-se traídas.
(…)
Marcelo é vítima dos afectos que criou. Conquistou pelo
coração e pode morrer por ele.
(…)
Entre dois blocos opostos mas sem uma argamassa firme que
cole a vertigem da extrema-direita ao poder, Marcelo ainda poderá ser chamado à
responsabilidade de vedar o caminho aos aventureirismos que impulsionou este
ano.
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