(…)
Os
acionistas [dos CTT] já receberam mais de 40% do que pagaram ao Estado apesar
da empresa valer menos.
(…)
Quanto
à TAP, privatizada à 25ª hora, sabe-se que Neeleman comprou o cão com o pelo do
cão, através de um negócio com a Airbus, em que todos ficaram a ganhar menos a
empresa.
(…)
Já
Alfredo Casimiro comprou a Groundforce em 2012, mas só pagou os €3,7 milhões em
2018, depois de ter recebido €7,6 milhões em comissões de gestão.
(…)
Foi
este o padrão das privatizações da troika e de Passos: rendas garantidas,
retorno muito rápido e nenhuma atenção ao interesse nacional.
(…)
Numa
década, a Vinci já recebeu a totalidade do que pagou por meio século de
concessão e metade do valor global que investiu na privatização.
(…)
A
todas as exigências de renovação [do aeroporto de Lisboa], por mais
insignificantes que sejam, a Vinci tem resistido.
(…)
A ANA
foi vendida como uma renda. Sem esforço, os lucros dispararam, desde a
privatização, 2635%.
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A ANA
não quer gastar um cêntimo para garantir as infraestruturas aeroportuárias
adequadas, sem as quais o país perde três milhões por dia.
(…)
O
contrato de concessão negociado pelo “patriota” Passos Coelho deu à empresa o
direito de preferência de construção de um novo aeroporto na região de Lisboa e
de negociar com o Estado, em exclusivo, a sua localização.
(…)
A
Vinci aceita o Montijo porque é mais barato, mais rápido no retorno.
(…)
Alcochete
é uma opção racional para o país, irracional para quem tem uma estratégia
rentista.
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Se não
houver acordo, o Estado pode ter de resgatar uma concessão que deixa um país
que depende do turismo refém, por meio século, do monopólio de uma empresa
privada.
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O
grupo que o PSD criou para estudar o estudo da CTI inclui Miguel Pinto Luz, que
autorizou as cartas de confortos do Estado para a banca emprestar dinheiro à
TAP privada.
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Não
admira que o PSD não queira que a localização do novo aeroporto “contamine a
campanha”, deixando a sua posição para depois das eleições.
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Quanto
mais custarão ao futuro do país as carreiras dos profissionais das portas
giratórias?
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Não
existe nenhum país no mundo onde mulheres e homens partilhem os cuidados de
forma igual. Os dados apresentados resultam de um inquérito a que responderam
cerca de 12.000 pessoas em 17 países, incluindo Portugal.
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O que significa um mundo que coloca os cuidados no
centro das prioridades políticas e da vida quotidiana?
(…)
Será
um mundo em que todas as pessoas têm acesso a cuidados de saúde e educação, em
que se partilham os cuidados de forma igualitária, em que a licença parental
igual para todos os pais e mães seja a norma.
(…)
Ao
longo dos séculos as tarefas de cuidado têm sido assumidas sobretudo por
mulheres e raparigas, sendo consequentemente invisibilizadas e subvalorizadas,
não são remuneradas ou são mal remuneradas.
(…)
São
realizadas diariamente em todo o mundo mais de 16 mil milhões de horas de
trabalho de cuidado não remunerado – um montante que representaria 9 % do PIB
mundial.
(…)
Apesar
de se registarem progressos em alguns países, os números mostram que nos melhores
cenários as mulheres dedicam ainda 1,2 a 2 vezes mais de tempo com cuidados não
remunerados.
(…)
De
acordo com os dados, globalmente, os homens gastam apenas 19% do seu tempo
total de não-lazer em trabalho não remunerado, em comparação com 55% para as
mulheres.
(…)
A
pandemia fez-nos pensar mais seriamente sobre o significado do cuidado e sobre
a forma como este constitui a base da nossa vida.
(…)
Enquanto
o relatório sublinha alguns dos resultados positivos da investigação sobre os
papéis de homens e mulheres na prestação de cuidados e ou/partilha equitativa,
apresenta também as barreiras que impedem a participação igualitária na
prestação de cuidados.
(…)
Ou
seja, as barreiras persistem e são estruturais, tanto nas políticas como nas
normas sociais: custos dos serviços de cuidado; a falta de serviços públicos de
cuidado; a falta de licenças para cuidar; atitudes/políticas laborais.
(…)
Mas
apesar disto, temos que reconhecer os pequenos passos que estão a ser dados e o
seu potencial. Desde logo, a paternidade como catalisador para a mudança.
(…)
Atualmente
os pais e homens cuidadores estão cada vez mais envolvidos no bem-estar
emocional e na educação dos seus filhos e dependentes, desafiando as normas
tradicionais.
(…)
O cuidado é hoje um dos grandes fossos de desigualdade de
género – cuidemos de mudar isso.
Tatiana Moura e Alexandre Sousa
Carvalho, “Público” (sem
link)
O trabalho surge-nos, sempre, no centro de todas as grandes
questões da sociedade e no cerne da política. Relembre-se todos os dias: os
direitos fundamentais do trabalho são direitos humanos.
(…)
[O discurso de Saramago] de Estocolmo denuncia a fraca
concretização dos direitos humanos e apela a que, “tomemos, nós, cidadãos
comuns, a palavra e a iniciativa”, ou seja, os deveres de dar efetividade aos
direitos.
(…)
Em várias obras [Saramago] expôs dimensões da centralidade do
trabalho, inclusive a da alienação que, por vezes, também propicia.
(…)
Quem trabalha tem direito a não estar na pobreza, a poder
organizar a família e ter condições de habitação dignas.
(…)
Desengane-se quem, para eternizar baixos salários e
precariedade, afirma que os jovens gostam da “liberdade” de estar agora aqui,
logo ali.
(…)
Hoje, em Portugal, 85% dos jovens que trabalham afirmam que
não têm contrato permanente, somente porque não lhes é propiciado.
Kiana e Ali Rahmani, os dois filhos gémeos da ativista
iraniana Narges Mohammadi, receberam no último fim de semana o Prémio Nobel da
Paz em nome da Mãe, presa no Irão, pela sua luta humanitária não-violenta pela
liberdade e contra a opressão das mulheres iranianas.
(…)
É um dos símbolos da luta “Mulher, Vida, Liberdade” (“Zan,
Zendegi, Azadi”) que tem trazido para a rua milhares de mulheres iranianas, de
todas as idades, em protesto contra a opressão.
(…)
O fim do “hijab” – véu que cobre o cabelo e o corpo das
mulheres muçulmanas – tem sido uma das lutas mais importantes na revolução
pelos direitos das mulheres no Irão e uma das maiores bandeiras de Narges.
(…)
A atribuição do Nobel da Paz a Narges veio reforçar quão
importante e urgente é a luta destas mulheres e premiar a coragem incrível de
uma mulher capaz de abdicar da sua vida, liberdade e família, para lutar pelos
ideais em que acredita.
(…)
[Kiana, filha de Nerges] sabe que o mais certo é
o futuro passar pela ausência da Mãe, mas o futuro será certamente um lugar
mais justo, também, graças a esta mulher.
Marta Mendes, “diário as beiras”
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