À medida que se vão sentindo com mais força, por via da proteção que recebem dos governos, as grandes empresas e, nomeadamente, o grande capital financeiro vão perdendo a vergonha face a atitudes até há pouco impensáveis.
Os exemplos vêm de fora como aquele que há dois dias chegou até nós proveniente, imagine-se, da pátria da liberdade e da defesa dos direitos humanos: nos EUA está a generalizar-se a prática de muitas empresas pedirem os nomes de utilizador e as passwords aos seus candidatos e atuais funcionários. Trata-se da mais descarada violação da privacidade daqueles que usam redes sociais como o Facebook e o Twitter.
O texto seguinte, da autoria de Daniel Oliveira, que hoje podemos ler no “Expresso”, revela o desplante de uma entidade bancária perante a Universidade Lusófona quando está a ser renegociado com o BES o financiamento daquela empresa de ensino.
O NEGÓCIO DA CHANTAGEM
A Universidade Lusófona fez um apelo pouco ortodoxo aos seus colaboradores: que passassem a ser clientes do Banco Espírito Santo e que, além disso, aderissem a um determinado cartão daquela entidade bancária. A razão deste ‘pedido’ é simples: a Universidade em causa está a renegociar o financiamento do BES e sete exige, em troca, cem novas contas. E esta chantagem foi explicada, em carta e sem rodeios e secretismos, aos que trabalham para a Lusófona. A Universidade tinha oito dias para angariar cem novos clientes para o BES.
Não discuto aqui a legalidade desta forma de ‘marqueting’, que passa por fazer chantagem sobre empregadores para estes fazerem chantagem sobre empregados. Se é legal, não devia ser. Porque é imoral. Mas já nada me espanta. A crise económica deu todo o poder aos chantagistas. Na Europa e em Portugal, já quase todos aceitam a cobardia como um comportamento aceitável e até merecedor de louvor. A Europa faz chantagem sobre Portugal, o Governo faz chantagem sobre os portugueses, aos bancos fazem chantagem sobre as empresas, as empresas fazem chantagem sobre os trabalhadores. E o medo é a máquina que faz Portugal funcionar. O que o BES exige à Lusófona e a Lusófona exige aos seus colaboradores é apenas mais um episódio da nossa degradação moral. Quem pede, aproveita-se da crise. Quem deve, aceita e cala-se. E o exemplo, no abuso e na cobardia, vem de cima.
sábado, 31 de março de 2012
CAMINHAMOS PARA ONDE?
sexta-feira, 30 de março de 2012
GREVE GERAL EM ESPANHA - PARTICIPAÇÃO MACIÇA
Manifestação da CIG em La Coruña
Greve Geral, La Coruña
quinta-feira, 29 de março de 2012
quarta-feira, 28 de março de 2012
A REALIDADE É OUTRA
O texto seguinte não é da autoria de qualquer esquerdista encartado, mas de José Pacheco Pereira (que não necessita apresentações) e foi transcrito da edição da “Sábado” de 22/3/2012.
A sua leitura atenta permite-nos perceber que as notícias otimistas que a comunicação social do regime vai fazendo chegar às nossas casas têm pouca credibilidade. São uma nova versão dos “amanhãs que cantam” destinada a encobrir a triste realidade que nos cerca, como demonstra, por exemplo, o indicador da subida em flecha do desemprego, a permanência de Portugal num lugar do pódio do clube da bancarrota, os quase 300 mil desempregados que não recebem qualquer subsídio, ou a situação dramática em que se encontram cerca de 140 mil famílias que incorrem atualmente em processos de incumprimento por falta de pagamento do crédito à habitação.
O cansaço da crise e a propaganda
Há um mecanismo conhecido e que vem sempre em ajuda dos “especialistas” de propaganda de que os governos estão cheios e de que este não é excepção. Pessoas, habilidosos, assessores de imprensa, agências de comunicação e de marketing “político”. Esse mecanismo é a procura da novidade, que, quando não há, inventa-se. Depois o efeito conjugado do pack journalism e da moda fazem o resto. O resultado é a manipulação tentada da opinião pública por estes profissionais e depois ampliada pela incompetência dos media e pelo situacionismo face ao poder. Eu sei que é muita maleita ao mesmo tempo, mas é assim que as coisas funcionam. Os vícios atraem-se.
É o que se passa com a campanha em curso de que “a crise acabou”, a “crise já está a prazo”, ou seja, já se vê luz ao fundo do túnel. Esta campanha vem dos governantes, mas aí é natural que haja declarações optimistas, assim como também é óbvio que valorizam as escassas estatísticas favoráveis, como é o caso da subida das exportações e da descida das importações. É certo que o segundo caso é fruto da crise das pessoas, das famílias e, em particular das empresas, mas o resultado é positivo. Do mesmo modo, o pico da crise europeia parece ter-se transformado em planalto, e isso é também positivo.
Porém todos os outros indicadores são negativos e o que há wishful thinking sobre o futuro e a crença ilimitada num arranque milagroso da economia em 2013. O terreno para as festividades já está preparado quando governantes encontraram na travagem de alguns indicadores, ou sua ligeira inversão, os motivos para dizerem que “já se deu a volta”, quando na verdade apenas se estagnou a crise ou se desacelerou um pouco, porque já se bateu no fundo. Se não estamos a descer para o Inferno a toda a velocidade, nem por isso estamos a caminho de algum purgatório.
Na verdade, ninguém nos diz que o desemprego vai baixar, mas apenas que não vai crescer com a mesma velocidade, ninguém nos diz que a austeridade vai diminuir (alguma coisa haverá em vésperas de eleições), mas apenas que não vão ser precisas novas medidas, ninguém nos diz que os impostos vão baixar, a não ser sobre as empresas aí para 2014, e ninguém nos garante que vamos crescer mesmo, mas apenas que daqui a um ano deixaremos a recessão.
Ao propagandistas, supostos conhecedores daquilo que no passado se chamava a “psicologia das multidões”, sabem que há sempre um momento de cansaço da crise, um momento em que de tanto ouvirem falar em crise (eu digo falar, não de sentir, porque no sentir ainda estamos nos preliminares) desejam outras notícias, desejam alguma esperança, desejam acreditar nalguma possibilidade de não continuarem a sofrer ou de virem a sofrer mais. É o mais humano dos sentimentos e, como o tempo mediático faz sempre os exageros da desgraça antes das desgraças baterem à porta com força, “o que parece é”. Portanto, nesta base de desejo de conforto psicológico, constrói-se a manipulação. Ela não dura muito, nem pode ser repetida muitas vezes sem se voltar contra os seus autores, mas enquanto o pau vai e vem folgam as costas.
O desejo de novidade permanente que está no âmago dos mecanismos mediáticos faz o resto: as notícias de que a crise está a abrandar, está a termo, vai acabar, são hoje mais “novidade” do que qualquer outro indicador negativo que é “mais do mesmo”. Nas últimas duas semanas, foram conhecidos vários indicadores negativos, assim com declarações internacionais pessimistas sobre Portugal, mas a sua visibilidade mediática foi menor. A crise cansa, a crise deixou de ser novidade. A crise está a acabar. Ufa!
terça-feira, 27 de março de 2012
ESPANHA: GREVE GERAL 29 MARÇO
segunda-feira, 26 de março de 2012
NAUFRÁGIO
Não causa qualquer admiração a resistência contra a introdução de uma taxa sobre as transações financeiras. Essa oposição está a ter lugar, tanto no seio da coligação alemã como na própria UE. Afinal é bom recordar que o papel destas instituições é a defesa dos interesses do grande capital.
domingo, 25 de março de 2012
FMI RECONHECE ERRO
O FMI OU HÁ OUTRO CAMINHO
Restaurar a competitividade de um país (sem moeda ou indexada a uma moeda forte) através de uma desvalorização interna está provado que é um caminho difícil com muito poucos sucessos. Pensa o leitor que esta é uma afirmação feita por um opositor da troika e do caminho seguido por Portugal? Engana-se. Trata-se de uma caixa que acompanha o relatório da comissão do FMI sobre a Grécia, que aposta aliás no esforço de desvalorização interna. Só que a referida caixa, intitulada “Experiência internacional de desvalorizações internas” contradiz completamente a recomendação do relatório. E fá-lo sublinhando que as experiências conhecidas demonstram ser necessário a existência de vários fatores para que um processo destes tenha sucesso: economias abertas, com elevada mobilidade dos fatores e um elevado grau de flexibilidade dos preços e salários. Um baixo rácio da dívida pública, um Estado Social reduzido e circunstâncias externas favoráveis são também muito importantes num processo que será sempre “necessariamente doloroso”. Como é óbvio, conclui que “muitas das condições de sucesso faltam na Grécia”.
Um dos casos analisados é o da Argentina em 1998-2002, experiência que mostra que “uma economia pode ser lançada numa espiral recessiva, cujo ajustamento através da desvalorização interna se mostra impossível, sendo o único caminho para uma eventual recuperação declarar um default e abandonar a indexação cambial”. Após abandonar o programa do FMI, “bastou um trimestre para a economia embarcar numa recuperação rápida e sustentada”.
O documento demonstra que o caminho que estamos a seguir será sempre muito doloroso e o seu sucesso altamente improvável, devido às nossas más condições de partida. Podemos ignorar isto e persistir na atual orientação. Mas agora já ninguém pode dizer que não foi avisado.
sábado, 24 de março de 2012
PROGRAMA PIEGAS PARA A EMIGRAÇÃO
sexta-feira, 23 de março de 2012
NACH - RÉQUIEM (excelente!)
quinta-feira, 22 de março de 2012
A MARCA DE UMA PROVOCAÇÃO
Uma questão de marca
O presidente da Câmara de Santa Comba Dão anunciou recentemente a criação da marca Salazar. Para promoção de produtos regionais, a autarquia lança a marca de vinhos “Memória de Salazar”, a que se seguirão outros produtos. Entre os “produtos” a criar, estará, sempre também, o já há muito anunciado Museu do Estado Novo.
João Lourenço, tal é a graça do edil, insulta a memória dos portugueses e torna-se indigno dos seus próprios conterrâneos, vítimas de Salazar, como muitos outros portugueses.
A memória de Salazar, servida em vinho ou noutro bem é uma memória horrorosa. A ditadura fascista de Salazar representou e representa na memória do povo português a miséria, o subdesenvolvimento como opção deliberada de quem defendia um país do género “alegre casinha”, pobrezinho, mas temente a Deus e à Autoridade.
A marca Salazar é uma marca suja de pobreza que atravessou gerações, de gente analfabeta, esfomeada, descalça, a trabalhar de sol a sol, vendendo, a baixo preço, os seus braços em praças de jorna.
A marca Salazar é a de um país campeão da mortalidade infantil, sem cuidados de saúde para além de algum assistencialismo das irmãzinhas caridosas e de uma muito baixa esperança de vida. A marca Salazar é a marca do obscurantismo cultural, onde ler e contar era saber já demasiado. A marca de Salazar foi a marca dos prisioneiros políticos, de exílios, expulsões da função pública e do ensino, de torturas e assassinatos. Por detrás da marca há rios e rios de sangue. Chamassem-se Catarina, Dias Coelho, Humberto Delgado ou Tarrafal, Caxias, Peniche. A marca de Salazar encerra em si as sub-marcas PIDE e censura.
A marca Salazar é a marca da delação, do bufo, do informador oportunista. Salazar é a marca de um patronato esclavagista. É a marca de uma moral falsa, de um controlo social que não dormia, a não ser dormindo às escondidas, de escândalo em escândalo ocultado, de Ballet Rose e outros. Salazar foi uma marca e até teve “slogans”: “beber é dar de comer a um milhão de portugueses” – a promoção de um povo subjugado e silencioso, se necessário pelo alcoolismo e por demências.
A marca Salazar foi a marca de uma guerra de 14 anos, onde morreram milhares de jovens, regressados em caixotes de pinho ou espalhados pelas matas africanas e que condenou muitos à cegueira ou à amputação de membros. Homens que ainda hoje não dormem. É a marca de viúvas e órfãos, de mães a despedirem-se no cais de um filho que voltaria ou não.
A marca Salazar é a marca dos que atravessaram montes e rios para a salto, às escondidas, chegarem a terras de França, de Alemanhas e outras partes e que vivendo em bairros de lata construíram as casas dos outros. A marca Salazar era a marca do medo, medo de falar, de escrever, de pensar até.
Salazar é dono desta marca. Desta sim, a da miséria, da exploração, do medo! No momento em que Portugal atravessa uma enorme agressão externa imposta pela troika não é inocente a ressurreição da marca. Há quem esteja de atalaia para substituir a detestável marca da troika pela marca Salazar de más memórias.
A alternativa é a marca de um povo com dignidade e direitos. A marca de um povo que hoje não trabalha pelo direito ao trabalho de cabeça erguida todos os outros restantes dias.
O VICE-PRESIDENTE DA ONG TRANSPARÊNCIA E INTEGRIDADE ACUSA PARLAMENTO DE SER FONTE DE CORRUPÇÃO
CITAÇÃO
Batista Bastos, DN
quarta-feira, 21 de março de 2012
terça-feira, 20 de março de 2012
INCOMPETENTE
Obviamente demita-se
Álvaro Santos Pereira é um ministro fraco! E politicamente fragilizado, pelos seus próprios parceiros de Governo e pelo próprio Primeiro-Ministro.
O Ministro da Economia e do Emprego é um homem esforçado e dedicado que, por vezes, consegue cativar pela simplicidade, autenticidade e ingenuidade que lhe parecem inatas. Mas, politicamente o fato de ministro não lhe assenta bem!
À paixão pela austeridade que o atual Governo demonstra, impunha-se uma política económica dinâmica e que nos permitisse ter um horizonte de crescimento sustentável. Mas para isso era necessário um Ministro da Economia forte, com peso próprio no Conselho de Ministros, respeitado pelas associações empresariais, pelos sindicatos e por todos os agentes económicos.
Ao contrário disso, temos um Ministro desrespeitado e desautorizado pelos seus colegas de governação e, sobretudo, pelo próprio Primeiro-Ministro que entregou responsabilidades sobre privatizações e parcerias público-privadas a António Borges, a política de internacionalização económica a Paulo Portas e o plano de dinamização do emprego jovem a Miguel Relvas.
Na recente saída do Governo do Secretário de Estado da Energia e na sua substituição, Álvaro Santos Pereira, que tutela a área, pareceu sempre à margem do assunto, tal como fica a sensação de ter cedido aos interesses privados dos operadores energéticos com a EDP à cabeça.
Como se não bastasse, o papel principal que foi entregue ao ministro das Finanças na gestão do QREN deveria ter sido a “gota de água”. Para além do tremendo erro político que esta decisão confere – o QREN é, ou deve ser, sobretudo, um instrumento económico ao serviço das empresas e dos mais diversos atores económicos e científicos, e nunca um instrumento financeiro ao serviço das finanças públicas – ela transmite a total desresponsabilização do Ministro da Economia e o total esvaziamento da sua função.
Álvaro Santos Pereira é ainda vítima de outro enorme erro do atual Governo e do Primeiro-Ministro: o tal “super ministério”. Passos Coelho anunciou fusões entre ministérios como forma de cortar despesa. Pura demagogia política! Ao criar “super ministérios” o Primeiro-Ministro criou antes “super monstros” que se tornaram impossíveis de gerir politicamente. No caso, temos um “Super Ministro” da Economia, do Emprego, dos Transportes, das Telecomunicações, das Obras Públicas, do Turismo, da Energia e sabe-se lá mais o quê!
Com as exigências atuais, é impossível governar bem tantas pastas e tão importantes e, ao contrário da mensagem que se pretendeu passar que se pouparia dinheiro com a junção de ministérios, os prejuízos que daqui decorrem são enormes para o país.
Com isto, Álvaro Santos Pereira, não tem condições políticas para governar. Resta-lhe demitir-se e regressar ao ensino superior no Canadá, função para a qual, seguramente, estará muito mais vocacionado! (Pedro Coimbra)
segunda-feira, 19 de março de 2012
NOVO RESGATE À VISTA...
domingo, 18 de março de 2012
UM EXEMPLO ELUCIDATIVO
Mas voltemos ao que sucedeu com os investimentos nas escolas e, para isso vamo-nos socorrer do excerto de um artigo de opinião que o sociólogo Pedro Adão e Silva assina na última edição do “Expresso” sobre “a discussão em torno da Parque Escolar”
(…)“A história conta-se com relativa simplicidade. Contaminado pela cultura de facilitismo que nunca se cansou de criticar, o Ministro Nuno Crato declarou a reabilitação do parque escolar como um caso de desperdício e de má gestão de recursos públicos. Para exemplificar, falou em derrapagens astronómicas, alegadamente apuradas pela Inspeção-Geral de Finanças. Numa altura em que a auditoria ainda não era pública, a imprensa, sugestionada pelo ministro, avançou com um desvio na ordem dos 450%.
A estratégia parece-me clara. Em lugar de assumir a sua desconfiança política face à escola pública, o ministro da Educação optou por encontrar um bode expiatório que lhe permitia sugerir que o investimento no parque escolar é exemplar da ineficiência genérica do Estado. Pelo caminho, ocultou a relevância deste esforço na resposta à contração do investimento privado no início da crise, a necessidade de reabilitar edifícios em acelerado estado de degradação, quando não em ruínas, e o potencial de geração de receitas próprias de muitas das escolas reabilitadas. Acima de tudo, manipulou uma auditoria que não só não identifica desvios colossais, como vai ao ponto de elogiar o conselho de administração da Parque Escolar por ter adotado “boas práticas de gestão (e) garantido o controlo das derrapagens de custo das empreitadas”.
Além de nos dizer alguma coisa sobre o perfil do ministro Crato, a sensação com que se fica deste processo é que, no fundo, o objetivo passa por encontrar uma cortina de fumo para substituir uma administração de uma empresa pública que tinha dado provas. (…)”
De realçar ainda “o papel da comunicação social neste processo” que, sem qualquer espírito crítico se limita a reproduzir aquilo que os governos querem que seja dito mesmo que se trate de uma falsidade. No caso aqui citado, bastava ler o relatório para se perceber a diferença entre o que este dizia e o que o governo pretendia que fosse passado para a opinião pública.
Luís Moleiro
sábado, 17 de março de 2012
FAVORECER OS PODEROSOS
No texto seguinte, que transcrevemos do “Expresso” de hoje, Daniel Oliveira denuncia o prejuízo que os portugueses vão ter devido à condições em que a EDP foi alienada.
ÀS ORDENS DE MEXIA
Há duas indicações da troika que são contraditórias. Uma manda privatizar os monopólios naturais. Outra manda liberalizar os mercados e acabar com as rendas excessivas a empresas monopolistas. Não percebem os tecnocratas que é o ambiente protegido em que vivem que torna estes monopólios atrativos. E que, tendo toda a economia na mão, qualquer regulação da sua atividade é uma miragem.
Ainda assim, Henrique Gomes queria limitar o poder da EDP, que asfixia as empresas e faz com que as famílias gastem mais em eletricidade do que na educação dos filhos e quase tanto como em saúde. Queria reduzir as rendas e os subsídios à EDP, que chegarão a 3200 milhões de euros até 2020 e que custam, a cada família, além do que pagam na fatura, 27 euros por ano. Mandou fazer um estudo sobre esta mesada, mas António Mexia informou, ao vivo e a cores, que o Governo ia atirar o documento para o caixote de lixo. Quem tinha dúvidas, ficou logo a saber quem manda em Passos Coelho.
Vitor Gaspar, pelo contrário, queria uma EDP atrativa para a privatização. E os chineses compraram o que compraram, ao preço que compraram, com a condição de tudo ficar a mesma: sem concorrência, com tratamento de favor e mesada garantida. O governo fez uma escolha: entre a entrada de dinheiro rápido e a criação de condições para a competitividade da nossa economia, escolheu o caminho fácil; entre os contribuintes e o monopólio, escolheu deixar tudo como estava; entre o longo e o curto prazo, escolheu as vistas curtas. Este governo não é nem reformista nem liberal. É medroso. Escolhe sempre o lado do mais forte. É burocrata. Tudo o que interessa são as contas deste ano. Os consumidores e a economia que se lixem.
sexta-feira, 16 de março de 2012
PRESIDENTE SENIL?
Mesmo incondicionais apoiantes seus vêm agora criticá-lo abertamente, o que é sintomático. É o caso do Prof. Carlos Amaral Dias, Diretor do Instituto Superior Miguel Torga, autor do seguinte artigo de opinião que transcrevemos do Diário de Coimbra de ontem.
Espelho quebrado
Dir-se-á nos tempos de crise em que vivemos, falar de Cavaco Silva em vez de falar da troika é regressar a um mundo de “coisas pouco importantes” em vez de falar do essencial.
Nada de mais falso, já que a progressiva impopularidade do atual Presidente da República tem uma dimensão política incontornável por uma simples e única razão. Envolve a primeira figura do Estado, eleita diretamente pelo povo que avaliou e votou, ou vetou, o conteúdo do seu discurso.
O problema que se passa com o atual Presidente da República é curioso.
Em janeiro, mês das primeiras desgraças presidenciais, o professor Cavaco Silva afirmou-se em Famalicão como “o provedor do povo”, visto que, segundo as suas palavras, recebe, mensalmente, mais de três mil cartas em que os portugueses se lamentam, diz ele, das suas incertezas e das suas angústias.
Segundo as suas palavras, é destas que o PR é provedor, sendo também provedor das suas ambições.
Mas, quase em simultâneo, veio a sua maior gafe, a saber, a da penúria das suas reformas, o que naturalmente escandalizou os portugueses.
Claro que Cavaco que, diga-se de passagem, nunca se explicou bem aos portugueses, aprendeu aí uma lição a que chamaria, para simplificar, o magistério do bunkar.
Para quem não acredite, sugiro uma revisitação ao que se passou nos meados do passado mês na escola António Arroio, em Lisboa.
Cavaco Silva comprometera-sena visita à escola referida. À sua espera, prevista pela manhã, aguardavam-no muitos jovens, concentrados numa manifestação contra as medidas escolares. Ao que parece, a contestação tinha por base os cortes nos passes sociais dos estudantes e as fracas condições escolares bem como a ausência de refeitórios e a falta de material.
Pouco depois das 11 horas, a PSP confirmava aos jornalistas que a presença do chefe de estado tinha sido cancelada.
Bem bradaram as vozes oficiais, garantindo que o cancelamento só poderia ter por base uma razão, um imponderável. Ninguém sabe qual.
Os alunos tinham sido instruídos pela direção da escola para serem bem comportados, mas decidiram-se por manifestar as suas reivindicações.
O Presidente da República, ao não comparecer, desmentiu pela sua própria prática o seu autoproclamado desígnio de provedor do povo.
Em vez de dar voz às incertezas e às angústias, Cavaco Silva (o provedor do povo) refugiou-se num imponderável. A este, chamo eu bunker presidencial.
Agora, no prefácio do VI volume dos seus Roteiros, Cavaco fez um ajuste de contas com José Sócrates. Ou seja, quebra o bunker da pior forma.
A reformada modernidade é para Cavaco uma retórica de segundo plano, esquecendo-se que em muitos países europeus, liderados por governos bem longe da chamada esquerda, essas mesmas questões foram resolvidas, bem, como outras que ainda estão por resolver, como por exemplo, a eutanásia.
Mas Cavaco obteve “os maiores elogios” de que aliás o Expresso da semana passada se deu conta. Adão e Silva afirmou que o texto do Presidente da República não tem a elevação que se espera de quem ocupa tal cargo. Henrique Raposo afirma Cavaco “dono de uma verdade faraónica”. Martim Silva intitula a sua opinião de uma forma contundente: “O presidente da junta”.
Exmo. Sr. Presidente da República, afirmei há pouco tempo que Vª Exa. quebrou o espelho onde se refletia a sua imagem pública. Parece determinado em continuar a quebrá-lo.
Lamento que assim seja.
quinta-feira, 15 de março de 2012
DUAS DÉCADAS
A crise que hoje nos assola faz-nos recuar duas décadas, ao tempo da criação do euro como moeda única.
O seu pacto fundador amarrou os Estados membros a uma dupla limitação: por um lado, ficaram impedidos de assumir défices superiores a 3% do respetivo produto; por outro, ficaram impedidos de aspirar a mecanismos comunitários de compensação da perda das políticas orçamentais nacionais.
Na verdade, a disciplina do euro assentou numa supressão do espaço de política económica própria dos Estados, acompanhada da inexistência de instrumentos comunitários de amortecimento de choques e de promoção de reequilíbrios.
Neste quadro, a imposição de políticas de austeridade e de corte dos serviços públicos surgiu como expressão punitiva do combate ao peso percentual crescente da dívida no PIB, algo inevitável para economias periféricas sem outra capacidade de financiamento do seu desenvolvimento senão a do recurso a financiamento externo.
A chamada “crise das dívidas soberanas” foi a materialização dessa insensibilidade da arquitetura institucional do euro diante das necessidades de crédito das economias europeias periféricas.
Portugal é hoje o rosto dessa (i)lógica. Uma (i)lógica que foi aliás responsável pelo surgimento de estratégias de dissimulação de encargos orçamentais. As parcerias público-privado têm sido as mais destacadas dessas estratégias.
Nos últimos 18 anos, parceria foi o nome da transferência de rendas fixas e seguras para os atores privados, seguros por um Estado que lhes cobre todos os riscos.
TODOS CULPADOS?
Forças amigas e o inimigo
“Vivemos acima das nossas posses” é a frase que melhor explica a legitimação da guerra social dos dias de hoje. A questão está toda em saber quem é o sujeito desta frase: quem é que viveu acima das suas possibilidades? Na sua forma propagandística a melhor resposta é que fomos todos. É desculpabilizante e funciona como legitimação aparentemente sem destinatário. Todos “viveram acima das suas posses”, Estado, famílias, empresas, pessoas. No discurso oficial muitas vezes as empresas não estão incluídas, o que não é um esquecimento, é uma relutância, uma incomodidade.
Se “todos” nos endividamos, mesmo aqueles que nunca se endividaram, o jovem casal que adquiriu uma casa com crédito bancário relativamente fácil e barato está no mesmo oceano de culpa que o engenheiro Sócrates. Não adianta lembrar que o casal que o fez – por exemplo um típico casal da classe média-baixa (estas tipologias horrorosas…), um funcionário público e uma professora em Pombal ou Faro – tinha rendimentos suficientes para suportar o esforço do empréstimo, e queria começar a construir uma vida própria fora da tutela dos pais. Não tinha a opção de arrendamento desde as medidas populistas e demagógicas que vinham de Salazar e que destruíram o mercado de arrendamento e, pelo caminho, grande parte da renovação urbana de Lisboa e Porto. E achava que os seus salários estavam garantidos, eram ambos funcionários públicos, e podiam eventualmente subir com a progressão nas carreiras. Entendiam que havia um contrato com o Estado, que ninguém imaginava podia ser quebrado.
Caracterização do IN
Todas estas atitudes são hoje violentamente vilipendiadas. Ambos estão do lado do IN, como se diz no vocabulário militar, ambos cometeram o crime de fazer parte do funcionalismo público e de acharem que tinham direito aquilo que hoje se refere com desprezo como “direitos adquiridos”. São apontados a dedo como fazendo parte das “gorduras” do Estado, preguiçosos institucionalizados, vivendo à custa do contribuinte, que se deviam sentir contentes por terem “emprego garantido”. Entretanto, ele perdeu já cerca de 30% do rendimento e ainda vai perder mais, e ela já está desempregada, a casa está em risco de ter que ser devolvida ao banco e a família de procurar o estatuto de insolvente.
Como já disse e repito, as decisões deste casal-tipo eram decisões racionais, que não tinham nada de “gastadoras”. Mas é a essas pessoas que se dirige o “nós” coletivo do “vivemos acima das nossas posses”. Diferentemente do engenheiro Sócrates, eles não sabiam, nem tinham de saber, como estavam as finanças do Estado, nem se milhões estavam a ser delapidados já quando as trombetas da crise se faziam sentir. Se quisermos, a sua única responsabilidade foi ter votado nele. E não é pequena.
quarta-feira, 14 de março de 2012
UMA QUASE NÃO NOTÍCIA
Agora, a subida da taxa de desemprego entre Dezembro e Janeiro foi de 0,2%, passando a fixar-se nos 14,8%. A novidade é que igualámos a Irlanda neste triste ranking, atingindo o 2º lugar entre os países da OCDE. Nada que não se esperasse o que não é razão para a sua não divulgação. Em termos de informação, os portugueses merecem mais do que as colossais quantidades de propaganda governamental a que são sujeitos todos os dias. Afinal, há muita gente que (aparece pouco nas televisões), há imenso tempo, previa o descalabro que está a acontecer em cumprimento do fanatismo ideológico que faz parte dos genes deste governo.
Admiradíssimo mostrou-se hoje o ministro Gaspar pelo agravamento do desemprego, “significativamente superior ao esperado”. Só o fanatismo ideológico de que este senhor padece pode justificar tal afirmação. Ele não quer, pura e simplesmente, reconhecer a realidade que o cerca. Os exemplos que se vêm verificando noutros países não lhe dizem nada nem as chamadas de atenção de tantos e tantos economistas de renome são suficientes para o levarem a inverter um rumo profundamente errado. Aliás, basta fazer-se um raciocínio simples para se chegar à conclusão de que a mega austeridade a que estamos submetidos só vai fazer crescer mais e mais o desemprego.
terça-feira, 13 de março de 2012
DESUMANIDADE INSTITUCIONAL
Se quisermos um exemplo da desumanidade que assume a ideologia neoliberal na sua atuação prática, basta olharmos com atenção para as medidas que o Governo português vem tomando em áreas como a saúde e a segurança social. Os idosos, os desprotegidos e, de um modo geral, os fracos são tomados como uns empecilhos da sociedade onde apenas os mais fortes devem ter lugar.
O texto é um pouco longo mas não damos por mal empregues os minutos que gastarmos a lê-lo.
Pessoas que não conhecemos
Num dos melhores episódios de sempre da série televisiva americana The Twilight Zone, emitido em 1986, Brad Davis e Mare Winningham representam um jovem casal a atravessar um período de enorme aperto financeiro. Uma noite, bate à sua porta um estranho, com uma caixa de madeira na mão, que lhes faz uma proposta inesperada. A pequena caixa tem lá dentro um botão. Se eles carregarem no botão, explica o homem, alguém morrerá, "alguém que eles não conhecem", e eles receberão 200.000 dólares. A proposta é apenas isto e o enredo desenrola-se em torno do dilema moral do casal - um dilema moral mesclado com algum cepticismo. O episódio, intitulado "Button, button", está no YouTube e merece ser visto - e não deve ser confundido com o filme The Box, de 2009, que, apesar de baseado no mesmo conto de Richard Matheson, está para o episódio da Twilight Zone como suor de cavalo para Chanel 5.
Pergunto-me muitas vezes qual seria a opção de um dos esforçados membros do nosso Governo se lhe batesse à porta, numa noite, um estranho de longo sobretudo negro e a mesma caixa na mão, e lhe fizesse a seguinte proposta: "Se carregar neste botão, 20 por cento da população portuguesa morrerá. Mas não serão mortes ao acaso. Os 20 por cento apenas incluirão doentes crónicos, desempregados de longa duração, beneficiários do rendimento social de inserção, idosos pobres, pensionistas, analfabetos, deficientes e indigentes. O que significa que serão apenas pessoas que você não conhece." Que dilema moral! Por um lado, a responsabilidade da morte de milhões de pessoas. Por outro lado, a possibilidade de oferecer à Pátria um renascimento, uma nova fundação. Que salto nas estatísticas! Que país poderia ser este, habitado por jovens saudáveis, por dinâmicos empreendedores e profissionais competentes, um país enfim sem gorduras e superavitário.
A proposta do homem da caixa seria tentadora. Que downsizing do Estado! Que produtividade! Que valor acrescentado! É verdade que haveria custos, mas não há sempre? As pessoas morrem de qualquer maneira. E não é certo que o botão fosse a causa directa das mortes. Seria sempre possível dizer que se tinha carregado no botão para ver se fazia algum barulho... Mas se resultasse... que país! Ficar só com os 80 por cento que interessam! E bem negociado talvez se pudesse passar isso para 70 por cento! (Não, não sejamos gananciosos. Oitenta é muito bom!) Melhor do que uma guerra, porque na guerra fica-se com muitos velhos e estropiados e morrem os jovens. Ai, se houvesse uma caixinha destas!...
Exagero? Apenas um tudo-nada. Porque tudo no discurso e na prática do Governo (deste e de muitos outros) revela este sonho eugenista: como o país poderia ser maravilhoso e próspero se não nos tivéssemos de ocupar dos mais fracos e desprotegidos! O discurso culpabilizador dos desempregados (que não trabalham porque não se adaptaram, que deviam emigrar em vez de ficar por cá) ou dos doentes e idosos (que vão mais aos centros de saúde e aos hospitais do que deviam e que nos obrigam a gastar nestes seus luxos o dinheiro que o país não tem) é um sinal dessa ideologia. Como o é a promoção da "avaliação individual", ferramenta de exclusão por excelência, culpabilizadora dos mais fracos, transformados em bodes expiatórios dos problemas do país. Como o é toda a conversa das "gorduras" que, quando se olha de perto, se percebe que afinal são pessoas. Pessoas descartáveis, que culpamos da falta de eficiência da nossa máquina social. Sub-humanos. Uma vez culpabilizados os desempregados, os doentes, os inaptos, as gorduras, os subsidiodependentes, os ciganos, os imigrantes, os idosos, os pobres, é possível excluí-los primeiro. Pô-los de lado. Despedi-los porque ficaram em último nas avaliações. Não os deixar estudar porque não têm dinheiro. Não os tratar porque não aparecem nos hospitais porque não têm dinheiro para a senha. Ninguém dará por falta deles!
Deixai vir a mim os doentes e os pobres e os sem-abrigo é só para Cristo e para a Estátua da Liberdade. Nesta sociedade só há lugar para os melhores. É isso a produtividade, a eficiência, o progresso.
Depois, quando estão fora de vista e esquecidos, podemos começar a reduzir as suas rações. As rações de medicamentos, de tratamentos, de alimentos, de espaço para viver, de espaço nos transportes, de espaço nas nossas preocupações, de pensões. Houve algum alarme com os 4000 que morreram a mais em Fevereiro? Para quê se já estavam na antecâmara da morte? Para quê se são parasitas que consomem os recursos que poderíamos usar para desenvolver o país, se eles não os gastassem? E eles não são como nós. Nós nem os conhecemos. Morte aos fracos! São eles que têm de dar lugar aos fortes, em nome do futuro. É para o nosso bem. E um dia, se a caixa chegar, poderá parecer a solução mais humana.
segunda-feira, 12 de março de 2012
PORTUGAL ATINGE A POSIÇÃO CIMEIRA NO CLUBE DA BANCARROTA
Entretanto ocupou a pasta das Finanças num Governo “socialista” e, daí pulou para presidente da Iberdrola (primeiro grupo energético espanhol e uma das cinco maiores companhias elétricas do mundo). Quem disser que as duas situações estão ligadas é pura calúnia… Atualmente já faz elogios à política económica do Governo Passos Coelho/Portas. Ontem afirmou que este Governo tem “um rumo no sentido nacional”. Resta saber o que é o “sentido nacional” para os neoliberais. Talvez lhe fique bem o slogan “o que é bom para o grande capital é bom para Portugal”.
Ao fim da manhã de hoje o “Expresso” online noticiava que Portugal chegou ao lugar mais alto do pódio da bancarrota. Quem ouve Pina Moura, o Prof. Marcelo, Miguel Relvas e toda a panóplia de comentadores do regime fica com a ideia de que a situação financeira de Portugal se encaminha no melhor dos sentidos. Por outro lado, aqueles que poderiam desmascarar esta gente quase não têm acesso aos meios de comunicação social com maior audiência pelo que, é fácil ir vendendo gato por lebre à maioria dos portugueses que pouco acesso têm à informação para além da que lhes entra pela casa dentro por via da televisão.
domingo, 11 de março de 2012
SCUT: PROTESTO É PARA CONTINUAR
De tal maneira esta situação se faz sentir em toda a região que chega a afectar toda a zona transfronteiriça com a Espanha. Do lado de lá da fronteira também se sentem os efeitos nefastos do pagamento de portagens na A22, a ponto de levar à elaboração de um manifesto que foi assinado em Huelva há três dias, onde associações empresariais, sindicatos, e autoridades locais espanholas se juntam à Comissão de Utentes da Via do Infante propondo a “criação de uma zona transfronteiriça sem portagens e a suspensão do sistema introduzido pelo Governo português para cobrança nas antigas SCUT.
Por outro lado, também hoje veio a público que as três principais petrolíferas que operam nas A22, A23, A24 e A25 sentiram uma acentuada quebra nas vendas de combustível assim como de tabaco e na restauração, valores esses que, para uma das empresas chegam aos 60%.
CITAÇÕES
“Em nome da poupança de uns tostões corremos o risco de, a prazo não muito longo, apenas pouco mais de 1/3 dos desempregados terem subsídio de desemprego. Mas em agosto/setembro choveram, por decisão consciente do Governo, 4,4 milhões de euros nos cofres da Lusoponte. E quantos casos deste tipo, maiores e mais pequenos, existirão no país?”
Carvalho da Silva, JN
sábado, 10 de março de 2012
OPÇÕES DE CLASSE
NÓS E OS OUTROS
A Lusoponte recebeu €4,4 milhões como compensação por não ter cobrado portagens em Agosto. Um pequeno problema: as portagens foram cobradas. As Estradas de Portugal bem tentaram não dar o dinheiro, mas do secretário de Estado das Obras Públicas veio a ordem: pague-se de “imediato”. Só depois de pagar é que o estado vai discutir com Ferreira do Amaral – o ministro que deu a concessão da travessia do Tejo à empresa onde agora trabalha – se isto de compensar as perdas que nunca existiram faz algum sentido.
O Governo anunciou através da secretaria de Estado do Tesouro e Finanças, que as empresas chinesa e omanense que vão comprar a EDP receberão €36 milhões em dividendos de 2011. Como parece estar bem de finanças, o Estado, atual acionista e único destinatário natural deste dinheiro, prescinde do lucro e desconta-o no preço de compra.
Uns cobram duas vezes pela mesma coisa, outros já têm direito a lucros quando ainda não são donos de nada. Mais de €40 milhões em brindes. Com os cidadãos as coisas funcionam ao contrário: os trabalhadores independentes pagam um imposto extraordinário sobre um subsídio de Natal que não receberam e os contribuintes pagam os prejuízos de um banco que não é seu. Se a Lusoponte é compensada pelo que não deixou de receber, o contribuinte paga pelo que não recebeu. Se os compradores da EDP são, para o lucro, acionistas antes de o serem, os contribuintes são, para o prejuízo, acionistas sem nunca o terem sido. (Daniel Oliveira)
sexta-feira, 9 de março de 2012
CASO LUSOPONTE
Enquanto não houver eleições à vista, altura em que se finge uma grande preocupação com os mais desfavorecidos, é um fartar vilanagem em benefício do grande capital.
Nas parcerias público-privadas, como é sobejamente conhecido e tem sido denunciado até à exaustão, o Estado (todos nós) corre os riscos e o privado fica com os lucros.
O recente caso da Lusoponte que recebeu 4,4 milhões como “compensação” pela não cobrança de portagens na Ponte “25 de Abril” em Agosto de 2011, ao mesmo tempo que arrecadou os dinheiros provenientes das portagens desse mês, é mais um exemplo do regabofe reinante entre Governo e grandes empresas privadas.
Abordar este tema sob um tom levemente irónico foi o que muito bem fez hoje o escritor Manuel António Pina na crónica que assina diariamente no JN.
"O guião da telenovela Lusoponte, em cena há mais de uma década, foi pioneiro no uso do emocionante "plot" que são as Parcerias Público-Privadas, negócio em que, para efeitos de maquilhagem orçamental, o público corre os riscos e, por sua parte (por isso são "parcerias"), o privado fica com os lucros. A concessão foi assinada em 1994 pelo ministro das Obras Públicas Ferreira do Amaral (PSD), hoje... administrador da Lusoponte, e revista em 2000 pelo ministro das Obras Públicas Jorge Coelho (PS), hoje CEO da Mota-Engil, um dos maiores accionistas da... Lusoponte."
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quinta-feira, 8 de março de 2012
ATÉ QUANDO VAMOS CONTINUARA A LEVAR PORRADA?(3)
Eles sabem que sózinhos somos mais fracos. Por isso tentam dividir-nos. Adere à Greve Geral!
quarta-feira, 7 de março de 2012
LOJA DO CIDADÃO EM PORTIMÃO
O Bloco de Esquerda é da opinião que a Loja do Cidadão deveria ser instalada no centro de Portimão perto da rua do comércio, visto que o Centro de Emprego irá mudar-se brevemente para a Abicada. Para reabilitação do centro da cidade é fundamental que existam Institutos ou repartições públicas para formar um centro nevrálgico, para atrair a população para a cidade. Os vários organismos deveriam estar no perímetro do centro da cidade para que os munícipes possam tratar dos seus assuntos sem grandes deslocações.
Estamos em Março de 2012 e a Loja do Cidadão ainda não existe e já não se fala do assunto mas o Bloco de Esquerda não se esquece, e irá questionar o executivo camarário sobre o assunto.
Comissão Coordenadora do Bloco de Esquerda de Portimão.
Membro da Assembleia Municipal de Portimão.
SARKOZY EXTREMISTA
terça-feira, 6 de março de 2012
ATÉ QUANDO VAMOS CONTINUAR A LEVAR PORRADA? (2)
GOVERNO ESPANHOL CONTRA PORTAGENS NA VIA DO INFANTE (A22)
segunda-feira, 5 de março de 2012
VIDEOCLIP DA # PRIMAVERA VALENCIANA
UMA NÃO REORGANIZAÇÃO
Trata-se de uma imposição vinda de cima sem que as populações locais sejam consultadas. O Bloco de Esquerda, consciente de mais esta tentativa de atropelo à democracia, ainda por cima altamente lesiva dos interesses de muitas regiões, apresentou já um projecto de lei que foi a debate na passada quinta-feira no Parlamento, o qual “prevê que os órgãos autárquicos tenham mais poder na decisão de criar ou acabar com autarquias locais e torna obrigatório o referendo local para aprovar mudanças no mapa dos municípios”.
Moções "em defesa da realização obrigatória de consulta popular" sobre alterações ao mapa autárquico já colheram o apoio maioritário nos eleitos de quatro capitais de distrito (Lisboa, Viana do Castelo, Guarda e Beja) e em concelhos como Loures, Portimão, São Pedro do Sul, Barcelos, Palmela, Salvaterra de Magos e Vouzela. Moções semelhantes serão levadas nas próximas semanas a debate e votação noutros concelhos em que o Bloco tem representação autárquica.
O texto seguinte sobre o tema em análise foi transcrito da edição de hoje (5/3/2012) do Diário de Coimbra.
Sim às freguesias
Esta semana, PSD e CDS, aprovaram na generalidade a proposta do Governo de “reorganização administrativa autárquica”, com o voto contra e a oposição do Partido Socialista.
No entanto, infelizmente, não se trata de uma verdadeira reorganização administrativa do território, mas antes um ataque feroz do actual Governo às freguesias com puro intuito de as extinguir, contra as populações e contra a esmagadora maioria dos autarcas de freguesia, e não só, de todos os quadrantes políticos. A solução apresentada pelo Governo – que aponta para a extinção de um terço das freguesias – não passa de uma imposição feita a “régua e esquadro” a partir do Terreiro do Paço com critérios sem nexo e despropositados, com a teoria, errada a meu ver, de poupar dinheiro ao Orçamento de Estado. Diga-se, a esse respeito, que a totalidade das freguesias existentes no País têm um peso absolutamente diminuto no Orçamento (0,21%) e que, as freguesias e os seus autarcas, prestam um apoio e um papel muito importante às populações que servem e que na sua ausência ninguém prestará.
Não é, nem de perto nem de longe, das Juntas de Freguesia que vêm os problemas financeiros e económicos do País!
Conheço muitos autarcas de freguesia que estão ao serviço das suas populações o ano inteiro, ano após ano, com enormes prejuízos pessoais, familiares e financeiros, pois pouco ganham pelo que fazem e muitos há que ainda pagam para o fazer.
Conheço muitas freguesias, sobretudo em zonas rurais, que são a única ligação entre as populações e o Estado e que acorrem às mais diversas necessidades e carências das suas populações.
Recuso-me a olhar para esta questão meramente como ma questão técnica, com decisões tomadas em função de critérios como a demografia, a distância ou outro qualquer. A visão e a discussão tem de ser política, e o que importa discutir é se queremos um País com menos Estado, cada vez mais desigual, cada vez mais desertificado no interior, se queremos populações e territórios ao abandono e deprimidos socialmente, ou se queremos o contrário disto.
O País necessita, de facto, de uma verdadeira reforma do poder local. Mas uma reforma que modernize o poder autárquico e apresente novas soluções para o modelo de financiamento, para a lei eleitoral e para as suas atribuições e competências.
É verdade que existe também a necessidade de rever a organização do território em relação às freguesias e que, inclusive, ela está contemplada no acordo assinado com a troika. Mas não desta forma! Não contra as populações! Não contra os autarcas!
É fundamental uma reorganização administrativa do território, ao nível das freguesias, discutindo com os autarcas, sem imposições, e que vá ao encontro das pessoas, das suas necessidades sociais, mas também sem esquecer a proximidade, os laços identitários e os laços culturais.
Sobre a votação desta semana na Assembleia da República, ainda espero que prevaleça o bom senso e que se encontrem soluções equilibradas e justas. (Pedro Coimbra)
BUZINÃO 8 DE MARÇO
Faro, 5 de Março de 2012
Assunto: Marcha Lenta e Buzinão dia 8 de Março e Encontro de Ayamonte
A Comissão de Utentes da Via do Infante regozija-se com o facto da Comissão Europeia ter declarado ilegal a cobrança de portagens nas ex-SCUT’s por violarem normas comunitárias, nomeadamente o princípio da liberdade de circulação. Com efeito, o governo ao introduzir essas portagens meteu-se numa autêntica baralhada, ilegal, penalizadora e injusta para as populações. As portagens nas SCUT’s representam um criminoso obstáculo e um grave retrocesso, social, económico e cultural para regiões onde não há alternativas em termos de mobilidade, como sucede no Algarve. Por outro lado, estas portagens violam tratados internacionais sobre cooperação transfronteiriça, como o Tratado de Valência, assinado entre Portugal e Espanha e de onde deriva a Euroregião Algarve-Alentejo-Andaluzia. A ameaça da União Europeia poderá significar o princípio do fim das portagens nas SCUT’s e, ao governo, que abriu uma verdadeira caixa de Pandora, só lhe resta uma solução – suspender imediatamente as portagens, a começar pela Via do Infante onde a luta se vai intensificar e radicalizar.A luta pela suspensão imediata das portagens na Via do Infante vai voltar à rua já no próximo dia 8 de março (quinta-feira), com um grande buzinão e uma marcha lenta de viaturas na EN 125, com concentração pelas 16.30 horas em Fonte de Boliqueime e partida a caminho de Faro, passando pelo Aeroporto Internacional de Faro e terminando junto ao Fórum Algarve.A Comissão de Utentes da Via do Infante apela a todos os utentes e cidadãos em geral, entidades, associações, a toda a sociedade civil, para que participem ativamente nesta marcha lenta, manifestando todo o descontentamento, indignação e revolta contra medidas governamentais que estão a provocar uma catástrofe social e económica no Algarve – que já vai em cerca de 50 mil desempregados. Vale a pena lutar contra a injustiça, a ilegalidade e a prepotência.Por outro lado, a luta pela suspensão das portagens está a envolver e a mobilizar cada vez mais os nossos vizinhos espanhóis de Huelva/Andaluzia. No seguimento da realização do I Encontro Transfronteiriço Hispano-Luso, com a participação da Comissão de Utentes da Via do Infante, no passado dia 3 de fevereiro, em Ayamonte, onde foi constituída a Comissão Luso-Espanhola para a Supressão das Portagens na A22, irá ter lugar um novo encontro, no dia 9 de março (sexta-feira), pelas 12.00 horas (11.00 h portuguesas), no Ayuntamiento de Ayamonte (Salón de Plenos), onde será assinado um Manifesto de Apoio à Área Transfronteiriça Livre de Portagens. O Alcaide de Ayamonte será o anfitrião deste novo encontro.Este encontro de 9 de março, além da participação da Comissão de Utentes, contará com a presença de diversas entidades e associações sociais, empresariais e sindicais, onde se destacam a Federação Nacional de Associações de Transportes de Espanha, a Federação de Empresários de Huelva, a Câmara de Comércio de Ayamonte, a Câmara Oficial de Comércio, Indústria e Navegação de Huelva, a UGT e as Comissiones Obreras de Huelva. Mais de duas dezenas de associações empresariais, comerciais, mulheres empresárias, de jovens agricultores, de transportes e outras de Huelva já aderiram ao Manifesto. A seguir à sua assinatura, outras organizações e entidades, de Andaluzia, Algarve e Alentejo poderão aderir ao Manifesto. Neste encontro serão igualmente discutidas novas iniciativas e formas de luta comuns contra as portagens na A22 nos próximos meses, podendo envolver a Ponte Internacional do Guadiana.Desde já se agradece a divulgação deste comunicado de imprensa nos v/órgãos de comunicação social e a v/presença na marcha lenta e no encontro de Ayamonte.
CUVI – Comissão de Utentes da Via do Infante
domingo, 4 de março de 2012
ALMODOVAR X GARZÓN
sábado, 3 de março de 2012
ESCOLHAS...
Escolher entre apoiar o capital financeiro ou investir em apoios sociais faz uma grande diferença. É por isso que se diz com muita propriedade que, ao aceitarem o memorando da troika em conjunto, PS, PSD e CDS pouco se diferenciam.
Restarão algumas dúvidas de que encaminhar o dinheiro dos impostos, dos cortes de subsídios e apoios sociais e dos lucros das privatizações para o BPN via beneficiar um pequeno grupo em detrimento da maioria da população?
sexta-feira, 2 de março de 2012
ATÉ QUANDO VAMOS CONTINUAR A LEVAR PORRADA? (1)
REDES SOCIAIS, ESPIONAGEM E PROPAGANDA
As chamadas redes sociais são, de facto, redes de malha muito fina que capturam os pormenores mais íntimos das nossas vidas, fornecidos ingénua e alegremente por nós. Não é por acaso que “plataformas de redes sociais são cada vez mais consultadas por agências de inteligência como inestimáveis canais de aquisição de informações”. Ninguém acredita que estas acções sejam levadas a cabo por mera curiosidade…
Quanto melhor conhecidas forem as nossas vidas, mais facilmente o poder dominante nos controla. Se o formos permitindo, chegaremos a um ponto em que não haverá qualquer diferença entre democracia e ditadura.
quinta-feira, 1 de março de 2012
MENOS "VAI E VEM"
O sistema “Vai e Vem” permite uma boa mobilidade dos cidadãos de Portimão apesar de os horários nem sempre serem cumpridos à risca. Além disso também apresenta uma assinalável cobertura do concelho, com custos aceitáveis para os utentes, em especial as crianças e os idosos.
A decisão de diminuir a frequência dos “Vai e Vem” é, por isso, reprovável, e a explicação oficial convence pouco na medida em que uma redução da procura de 11% aos sábados e 8,7% aos domingos não justifica uma medida tão drástica. Entre outras consequências, vai atingir os cidadãos com menos posses (é sempre assim), vai fazer com que andem mais automóveis na rua o que implica um aumento da poluição, e abre a porta a cortes mais violentos no futuro. O Bloco de Esquerda de Portimão opõe-se terminantemente à decisão que hoje entrou em vigor.
DESEMPREGO NOS 14,8%
Apesar dos incompreensíveis foguetes que o Governo atirou devido ao relatório da troika, a verdade é que, dados importantes para a nossa vida colectiva aconselhariam, no mínimo, mais prudência.
Ainda hoje, segundo dados do Eurostat, Portugal atingiu novo máximo de desemprego na União Europeia (UE), com 14,8% em Janeiro deste ano. Encontramo-nos no patamar da Irlanda, na “luta” por um triste lugar no pódio do número de pessoas sem trabalho. Se as medidas recessivas continuarem o seu trilho, em breve estaremos isolados no 3º lugar. É caso para uma “festa” pois, nesta prova, tal como acontece no desporto, o 4º lugar é sempre o pior porque é o primeiro a ficar fora das medalhas… De qualquer maneira, se quisermos atingir uma medalha de preta ou mesmo de ouro, no desemprego, precisamos continuar o esforço no sentido de se dar fim, ainda, a mais postos de trabalho. Neste aspecto, a cereja em cima do bolo tem a ver com a subida do desemprego entre os jovens (até aos 25 anos) que agora se cifra nos 35,1%, ainda segundo o Eurostat.
Mas, o tal ponto de viragem tem mais outras vertentes:
- Cerca de 58% dos desempregados não têm qualquer subsídio de desemprego nem qualquer protecção social.
- Em Janeiro deste ano quase duplicou o número de empresas em despedimento colectivo, face ao mesmo mês de 2011.
- Segundo a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), a recessão e o desemprego ameaçam metas do défice.
- O novo chefe da missão do FMI para Portugal, Abebe Salassie admite contracção maior do que o previsto devido ao chamado ajustamento orçamental.
- A probabilidade de incumprimento da dívida portuguesa subiu hoje (1/3) 2,5 pontos percentuais e os juros das obrigações do Tesouro a dez anos fecharam em 13,75%.
Com estes dados, onde estão as razões para os delirantes festejos do Governo e tão elevado índice de propaganda em grande parte da comunicação social?
Luís Moleiro