sábado, 10 de março de 2012

OPÇÕES DE CLASSE

Num texto que hoje assina no “Expresso”, Daniel Oliveira põe a nu o carácter de classe do Governo Passos Coelho/Paulo Portas. Em linguagem simples, pode dizer-se que, na dúvida, opta-se sempre em favor dos mais poderosos, ainda que contra os interesses da maioria do povo português. Mesmo numa altura em que são pedidos tantos sacrifícios aos portugueses, há o desplante de se permitir que uma empresa cubra duas vezes pelo mesmo serviço prestado e outras tenham “direito a lucros quando ainda não são donas de nada”, tudo isto à conta do dinheiro dos contribuintes. Opções de classe!

NÓS E OS OUTROS
A Lusoponte recebeu €4,4 milhões como compensação por não ter cobrado portagens em Agosto. Um pequeno problema: as portagens foram cobradas. As Estradas de Portugal bem tentaram não dar o dinheiro, mas do secretário de Estado das Obras Públicas veio a ordem: pague-se de “imediato”. Só depois de pagar é que o estado vai discutir com Ferreira do Amaral – o ministro que deu a concessão da travessia do Tejo à empresa onde agora trabalha – se isto de compensar as perdas que nunca existiram faz algum sentido.
O Governo anunciou através da secretaria de Estado do Tesouro e Finanças, que as empresas chinesa e omanense que vão comprar a EDP receberão €36 milhões em dividendos de 2011. Como parece estar bem de finanças, o Estado, atual acionista e único destinatário natural deste dinheiro, prescinde do lucro e desconta-o no preço de compra.
Uns cobram duas vezes pela mesma coisa, outros já têm direito a lucros quando ainda não são donos de nada. Mais de €40 milhões em brindes. Com os cidadãos as coisas funcionam ao contrário: os trabalhadores independentes pagam um imposto extraordinário sobre um subsídio de Natal que não receberam e os contribuintes pagam os prejuízos de um banco que não é seu. Se a Lusoponte é compensada pelo que não deixou de receber, o contribuinte paga pelo que não recebeu. Se os compradores da EDP são, para o lucro, acionistas antes de o serem, os contribuintes são, para o prejuízo, acionistas sem nunca o terem sido
. (Daniel Oliveira)

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