sábado, 17 de março de 2012

FAVORECER OS PODEROSOS

Não é demais afirmar que o atual governo está indubitavelmente marcado por um caráter de classe. As suas decisões vão sempre no sentido do favorecimento dos mais ricos e poderosos e contra os interesses da maioria dos cidadãos, muitos dos quais lhe confiaram o seu voto. Sucedeu assim com a novela da Lusoponte, situação que caso não tenha sido denunciada iria ficar esquecida beneficiando escandalosamente esta empresa. O mesmo sucede em relação à EDP, levando até à demissão de um Secretário de Estado. Relativamente à elétrica portuguesa, nem sequer houve privatização mas a venda a outro estado, o chinês, que recebeu um tratamento de favor.
No texto seguinte, que transcrevemos do “Expresso” de hoje, Daniel Oliveira denuncia o prejuízo que os portugueses vão ter devido à condições em que a EDP foi alienada.

ÀS ORDENS DE MEXIA
Há duas indicações da troika que são contraditórias. Uma manda privatizar os monopólios naturais. Outra manda liberalizar os mercados e acabar com as rendas excessivas a empresas monopolistas. Não percebem os tecnocratas que é o ambiente protegido em que vivem que torna estes monopólios atrativos. E que, tendo toda a economia na mão, qualquer regulação da sua atividade é uma miragem.
Ainda assim, Henrique Gomes queria limitar o poder da EDP, que asfixia as empresas e faz com que as famílias gastem mais em eletricidade do que na educação dos filhos e quase tanto como em saúde. Queria reduzir as rendas e os subsídios à EDP, que chegarão a 3200 milhões de euros até 2020 e que custam, a cada família, além do que pagam na fatura, 27 euros por ano. Mandou fazer um estudo sobre esta mesada, mas António Mexia informou, ao vivo e a cores, que o Governo ia atirar o documento para o caixote de lixo. Quem tinha dúvidas, ficou logo a saber quem manda em Passos Coelho.
Vitor Gaspar, pelo contrário, queria uma EDP atrativa para a privatização. E os chineses compraram o que compraram, ao preço que compraram, com a condição de tudo ficar a mesma: sem concorrência, com tratamento de favor e mesada garantida. O governo fez uma escolha: entre a entrada de dinheiro rápido e a criação de condições para a competitividade da nossa economia, escolheu o caminho fácil; entre os contribuintes e o monopólio, escolheu deixar tudo como estava; entre o longo e o curto prazo, escolheu as vistas curtas. Este governo não é nem reformista nem liberal. É medroso. Escolhe sempre o lado do mais forte. É burocrata. Tudo o que interessa são as contas deste ano. Os consumidores e a economia que se lixem.

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