terça-feira, 9 de abril de 2013

A PRIORIDADE HUMANA


A maioria de direita que ganhou as últimas eleições, consubstanciada no Governo Passos/Portas, para além de parecer desconhecer por completo o país onde está, para além de uma inenarrável incompetência na governação, para além de um incomensurável fanatismo ideológico, para além de um profundo desprezo pelas instituições democráticas, para além de uma desmedida falta de respeito pela palavra dada, para além do colossal servilismo perante um poder estrangeiro, demonstra uma infinita insensibilidade humana perante o sofrimento que a brutalidade das medidas de austeridade está a causar a milhões de portugueses. Se não houvesse mais nenhuma razão, os problemas humanos que todos os dias nos chegam ao conhecimento seriam o suficiente para o Governo arrepiar caminho e colocar perante a troika a impossibilidade de se seguir esta rota de austeridade.

Num dos pontos da sua crónica de hoje no Público, José Vitor Malheiros refere esta problemática nos seguintes termos:

Na sua comunicação ao país, Pedro Passos Coelho nunca colocou sobre a mesa a possibilidade de uma renegociação da dívida ou dos termos do memorando assinado com a troika, nunca esboçou qualquer atitude de maior firmeza negocial com os credores, nunca sugeriu a mínima intenção de jogar uma cartada que fosse em defesa do país e dos portugueses - quando tudo justificaria que o fizesse, por imperativo de Estado, por razões de táctica política na relação com os restantes países da União Europeia, por razões humanitárias e até por razões de dignidade pessoal. Apesar de ser evidente que a dívida é impossível de pagar, que os esforços nesse sentido apenas pioram a situação financeira e destroem a economia, que os juros sacrificam os portugueses e colocam em causa o futuro do país. Para Passos Coelho, as únicas prioridades são o pagamento da dívida, custe o que custar. Um pagamento que nunca estará concluído e que condena o país a uma escravatura eterna. Para Passos Coelho, os credores mandam, os usurários merecem respeito e os mercados são os únicos senhores. Nunca um primeiro-ministro se mostrou tão servil perante um poder estrangeiro (porque é também de relações entre países que se trata), tão zeloso na sua posição de lacaio dos mais fortes e tão indiferente perante o sofrimento dos mais fracos. Nunca nesta república um primeiro-ministro, que jurou cumprir a Constituição e defender a soberania nacional, desrespeitou de forma tão descarada o seu juramento solene e aviltou desta forma a honra do país que devia servir.

Está visto que, com ou sem remodelação do Governo, tudo continuará na mesma caso não haja uma alteração profunda das políticas que estão a ser desenvolvidas.

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