domingo, 21 de abril de 2013

LUDÍBRIO TROIKISTA


O resultado da sétima avaliação da troika veio mostrar à saciedade que fomos totalmente ludibriados – aqueles que acreditaram – ao longo de quase dois anos com o chamado processo de ajustamento português. Nada redundou conforme nos quiseram convencer e o resultado da intervenção estrangeira deixou a nossa economia em cacos e o tecido social à beira da implosão.

Socorrendo-nos do texto de Nicolau Santos publicado no Expresso de ontem “Sete verdades troikistas que afinal não eram” elaborámos a seguinte desmontagem sobre a ilusão com que quiseram comprar a passividade do povo português, partindo de afirmações falsas.

1ª O memorando de entendimento está muito bem desenhado.
FALSO – Os apaniguados do Governo teceram os maiores elogios ao memorando mas o “pacote financeiro era manifestamente escasso” e “contemplava outros objetivos manifestamente inexequíveis”, ignorando quaisquer medidas para “estimular a economia”.

2º Não há falta de financiamento para a economia.
FALSO – São os próprios pequenos e médios empresários que afirmam não estar a chegar dinheiro à economia, coisa que só agora o Primeiro-Ministro vem reconhecer.

3ª Não será preciso nem mais tempo nem mais dinheiro para proceder ao ajustamento.
FALSO – “A ideia foi martelada até à exaustão por Passos Coelho e Vitor Gaspar, acompanhados por Durão Barroso, Jean-Claude Junker e Abebe Selasié. Pois bem: as taxas de juro dos empréstimos já desceram após o perdão à Grécia. Mais recentemente, Gaspar pediu, sem se rir nem apresentar desculpas, mais sete anos para pagar os 78 mil milhões de euros. E fala-se cada vez com mais insistência na necessidade de um segundo resgate. Para mal dos nossos pecados e incompetência dos que delinearam e aplicaram este ajustamento, lá chegaremos”.

4ª Portugal regressa aos mercados em Setembro de 2013.
FALSO – Está aqui mais uma garantia com a assinatura de Passos e Gaspar que se revelou pífia já que o regresso de Portugal aos mercados, para além de não ocorrer em Setembro deste ano, “quando ocorrer necessitará da rede de segurança do BCE para que se faça com taxas de juro aceitáveis”.

5ª A economia vai começar a recuperar a partir de 2013.
FALSO – A primeira data apontada para o início da recuperação da economia foi o segundo semestre de 2012, a seguir passou para um ano depois sendo que “em três anos a recessão acumulada toca os 7% e a quebra de investimento atinge os 30%”. A nova data apontada pelo Primeiro-Ministro em que os resultados positivos vão começar a aparecer será 2014. Provavelmente o melhor que os portugueses farão é esperar sentados…

6ª As privatizações e reestruturações aumentam a concorrência e baixam os preços.
FALSO – A realidade evidencia exactamente o contrário como sucedeu com os preços da energia que aumentaram com a privatização da EDP e todos os exemplos vão neste sentido.

7ª O ajustamento traz confiança e vai atrair o investimento estrangeiro.
FALSO – Apesar da insistência dos nossos governantes no sentido de que para o estrangeiro Portugal se tornou confiável, a verdade é que o investimento estrangeiro que aparece é de fora da União, apenas “para controlar empresas que o Estado está a vender” a preços de saldo.

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