A maior parte dos desempregados
registados não tem acesso ao subsídio de desemprego. Serão pelo menos 272.789
aqueles que não têm direito a essa prestação.
(…)
O caso dos trabalhadores independentes (…)
é um retrato da precariedade social em que vivemos.
(…)
Dos [trabalhadores] que tiveram apoio, o
máximo que receberam em abril foi 292€, mesmo que tenham tido uma base de
descontos acima desse valor.
(…)
A vaga de abusos que se instalou no
mundo do trabalho atinge todos, mas as suas primeiras vítimas foram os
precários.
(…)
Os trabalhadores que mantêm os seus
empregos têm também sido sujeitos a inúmeros abusos, como se dá conta neste
relatório.
(…)
Este primeiro de maio [terá sido] feito
em casa e talvez nunca tivesse havido tantos motivos de preocupação.
As empresas e os serviços
públicos não funcionam sem trabalhadores bem preparados e qualificados,
motivados no desempenho das suas tarefas, conscientes dos seus direitos e
deveres.
(…)
Acabe-se com essa
patetice, resultante da ausência de cultura do trabalho e da cedência ao
neoliberalismo, de chamar aos trabalhadores "colaboradores".
(…)
Este regresso [ao trabalho
na próxima segunda-feira] não pode traduzir-se num estado generalizado de
exposição ao risco.
(…)
Os trabalhadores têm
direito, reconhecido na lei, à saúde e segurança no trabalho.
Quem sofre esse corte [de
um terço] no salário sabe como a realidade é bem mais dura, tão mais quando
anteriormente a duração do mês já desafiava a duração do salário.
(…)
[Proibir os despedimentos] foi um dos erros que o Governo cometeu, falhando a coragem para uma medida essencial que
evitasse uma maior destruição da economia.
(…)
Os direitos dos
trabalhadores, a proteção dos seus vínculos, fazem parte dos estabilizadores
automáticos que as crises colocam à prova.
(…)
Quanto mais frágeis esses
direitos [laborais], menor a proteção, maior o desastre social.
(…)
Os direitos a
salvaguardar, os setores estratégicos a proteger, é este o momento das
definições, não é depois.
(…)
O que fizermos hoje para
evitar que a crise se aprofunde será a proteção das contas públicos do futuro.
Pedro
Filipe Soares, “Público” (sem
link)
Estudantes obrigados,
agora, a pagar propinas em situação de aperto financeiro, são estudantes a
abandonar o Ensino Superior amanhã.
(…)
Modelos de avaliação que
discriminam os que não têm acesso a aparelhos digitais significam um alastrar
de injustiças para resolver no futuro.
(…)
Investigadores impedidos
de formular as suas candidaturas a projetos e pressionados por um prazo que a
FCT e o Governo insistem não adiar significa, no futuro, menos Ciência no nosso
país.
(…)
Delegar as responsabilidades
ministeriais nos reitores e nos presidentes dos Politécnicos tem um nome:
desresponsabilização.
Luís Monteiro,
“Público” (sem link)
O relançamento da economia
não pode e não deve voltar às soluções do passado, assentes no turismo
massificado ou em estímulos ao investimento estrangeiro com fins especulativos.
(…)
Dada a necessidade de um
enorme esforço de relançamento da atividade económica e do emprego, esta poderá
ser uma oportunidade para se começar a erigir um parque habitacional público,
que será, é certo, uma tarefa de longo prazo.
Ana
Cordeiro Santos, “Público” (sem
link)
Amedronta-me menos o vírus
circulante que os perímetros abdominais e as papadas de alguns políticos que me
querem proteger.
(…)
Hoje há quem defenda certificados de imunidade e a georreferenciação
das pessoas, enquanto, sofredores, resignados,
confinados, de máscara posta, adoecemos mentalmente.
(…)
Deputados do PS, do PSD e
do CDS chumbaram no Parlamento a atribuição temporária de um subsídio de risco
aos trabalhadores que asseguram actividades críticas, enquanto o resto do país
está em casa (protegido, dizem).
(…)
A ministra buzina permitiu
que médicos e enfermeiros fossem miseravelmente discriminados quanto ao
indecoroso aumento salarial dos restantes funcionários públicos.
(…)
No Parlamento, as
propostas que visavam a proibição da distribuição de dividendos relativos a
lucros de 2019 (e que exigiam das empresas apoiadas que não despedissem) foram
rejeitadas pelo PS e pelo PSD.
(…)
Depois abrem-se linhas de
crédito, que a banca aproveita para transformar créditos antigos, com risco
seu, em créditos novos, com risco do Estado.
Santana
Castilho, “Público” (sem
link)
Frente aos pesados efeitos da pandemia,
a preservação da saúde pública e a salvaguarda da liberdade individual não
podem ser incompatíveis.
(…)
Precisamos olhar com o maior cuidado os
contornos do «novo normal» que aí vem, impedindo que se instale a pesada teia
da distopia.
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