Como o Estado está a aumentar a despesa
para responder à pandemia, o Ministro da Economia parece anunciar um aumento
dos impostos para amanhã, a tal austeridade tão indesejável.
(…)
Se não houver agora despesa pública é
que de certeza termos mais impostos.
(…)
Perante o impacto da covid-19, só o
aumento da despesa do Estado (em gastos no serviço de saúde, em apoios a
salários ou evitando que empresas vão à falência) é que permite evitar o
agravamento da recessão.
(…)
E como só a recuperação da economia
poderá garantir o aumento da receita fiscal sem aumentar as taxas de impostos,
a chave para a salvação é manter o emprego e reorganizar as cadeias produtivas,
ou seja, investir para evitar a queda. Só nos salvamos da austeridade se a
economia for relançada.
(…)
Como não haverá investimento privado de
monte, é o investimento público inteligente que nos protege do abuso dos
impostos.
(…)
Em todo o mundo, o endividamento público
gerado pela resposta à doença vai disparar.
(…)
São as políticas de crescimento que
evitam o aumento de impostos.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Já está em curso o mecanismo que o Governo
de Berlim aproveitará para acentuar a sua vantagem no contexto de endividamento
que lhe é favorável.
(…)
Quanto pior é a crise do endividamento,
mais baixo o juro alemão, dado que a sua dívida é considerada um refúgio
seguro. Ou seja , a pandemia é uma notícia para festejar: o mundo está a pagar para
que o Governo de Berlim financie os seus gastos públicos.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Ficará por saber porque foram
requisitados hotéis mas não o hospital dos SAMS ou porque foi definido um preço
máximo para o gás doméstico mas não para as máscaras.
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Com o estado de calamidade que alguns
sempre defenderam como uma alternativa virtuosa, entramos no domínio da penumbra
constitucional.
(…)
Maio não pode ser um mês de nevoeiro
constitucional.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
O Estado é um gajo porreiro que paga mas
não manda [na TAP]. Apesar do estado ser dono de metade da empresa, a Atalntic
Gateuay nunca deu cavaco aos administradores nomeados pelo governo, sem
qualquer função executiva.
(…)
Como todas as companhias aéreas, a TAP
precisa urgentemente de dinheiro. David Neeleman e Humberto Pedrosa têm a
solução: entra mais dinheiro público e fica tudo na mesma.
(…)
Pedro Nuno Santos respondeu [ao CDS] com
uma lapalissada: se só o Estado meter dinheiro é o Estado que fica com a
maioria da propriedade. Parece óbvio mas os nossos liberais acham que a propriedade
privada é tão sagrada que deve ser financiada.
(…)
Regressam à mesma regra que se usou para
os bancos: capitalismo nos lucros, socialismo nos prejuízos. O acionista
privado distribui prémios, o acionista Estado corre riscos.
(…)
A ideia de que para o Estado pôr
dinheiro numa empresa (e eles querem que ponha) de que é acionista tem de
reforçar o seu poder nessa empresa é aviltante [para os nossos liberais].
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
Assumir que o ano letivo pode continuar como se a única mudança fosse não estarmos fisicamente
na escola, que o contexto de cada família e pessoa não se radicalizou, é fingir
que tudo está bem.
(…)
Os alunos de contextos
mais desfavorecidos são quem mais depende da relação de proximidade com os
professores, das bibliotecas, salas de informática e dos colegas para se
orientarem no sistema e desenvolverem as suas aprendizagens.
(…)
As grandes editoras entram
em ação vendo a oportunidade de criar a necessidade de novos “produtos” de
ensino a distância, dando-se mais um passo na mercantilização e desigualdade na
educação.
(…)
Todos sentimos o quão o
trabalho se desregulou em tempo, carga, invasão do espaço doméstico e até como
o direito à educação passou a depender dos recursos domésticos dos professores.
(…)
Enquanto a DGS resguarda
aqueles que a idade faz mais vulneráveis, o
Governo manda abrir o secundário em maio, pondo em
contacto direto turmas de dezenas de alunos e docentes com a mesma idade dos
avós destes jovens.
(…)
[Também as creches] são
convocadas a reabrir por razões economicistas que desvalorizam o risco de
contágio.
(…)
Pelo menos no básico e no
secundário, a passagem administrativa permitiria não reforçar desigualdades nem
discricionariedades na avaliação desta educação de emergência a distância.
Clara
Amaro, Educadora de infância e mais cinco professores desde o 1º Ciclo até ao
Ensino Superior, “Público” (sem
link)
[Há que salientar] que as
diferenças não foram anuladas pelo vírus, que a ideologia não chegou ao fim da
história e que nunca deixaram de existir os de cima e os de baixo, cujos
interesses e contradições se mantêm.
Cipriano Justo,
“Publico” (sem link)
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