O Miguel morreu há dez anos. Lembro-o aqui na foto de uma entrevista em que
recapitulou a sua vida, quando já se sabia doente com o cancro que o havia de
matar. Mas é um texto sábio, que mostra a alegria de ter escolhido o seu
caminho e de ter feito o que queria: lutou, pensou, escreveu, fez esplêndido
programas de tv, ajudou a criar o Bloco de Esquerda e nele teve uma palavra
decisiva. Foi fiel à sua busca incessante. E faz-nos falta.
Lembro hoje esse sorriso, essa inquietação, a teimosia mas também a disposição
para a convergência. O que ele nos ajudou a fazer e quis fazer foi enterrar o
sectarismo e o passado das esquerdas que se tornaram testemoniais, para criar
um partido de ação política e de influência de massas. Procurou sempre
abertura, alargamento, multiplicar. Foi, por isso, uma das mais importantes
figuras da esquerda portuguesa das últimas décadas. (Francisco Louçã)
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