(…)
Estranhamente,
muitos fizeram exigências de clareza a Mélenchon, mas ninguém achou que Macron
tinha de conquistar os seus votos. Bastava exigi-los.
(…)
O
máximo que podemos dizer de Mélenchon é que segurou no campo democrático quem
poderia ter ido para Le Pen ou para a abstenção.
(…)
Le Pen
adocicou a sua xenofobia, no que foi ajudada pelo execrável Zemmour, que a
normalizou. E assumiu cinicamente a agenda social que a esquerda tinha como sua.
(…)
A
farsa social de Le Pen resulta porque lhe deram espaço para isso.
(…)
Macron
atamancou um discurso ambientalista de última hora e usou o trunfo de Putin.
(…)
O
extremo-centro prefere perder para a extrema-direita a ceder um milímetro na
sua agenda económica e social.
(…)
Se,
com a sua própria agenda permanentemente adiada, [alguma esquerda] não acabará
por ser definitivamente abandonada pelas classes populares.
(…)
A
revolta é de quem, independentemente da idade, tem sido excluído dos ganhos do
progresso.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
"A geração mais qualificada de
sempre" choca frontalmente com uma estrutura produtiva assente em setores
de baixo valor acrescentado, relações de trabalho desequilibradas e marcadas
pela imposição unilateral do poder patronal, num quadro geral de desvalorização
(material e simbólica) do trabalho.
(…)
Muitos jovens dão por adquirido que para
terem a vida que anseiam terão de emigrar. É preocupante.
(…)
Durante anos e anos, temos tido políticas
de emprego que enfocam o lado da oferta, no pressuposto errado de que os
problemas da economia e do desenvolvimento do país se resolvem a partir da
aquisição individual de "competências".
(…)
A educação e a formação, sendo
absolutamente indispensáveis, não são suficientes.
(…)
As capacitações necessárias para o
trabalho e o emprego no futuro são bem mais amplas que uma boa manipulação de
teclados associada ao "mito da automação" e a outros determinismos
tecnológicos.
(…)
Faltam políticas industriais que puxem
pelas potencialidades de diversos setores.
Falar em guerra sem nomear o agredido e o agressor, e tirar
daí consequências, é colocar-se do lado do agressor.
(…)
Se o
conflito é entre a NATO e o regime de Putin, que é para todos os efeitos
igualmente maléfico, por que razão o PCP acaba encostado a um dos lados, sempre
pronto para o justificar pela equivalência?
(…)
Em 2022, não há um único factor que justifique a invasão da
Ucrânia, não há motivo forte, nenhuma provocação.
(…)
O que
é que aconteceu de muito grave em 2022 que levou Putin a preparar, negar e
depois começar uma invasão maciça da Ucrânia? Nada.
(…)
É uma
pura agressão, uma pura guerra de grande escala que inclui desde início a ameaça do nuclear, o ataque a civis
(incontroverso em geral, mesmo que nalguns casos possa haver montagens).
(…)
A atitude do PCP [ao apoiar Putin] não afecta apenas o PCP,
afecta a saúde da democracia muito para além do partido.
(…)
E o
PCP, enfraquecendo-se por culpa própria, fez um enorme favor à direita radical,
e não é pelo encolhimento do voto dos comunistas, mas pelo enfraquecimento do
movimento sindical em particular.
(…)
O PCP,
para além de se ter perdido a si mesmo, acabou por fazer, nas suas palavras, o
maior frete possível ao “patronato”.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
É
certo que a actual geração de jovens é a mais bem formada e capacitada, mas
será mesmo que esta geração terá as melhores condições para esperar um futuro
promissor?
(…)
A
nossa geração tem obrigatoriamente de enaltecer as suas bandeiras políticas:
informar, lutar e impedir o crescimento deste flagelo político [da
extrema-direita] na Assembleia da República.
(…)
O
combate ao populismo, ao racismo, à xenofobia, ao machismo, à homofobia e à
“ciganofobia” vão ser verdadeiros desafios nos próximos tempos com a nova
claque de cheerleaders
de André Ventura.
(…)
Há que
enaltecer os verdadeiros valores de Abril e relembrar a sua importância, a sua
história e o seu papel para que hoje pudéssemos estudar, falar, pensar e actuar
de uma forma livre e democrática.
(…)
E se
achávamos que duas crises não bastavam, a Rússia achou sensato violar todas as
normas do direito internacional e invadir um Estado soberano.
(…)
Já
agora, por falar em tiros, é importante referir os repetitivos tiros no pé que
o PCP incansavelmente insiste em dar em si próprio.
(…)
[As consequências
desta guerra na Europa levam a que atualmente sejamos] confrontados com perspectivas de futuro absolutamente dantescas.
Renato Daniel, “Publico” (sem link)
[Portugal]
é uma terra onde a abundância de animais deu lugar a escassez ou extinção, onde
as diversas florestas nativas foram substituídas por monótonas manchas de
plantas exóticas ou encostas despidas.
(…)
As áreas protegidas, casa e refúgio da vida selvagem apenas
existem no papel.
(…)
Todas as áreas classificadas do país enfrentam ameaças.
(…)
Educação
ambiental é uma miragem, as nossas crianças e jovens não aprendem na escola o
nome das árvores da nossa floresta ou o nome dos animais que fazem parte dos
nossos ecossistemas.
(…)
A consciência para o estado das nossas áreas naturais é quase
nula.
(…)
As áreas protegidas não podem continuar esquecidas. É preciso
tornar Portugal um lugar mais selvagem, com vida.
Daniel Veríssimo, “Público” (sem link)
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