(…)
21 mil
milhões de dólares — era o valor de toda a sua fortuna em 2018. Hoje representa 8% do seu património.
(…)
Musk
compra o Twitter porque pode e pode porque uma desigualdade sem precedentes permite chegar a níveis de concentração de
riqueza que a Humanidade nunca conheceu.
(…)
A SEC,
regulador de mercado nos EUA, processou Musk por ter usado o Twitter para manipular o preço das
ações da Tesla.
(…)
Comprar
esta plataforma [Twitter] garante a Musk mais do que o gigantesco megafone
mediático e o exército de fanáticos que o segue, deslumbrados pelo dinheiro que
não têm e a liberdade que não será sua.
(…)
Dá-lhe
o poder de decidir quem será mais lido ou que conteúdos serão mais populares
através dos algoritmos.
(…)
Todas
as plataformas onde hoje se faz quase todo o debate público e que determinam a
agenda mediática e política (Facebook, Instagram, WhatsApp e Twitter) ficam nas
mãos de dois dos homens mais ricos do planeta: Musk e Zuckerberg.
(…)
O
sector mais sensível para as democracias é o mais concentrado, desregulado e
opaco.
(…)
Não é
por acaso que esta compra foi recebida com especial entusiasmo por trumpistas, comentadores da Fox News e produtores de fake news.
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Dados
de um estudo conduzido pela rede social provam exatamente o oposto. [O Twitter não privilegia os conteúdos de
esquerda].
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Também
ele [Musk] usou a rede para partilhar conteúdos negacionistas e chamou “fascistas” às autoridades de saúde que decretaram o
confinamento na Califórnia.
(…)
A
Tesla persegue quem organiza processos de sindicalização. A liberdade de Musk é
sempre e apenas a liberdade para Musk.
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Acima
da lei, da moral ou de qualquer regulação — já chamou de “marionetas sem vergonha” aos reguladores.
(…)
No
fim, quem tiver mais poder esmaga o outro, porque assim dita a liberdade de
cada um.
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Normal
que o milionário queira a selva. Estranho é quando o pobre se julga livre nela.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Este ano, a evocação do Dia Internacional do Trabalhador, dia 1.º de
Maio, ocorre num quadro político e social de enorme complexidade e carregado de
riscos.
(…)
É imprescindível uma atenção redobrada ao mundo do trabalho e à
importância da organização e da ação coletiva dos trabalhadores.
(…)
Que economia é esta que gera a brutal
concentração de riqueza que permite ao senhor Elon Musk oferecer 44 mil milhões
de euros (mais de 3 PRR) pelo Twitter?
(…)
Que democracia, que direitos humanos, que
emprego e direitos laborais e sociais sobrevirão se prosseguirem estas
selvajarias?
(…)
A democracia ganha vida, e as
alternativas germinam, a partir da participação organizada dos trabalhadores,
dos cidadãos, do povo.
(…)
Oxalá os governantes europeus, e também
os grandes meios de comunicação, se comportem, não como vassalos de um império,
mas antes como defensores empenhados dos valores humanistas e da paz.
(…)
É hora de todos os que se preocupam com o
valor e a dignidade do trabalho afirmarem a importância do sindicalismo.
(…)
Neste 1.º de Maio, relembremos que os
sindicatos criam as suas raízes e se alimentam, em primeiro lugar, na ação
desenvolvida a partir dos locais de trabalho.
Eu
tenho as melhores memórias da Rússia, melhor, eu devo muito à Rússia, e por
isso me repugna confundir Putin com “os russos”, como agora se faz.
(…)
Também
não me enganei sobre Putin, nem sobre a elite dirigente da Ucrânia, sobre a
qual convém não ter muitas ilusões, em particular não retratando esta guerra
como uma guerra entre a democracia e a ditadura, mas sim como outra coisa: uma guerra entre um agressor e um agredido.
(…)
O
agressor não é o povo russo, é Putin e a sua corte militar e civil, mas o
agredido é o povo ucraniano, seja quem for quem o governe.
(…)
E
nesta guerra ficar do lado do agressor é espezinhar a liberdade, a soberania, o
direito, a humanidade e as pessoas.
(…)
Mas o
que também faz parte dessa tragédia russa é que alguma da sua cultura esteja
exactamente nos antípodas dessa violência.
Pacheco
Pereira, “Público” (sem link)
Ao
arrepio dos tempos, Portugal, ex-metrópole de um dos mais longos e extensos
impérios coloniais, deixa de fora três artistas negras – Grada Kilomba e a
dupla de Mónica Miranda e Paula Nascimento –, da possibilidade de representação
do país [na bienal de Veneza].
(…)
São
necessárias medidas que deem suporte continuado a espaços artísticos (no centro
e na periferia) que tenham na sua matriz o debate sobre a (pós e
de)colonialidade e negritude; que garantam maior representatividade
étnico-racial nos lugares de decisão.
Cristina Roldão, “Público” (sem link)
[Durante
o Estado Novo] era preciso também fazer com que os seus diversos aliados no
combate antifascista fossem igualmente desclassificados, de modo a impedir a
construção de uma frente alargada de resistência.
(…)
A
designação como “comunista” de todo o opositor, viesse este de onde viesse,
passou então a ser usada como forma de desqualificação social e de exclusão
política.
(…)
Desta forma, o regime funcionou também como “fábrica de
comunistas”, ampliando a sua presença para além da realidade dos números
e fazendo mesmo com que muitos cidadãos acabassem por tornar-se militantes.
(…)
Em
democracia, e em particular nos anos mais recentes, a memória desse
anticomunismo tem sido, paradoxalmente, utilizada como arma usada pelo PCP.
(…)
No
momento presente, o enorme isolamento no que respeita à posição tomada face à guerra
de invasão da Ucrânia pela Rússia e à caraterização do regime
imperial de Vladimir Putin tem levado o partido, e sobretudo muitos dos seus
militantes, a usar largamente o qualificativo de “anticomunismo”.
(…)
“Opor-se ao PCP” pode ser, muito simplesmente,
discordar com frontalidade de escolhas que em certos momentos a sua direção
assumiu e a maioria dos seus passou a defender sem hesitação.
Rui Bebiano, “Público” (sem link)
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