(…)
Musk,
hoje o homem mais rico do mundo em função da valorização vertiginosa da Tesla,
é um aventureiro com uma agenda colada à do seu amigo Donald Trump.
(…)
A
absorção do Twitter por este projeto político condená-lo-ia ao fanatismo.
(…)
[O Twitter]
tem menos capacidade de comunicação do que o WhatsApp, mas tem uma alta
intensidade entre um público influente e, por isso, tornou-se um dos lugares
preferidos dos discursos políticos e ideológicos.
(…)
Se
Musk a controlar, e por via dele Trump, ampliar-se-ão os tradicionais problemas
deste tipo de redes, que facilitam os discursos de ódio. O defeito passará a
ser o feitio, se já não o era.
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Sucessivas
investigações jornalísticas têm comprovado a relação estreita entre os
mecanismos de enriquecimento através de favores fiscais e outros, e a
criminalidade económica ou o abuso do poder político.
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O
sistema económico apoia-se no segredo do capital e tudo é possível.
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A
lista dos Pandora Papers, revelada no ano passado pelo Expresso, indicava os
nomes de 14 governantes em funções e mais 21 que por lá passaram recentemente,
entre 300 dirigentes de vários Estados, que, em segredo, teriam feito
transferências de capital em offshores.
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Lá
estava todo o séquito de Putin, como seria de esperar; Ilham Aliyev, Presidente
do Azerbaijão; Andrej Babis, primeiro-ministro, entretanto reeleito, da
República Checa; Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia, que transferiu a
sua parte de uma empresa offshore para um amigo, atualmente seu conselheiro; o
casal Blair e tantos outros.
(…)
Um dos
facilitadores que foi mais escrutinado recentemente foi o Credit Suisse, depois
da revelação de documentos sobre 30 mil clientes com 80 mil milhões de dólares.
(…)
Portanto,
se nos perguntamos se queremos multimilionários enriquecidos pelos favores
fiscais à frente de redes da comunicação mundial, a resposta é evidente.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Com 22% nas mãos em noite eleitoral,
Jean-Luc Mélenchon não apelou directamente ao voto em Emmanuel Macron mas
enfatizou, por variadas vezes, o slogan de "nem um voto para Le Pen".
(…)
No subtexto e entrelinhas, a 1,5% de Le
Pen na primeira volta, eis um debate onde Mélenchon poderia estar, não fosse a
habitual tendência da Esquerda para a volatilização mesmo quando a
extrema-direita avança como nunca.
(…)
Quando Álvaro Cunhal pediu ao eleitorado
do PCP para votar em Mário Soares de forma a evitar a eleição de Freitas do
Amaral nas Presidenciais de 86, fê-lo expressamente.
(…)
O PCP e outras esquerdas souberam de que
lado estar para evitar o que, para eles, seria o pior de dois males.
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[Pode
a esquerda permitir] que boa
parte do seu eleitorado se sinta tentado a abster-se quando se luta para que
não vença o incomparavelmente pior de dois males? Nunca.
O que
mais surpreende na alegação de que um dos traços novos da situação política em
Portugal é a emergência de um partido liberal é a crença em que isso é mesmo
novo.
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A verdade é que o partido liberal foi tendo vários nomes e
tem a idade da contrarrevolução em Portugal.
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Insinuou-se no repúdio da Constituição da República com a
invocação de que ela enfermava de “uma excessiva carga ideológica”.
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O
partido liberal foi o partido das privatizações que estiveram na génese do
poder da elite de BPNs, BES e tutti
quanti.
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Nos
anos oitenta, o partido liberal pôs em marcha uma estratégia organizada de
tenaz sobre as políticas de igualdade e de democracia ampla.
(…)
[O
partido liberal] Impôs a sua agenda de poder
económico, social e político disfarçando-a de ciência ou de decorrência da
“natureza das coisas”.
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Essa
tese de que o mercado é natural e que quem o defende o mais ilimitado possível
não tem preconceitos ideológicos é uma tática velha do partido liberal.
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A orientação neoliberal triunfante na União Europeia foi
adotada como delimitadora do espaço de possibilidade das políticas em Portugal.
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Na
verdade, o que a propaganda do partido liberal propõe hoje aos jovens é a mesma
receita individualista que prometeu aos seus pais.
José Manuel Pureza, “Público” (sem link)
Lisboa
acolhe, na última semana de junho, a II Conferência dos Oceanos das Nações
Unidas, coorganizada pelos Governos de Portugal e do Quénia.
(…)
Portugal
tem-se posicionado publicamente nos últimos anos como um dos países na linha da
frente da conservação marinha e é agora necessário, mais do que nunca, que as
palavras deem lugar aos atos.
(…)
É
agora esperado, de Costa e Silva e do restante Governo, enquanto anfitriões da
conferência, que liderem os esforços internacionais no que toca à conservação
do meio marinho.
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O
papel do oceano enquanto regulador do clima
é cada vez mais evidente para todos aqueles que se preocupam com a crise
climática e com as desigualdades sociais e económicas que ela gera.
(…)
Sabemos
que a estabilidade do sistema climático depende grandemente de um ambiente
marinho saudável e, enquanto principais agressores do meio, é nossa função
fazer mais.
(…)
Existe
atualmente consenso entre os investigadores dos ecossistemas de profundidade e
alguns dos mais proeminentes comunicadores de ciência quanto à necessidade de
implementar uma moratória de dez a 20 anos a esta atividade [mineração do mar].
(…)
Em
setembro, o congresso da União Internacional para a Conservação da Natureza
(IUCN) votou de forma estrondosa a favor da moção que visa a proteção de
ecossistemas oceânicos profundos e da sua biodiversidade.
(…)
É
fundamental que Portugal se junte às vozes que apelam à precaução e à proteção
de um dos ecossistemas mais frágeis e menos conhecidos do nosso planeta e
assuma uma postura progressista, ao implementar uma moratória à mineração
marinha em território nacional.
Ana Matias, “Público” (sem link)
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