sexta-feira, 1 de julho de 2022

CITAÇÕES

 
[Para a medição na economia] a conta do PIB é enganadora e, mesmo para comparações internacionais, devemos substituí-la por medidas mais rigorosas.

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O PIB é uma agregação que ignora a estrutura da produção e a distorção da distribuição, desconhece a qualidade de vida ou a sua sustentabilidade, só registando transações (…), por usar o único critério do preço.

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[O PIB] esquece os bens não-mercantis e outras funções so­ciais. 

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Ir além [do PIB como uma medida do progresso e bem-estar humanos], mas como?

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A primeira [alternativa proposta por Jayati Ghosh, professora na Universidade de Amherst, EUA] seria medir o trabalho, usando o produto do salário mediano pela taxa de emprego.

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Em alguns dos países mais desenvolvidos, em 2009-2020, o PIB cresceu mais depressa do que este indicador, o que sugere um agravamento da desigualdade.

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A segunda seria a percentagem da população com uma dieta adequada.

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Na Índia, o Banco Mundial regista um nível de pobreza até 22%, mas 71% da população não tem acesso aos bens alimentares essenciais. 

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A terceira alternativa será o uso de parâmetros do tempo de trabalho, incluindo as várias formas de contrato, mas também o trabalho não-pago, nomeadamente nos cuidados sociais.

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A quarta alternativa seria indicar o nível de emissões de CO2 per capita. 

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Segundo os dados da ONU, os 1% mais ricos gastam 30 vezes o padrão de consumo sustentável para um limiar de aumento da temperatura até 1,5°C em 2030.

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[A incorporação dos principais objetivos definidos para o bem-estar] requer a visibilidade das escolhas da economia — e esse busílis é a última coisa que é desejada por quem manda.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia

 

Há três explicações possíveis para o salto da inflação a que estamos a assistir. 

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A primeira, a de uma parte da direita, é que se trata do efeito do excesso de procura, agravada pelos Governos gastarem demais em apoios sociais durante a pandemia.

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A segunda, mais tradicionalista, é que a oferta caiu, dadas as ruturas nas cadeias de produção e sobretudo com o efeito da guerra ucraniana nos preços da energia. 

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A terceira, mais crítica, é que as margens das empresas que condicionam os preços dispararam. 

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Este impulso inflacionário é simplesmente a tradução do poder de empresas, e é por isso que alguns países decidiram taxar os lucros extraordinários obtidos por esta via.

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Em Portugal isso nunca acontecerá. Pelo amor da santa!

Francisco Louçã, “Expresso” Economia

 

No terramoto político de ontem em Portugal, Pedro Nuno Santos marcou-se como seguro.

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É muito difícil acreditar no acto de contrição do ministro das Infraestruturas quando tudo soa a tacticismo e sobrevivência. O desconforto é evidente.

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Quando os portugueses entregaram uma maioria absoluta a António Costa, não pensaram na instabilidade que iriam criar na luta interna pela sucessão no PS.

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É totalmente entendível que António Costa o queira manter por perto, diminuído.

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Há um primeiro-ministro que não hesitará em simular negociações [com o PSD], mesmo quando o futuro líder da oposição delas se distancia e a solução a propor já aparece em envelope lacrado.

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O ministro das Infraestruturas conseguiu afundar um porta-aviões em plena pista de aterragem de aeroporto.

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Este espectáculo de assincronismo, com António Costa a cuidar das ambições europeias e os potenciais candidatos à sucessão em roda livre, não pode permitir a vitória do esquecimento perante o caos e o desastre que se anuncia para o SNS.

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A dimensão megalómana de construir dois aeroportos (…) é completamente incompreensível.

Miguel Guedes, JN

 

Ao longo das últimas décadas, a globalização impôs o comércio livre e a livre circulação de capitais aos países em vias de desenvolvimento.

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Os maiores grupos multinacionais são um retrato eloquente dessa realidade [através de políticas públicas que incluem o direito de não pagar impostos].

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Algumas das empresas mais lucrativas do mundo pagam níveis mínimos de imposto colocando as suas entidades constituintes em paraísos fiscais.

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Todos os países têm sido crescentemente colocados perante um dilema: baixar os impostos sobre os rendimentos de capital (coletivos e singulares) ou ver esses rendimentos desaparecer através de operações contabilísticas pelas multinacionais.

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Registou-se assim uma “corrida para o fundo” da taxa de IRC efetiva.

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A perda de receita fiscal leva a uma transferência de carga fiscal para os rendimentos do trabalho.

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A consequência é um colapso do investimento e serviços públicos.

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Para lá das fábulas, o acordo da OCDE [assinado por 137 países no final de 2021] é possível apenas pela pressão de vários Estados nacionais, com a França à cabeça, que se mostraram crescentemente indisponíveis para aceitar a expropriação da sua receita fiscal.

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Sem estas medidas unilaterais, o acordo global teria ficado em águas de bacalhau para toda a eternidade.

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Tem sido falsamente anunciado que se concretizará uma tributação sobre as multinacionais justa, justamente distribuída e efetiva.

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Não é uma tributação generalizada sobre as multinacionais, uma vez que só uma [pequena] parte será abrangida. 

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Não é efetivo porque está cheio de exclusões, deduções e exceções.

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O Observatório Fiscal Europeu mostra que só na primeira década se perde 23% de receitas fiscais na UE.

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O imposto não é justo porque será aplicada uma taxa muito mais baixa do que é aplicado na maior parte dos países e para a maior parte das empresas. 

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Finalmente não é justamente distribuído, porque o mundo desenvolvido fica com uma fatia esmagadora dos lucros tributados.

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É preciso, finalmente, preparar o terreno para dois cenários crescentemente plausíveis. Em primeiro lugar, uma recusa dos Estados Unidos em implementar o acordo ou fazê-lo de forma incompleta.

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Em segundo lugar, ainda há a possibilidade de algum Estado-membro vetar a sua implementação na EU.

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Ainda falta um longo percurso para que este modesto precedente possa ver a luz do dia.

José Gusmão, “Público” (sem link)

 

Em face da reação pública de António Costa, manifestamente humilhante para o seu ministro, é incompreensível que Pedro Nuno Santos venha falar de uma “falha de articulação e comunicação” e nos premeie com a farsa de permanecer no Governo.

Susana Peralta, “Público” (sem link)


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