(…)
O que
importa é quem manda e, mais do que tudo, quem reduz os outros a pensar no
mesmo quadro mental.
(…)
Esse é
o sucesso da submissão da Europa, enterrado o sonho de uma multipolaridade
energética e de uma voz própria.
(…)
Todos
os dirigentes europeus se curvam à liderança de Washington.
(…)
Um
líder improvável como Biden conseguiu o maior sucesso do século da política
externa norte-americana, mas pode perder as próximas eleições e abrir as portas
ao regresso de Trump.
(…)
Há um
novo passo na integração dos exércitos nacionais no dispositivo de comando da
NATO.
(…)
O
aumento extraordinário do orçamento militar alemão (…) ultrapassa só por si o
valor total do orçamento militar russo do ano passado.
(…)
Mas,
como os EUA gastam 12 vezes o orçamento russo e lideram a Aliança, a sua ordem
é que conta.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia
Conhece-se
pouco sobre a realidade da guerra desencadeada pela invasão da Ucrânia,
sobretudo pelo facto de, do lado russo, só estarem jornalistas chineses e
turcos.
(…)
Não
temos informação completa e estamos presos entre as estratégias comunicacionais
que fazem parte do conflito.
(…)
“A 15
de junho, um general ucraniano disse que tinham perdido 1500 veículos, 400
tanques e 700 sistemas de artilharia, muito mais do que anteriormente se
pensava.”
(…)
As
baixas russas também não são conhecidas com rigor, presumindo-se que sejam
elevadas.
(…)
O
trabalho de jornalistas limitaria a capacidade de propaganda e permitiria
conhecer o que se passa nalgumas frentes.
(…)
E não
se saber serve o propósito da guerra infinita.
(…)
A
primeira [certeza] é que as batalhas se arrastam e que faltam tropas a ambos os
lados.
(…)
[Putin]
contrata soldados nas zonas mais pobres, poupando os grandes centros urbanos,
onde o regresso dos caixões é mais notado.
(…)
A
segunda certeza é que este é o paraíso da indústria das armas.
(…)
Diz
“The Economist” que a Ucrânia recebeu 7000 mísseis Javelin, antitanque, o que
corresponde à produção norte-americana de três anos.
(…)
E,
desde o primeiro dia, falta o jornalismo independente que nos conte a guerra
longa.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia
A penalização por permitirmos que sucessivas gerações de políticos fujam
de um desígnio constitucional com 46 anos é encontrarmos agora um país que,
enquanto faz de conta que descentraliza, é cada vez mais obsessivo na
manutenção de um centralismo serôdio.
(…)
Depois de António Costa e Marcelo
assegurarem que este seria finalmente o tempo de se fazer caminho para a
regionalização, eis que o reformista Luís Montenegro se encolhe perante a maior
reforma do Estado.
(…)
O líder da oposição considera a maior
reforma do Estado, desígnio constitucional, como uma questão menor, não
essencial.
(…)
A responsabilidade de tomar decisões
está, agora, num território do qual nunca deveria sair, o político.
(…)
É misterioso que se exija um referendo
(que só seria vinculativo se nele participassem mais de 50% dos eleitores) para
uma questão que pode e deve ser decidida no âmbito legislativo.
(…)
Ninguém referendou a adesão à moeda
única, ninguém referendou a adesão de Portugal à CEE, ninguém referendou a
Constituição.
(…)
Porque se obrigam, agora, a referendar um
princípio dessa mesma Constituição?
(…)
O arco do poder não está disposto de
abdicar de uma fatia do bolo em nome da reorganização do Estado, das políticas
de proximidade e compreensão das populações.
(…)
Exige-se clarividência e coragem.
Esta
quinta-feira, 22 malianos morreram, entre eles
três crianças, ao largo da costa líbia. Viajavam integrados num
grupo de 83 migrantes que se fez ao mar num barco deixado à deriva.
(…)
Na
semana passada, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) denunciava
a morte de pelo menos 20 migrantes no deserto da Líbia e pedia mais protecção
ao longo da fronteira entre o Chade e a Líbia.
(…)
A ONU
está preocupada porque o impacto da pandemia e da guerra na Ucrânia nos países
mais pobres do mundo, nomeadamente em África, com o aumento da insegurança
alimentar, levará mais gente a escolher os caminhos perigosos da migração para
chegar à Europa.
(…)
Desde
a queda de Muammar Khadafi em 2011 que a Líbia passou a ser uma rota
privilegiada para as organizações de tráfico de migrantes.
(…)
[O Mali e o Níger são] dois países muito afectados pela
insegurança na zona do Sahel devido à presença da violência terrorista do
Daesh.
(…)
Tentar
chegar ao Reino Unido e acabar enviado para o Ruanda,
(…), é o que o Governo britânico preparou para responder ao fluxo de migrantes
que se lança ao Canal da Mancha para tentar a sua sorte.
(…)
As críticas à decisão foram generalizadas (incluindo do
príncipe Carlos, herdeiro do trono…) até pelo perigoso
precedente que abre.
(…)
O
brado internacional em nada mudou os planos britânicos e esta semana o Guardian relatou que o
Governo já está a planear um segundo voo de refugiados para o Ruanda.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
A
invasão do Capitólio representou um ataque à democracia liberal e à ideia de
pluralidade como elemento identificador das sociedades ocidentais, em nome de
uma América culturalmente monista, moralmente conservadora.
(…)
[A recente retirada da cobertura constitucional ao
direito ao aborto nos EUA] implica uma dose elevada de arbitrariedade
dos estados sobre os direitos fundamentais, além de servir de precedente para a
reversão de outros direitos individuais como o casamento homossexual.
(…)
Em
termos práticos, ao transferir para os estados a decisão legislativa, o Supremo
Tribunal [EUA], de maioria conservadora, abriu a porta a polarização definitiva
do país.
(…)
Somos
confrontados com a mais séria hipótese de uma guerra civil no país [EUA], pois
não está em causa um debate entre uma economia de mercado ou uma economia mais
protecionista, mas sobre modelos antagónicos de sociedade.
(…)
Hoje temos de olhar e perceber que o Estado da Desunião
ameaça ruir as fundações do país.
(…)
A tempestade é perfeita, com a guerra na Ucrânia, a crise dos
cereais, a ameaça da inflação e do desemprego.
(…)
É seguro afirmar que a lógica da democracia liberal
pluralista está em crise, lá [EUA] e na Europa com o crescimento de
partidos e movimentos radicais que visam uma democracia iliberal, baseada na
vontade absoluta da maioria cultural sobre os direitos das minorias.
João Ferreira Dias, “Público” (sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário