sábado, 9 de julho de 2022

MAIS CITAÇÕES (189)

 
O caso do pai de Famalicão que não deixa os seus filhos ir às aulas de Cidadania ultrapassa o debate sobre o que é ensinado naquela disciplina.

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Se a escola não substitui a família, ela não é um mero prolongamento da vontade individual de pais que se vejam como proprietários dos seus filhos. 

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[O debate] é sobre a forma de continuarmos a viver numa sociedade cada vez mais polarizada, quando o individualismo extremo e o ultraconservadorismo religioso contestam todas as formas de autoridade democrática do Estado.

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A escola não se serve à la carte, onde os que não gostam do que se ensina [tiram de lá os seus filhos].

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Isto não impede que se escrutine o currículo de cada disciplina.

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Reconheço o direito a outros contestarem a existência das aulas de Cidadania, sabendo que o que ali é lecionado corresponde a princípios constitucionais. 

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Não existe, por mais que tentem, educação neutra. Vivemos em sociedades plurais e tudo será sempre contestado.

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[Uma das formas de os pais lidarem com estas discordâncias é incutindo aos filhos] o hábito de ter um olhar crítico em relação ao que ouvem e leem.

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Mas ninguém pode decidir que os alunos vão ou não vão às aulas conforme a concordância ou discordância dos pais com os currículos de cada disciplina.

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Todas as exceções possíveis para que os alunos não fossem prejudicados por uma escolha que não é sua foram exploradas [pelo Ministério da Educação]. 

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[Aquele pai apenas usa os filhos] - e exibe-os no palco mediático — para uma agenda ultraconservadora que tem como único objetivo uma cedência do Estado às suas exigências políticas individuais.

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Sabemos, olhando para os EUA, para onde estas cruzadas nos querem levar.

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[Há um adulto que usa] os seus filhos para a defesa das suas convicções, fazendo-os pagar por escolhas que são suas.

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Compreende-se o raciocínio de quem não pode transigir [leia-se Ministério Público] perante a ideia de que há uma lei à escolha, (…), para impor ao Estado democrático as suas regras.

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No dia em que assim for não é só a escola pública que se torna inviável. É a vida em sociedade.

Daniel Oliveira, “Expresso”

 

Um conjunto de lutas sindicais e laborais vêm-se desenvolvendo em vários setores de atividade.

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O atual quadro político convoca entrosamento entre as agendas social e política e muita atenção ao mundo do trabalho.

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[Precisamos de] um governo com qualidade (está ausente em várias áreas), com liderança, e com coesão feita da ação articulada dos ministérios e não de jogos palacianos.

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Os impactos da guerra na Ucrânia estão longe de ser percecionados.

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São as realidades concretas de cada país que determinam o êxito ou fracasso dos governos e seus líderes.

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Parece continuarmos a ter e a proteger empresários especialistas em negócios privados com dinheiros públicos e a ter governantes ou ex-governantes distraídos.

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O Congresso do PSD não nos apresentou qualquer programa sustentado para o desenvolvimento do país.

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Temas para dar respostas às reivindicações dos trabalhadores e resolver entropias que peiam o nosso futuro, estão aí. 

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Da Agenda do Trabalho Digno reclamam-se respostas para reequilíbrio e revitalização do sistema de relações laborais, valorização da contratação coletiva, combate às desigualdades e à precariedade.

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A Estratégia Nacional de Combate à Pobreza tem de assentar no princípio de que nenhum cidadão deve ficar na dependência da caridade alheia.

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E espera-se que a discussão da sustentabilidade da Segurança Social não vá beber, direta ou indiretamente, nas receitas do FMI.

Carvalho da Silva, JN

 

A polémica sobre aquilo que é entendido como linguagem “inclusiva” já dura há vários anos.

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A polémica da linguagem inclusiva que já chegou à publicidade e à rua, com a campanha da Fox nas paragens de autocarros, é um sinal irónico do valor comercial destas questões.

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Porquê “inclusivas”? Porque elas permitem nomear a variedade de identidades e questões associadas com elas que existem, ou supostamente existem.

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Há um pequeno problema com isto tudo, com esta nova terminologia, com a selva de classificações e as respectivas gavetas em que cada um é metido e a obsessão pelas identidades –​ é que não é nem inclusiva, nem democrática.

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A sociedade democrática não é um produto natural, mas cultural.

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É uma escolha de responsabilidade humana, que tem por base uma igualdade potencial entre todos, todas e todos.

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Sabemos que essa igualdade não existe (…) há múltiplos factores de exclusão na sociedade que torna uns mais “cidadãos” do que outros.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Antes de mais, o objectivo da disciplina [Cidadania e Desenvolvimento] é claro: contribuir para a formação de pessoas responsáveis, autónomas e solidárias.

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Os conteúdos da disciplina relacionam-se com os Direitos Humanos, a sustentabilidade ambiental, a interculturalidade, a saúde, a segurança rodoviária e a igualdade de género.

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Qualquer dia, algum encarregado de educação achará que é sensato boicotar, sem fundamento científico, as disciplinas de Ciências Naturais ou Português, porque os conteúdos das mesmas são “ideológicos”.

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Os temas concernentes à identidade de género não se enquadram na afamada “ideologia de género”, designação rejeitada pela comunidade académica.

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Existindo bom senso, não há incompatibilidade entre os conteúdos plasmados nesta disciplina e a educação de uma criança num seio familiar.

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Note-se que o seio familiar não é o único meio a que uma criança está sujeita. Será a soma das suas vivências que a irá formar como cidadã e pessoa.

Miguel Miranda Correia, “Público” (sem link)

 

A vida, como a conhecemos, assenta numa lógica de confiança em que cada um está a fazer aquilo que se espera que faça e que existem instituições que verificam e asseguram esse cumprimento.

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Dentro desta forma de organização que nos é apresentada, e na qual confiamos, não é suposto que, ao mais alto nível das instituições nacionais, alguém brinque com coisas que são sérias.

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Uma moção de censura costumava ser uma coisa séria e não estávamos habituados a assistir à sua apresentação de outra forma.

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Uma moção de censura deve visar o Governo e não constituir um instrumento táctico de um partido, ainda menos com vista ao seu posicionamento na oposição.

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Mas foi o que fez o partido de André Ventura.

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Não foi a governação socialista o alvo da moção de censura, mas sim a oposição social-democrata.

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Como reage a isto o PSD? Aparentemente com a admissão de que poderá chegar a entendimentos com o Chega, ao mesmo tempo que decreta jamais associar a políticas racistas ou xenófobas.

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Mal vai um país em que parte significativa do seu eleitorado se deixou enganar por um grupo de oportunistas e em que as suas forças políticas tradicionais não denunciam o que sabem ser verdade.

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Mas a única coisa que vemos o PSD fazer é mostrar receio pelo seu futuro e complacência pelo Chega.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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