Tudo indica que a prioridade de muitos eleitores em 5 de Junho último fosse correr com uma figura sinistra como aquela em que Sócrates se tornou. Se calhar, daqui em diante, iremos conhecer, aos poucos, a extensão dos múltiplos embustes com que o anterior PM nos brindou ao longo do seu ciclo governativo. O primeiro já começou a ser desvendado e é o que se relaciona com a sua fraudulenta licenciatura em engenharia. Para quase toda a gente não se tratou de uma novidade, mas apenas de uma confirmação daquilo que era mais do que uma suspeita.
O raciocínio de muita gente foi: qualquer coisa que venha a seguir, pior do que o que já existe não pode ser. Mas pode, embora com outras envolvências. A factura que Sócrates nos deixou vai ser pesadíssima e só algumas franjas da população não irão sentir os seus efeitos.
Em poucos dias já se tornou evidente o que a direita radical que agora ascendeu ao poder vai levar a cabo, numa espécie de ajuste de contas com muitos direitos conquistados pelos portugueses que já sentíamos tão naturais como o ar que se respira. O Estado Social vai sofrer um ataque sem precedentes na nossa democracia e, tudo o que der lucro vai ser transformado em negócio: saúde, educação, segurança social para só mencionarmos os sectores mais significativos.
No texto que hoje assina no “Expresso”, Daniel Oliveira analisa o programa do Governo PSD/CDS em várias vertentes. Sobre a parte social, diz ele:
“O programa deste Governo não é social. Partes importantes do Serviço Nacional de Saúde, um filet mignon sem concorrência e com procura garantida, serão entregues a privados. O que sobra nas mãos do Estado será, quase na totalidade, pago pelos cidadãos. A gratuitidade passará a ser a excepção. Na educação os recursos públicos serão usados para financiar o privado, estratificando, de uma vez por todas, e desta com o dinheiro dos impostos, o sistema escolar. Ou julgam que a famosa “liberdade de escolha” vai ser realmente para todos? Onde é que isto aconteceu nos poucos países que escolheram este caminho? O que este governo entende por Estado Social fica mais claro quando, no programa, lemos os deliciosos nacos de prosa, com um travo levemente salazarento, dedicados à política social. Prioridade: entregar às famílias “alimentação, vestuário e medicamentos”. Os mais pobres serão finalmente tratados como pedintes, a quem se dá a sopa para não gastarem o dinheiro em vinho.”
Luís Moleiro
O raciocínio de muita gente foi: qualquer coisa que venha a seguir, pior do que o que já existe não pode ser. Mas pode, embora com outras envolvências. A factura que Sócrates nos deixou vai ser pesadíssima e só algumas franjas da população não irão sentir os seus efeitos.
Em poucos dias já se tornou evidente o que a direita radical que agora ascendeu ao poder vai levar a cabo, numa espécie de ajuste de contas com muitos direitos conquistados pelos portugueses que já sentíamos tão naturais como o ar que se respira. O Estado Social vai sofrer um ataque sem precedentes na nossa democracia e, tudo o que der lucro vai ser transformado em negócio: saúde, educação, segurança social para só mencionarmos os sectores mais significativos.
No texto que hoje assina no “Expresso”, Daniel Oliveira analisa o programa do Governo PSD/CDS em várias vertentes. Sobre a parte social, diz ele:
“O programa deste Governo não é social. Partes importantes do Serviço Nacional de Saúde, um filet mignon sem concorrência e com procura garantida, serão entregues a privados. O que sobra nas mãos do Estado será, quase na totalidade, pago pelos cidadãos. A gratuitidade passará a ser a excepção. Na educação os recursos públicos serão usados para financiar o privado, estratificando, de uma vez por todas, e desta com o dinheiro dos impostos, o sistema escolar. Ou julgam que a famosa “liberdade de escolha” vai ser realmente para todos? Onde é que isto aconteceu nos poucos países que escolheram este caminho? O que este governo entende por Estado Social fica mais claro quando, no programa, lemos os deliciosos nacos de prosa, com um travo levemente salazarento, dedicados à política social. Prioridade: entregar às famílias “alimentação, vestuário e medicamentos”. Os mais pobres serão finalmente tratados como pedintes, a quem se dá a sopa para não gastarem o dinheiro em vinho.”
Luís Moleiro
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