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Desde que uma agência de notação financeira baixou a classificação da nossa dívida para “lixo” que os seus mais ardentes defensores se transformaram inexplicavelmente nos seus maiores detractores. Guardadas as devidas distâncias, a situação actual lembra, vagamente, o que aconteceu nos dias subsequentes à Revolução dos Cravos. Com a diferença de que, os mesmos comentadores especializados que olhavam com desprezo aqueles que manifestaram, desde sempre, a sua indignação perante as agências de notação financeira, são agora os mesmos que as criticam ferozmente, com a maior cara de pau. A propósito, até o Presidente da República avisava de que seria contraproducente para o país atacar as agências de rating.
A esquerda a sério, sempre denunciou o papel destas organizações e vê agora completamente justificadas as suas desconfianças. Daniel Oliveira está entre os que há mais tempo previram publicamente o que está a acontecer. Não admira, por isso, a coerência que agora mantém nos textos que escreve sobre o tema, como hoje podemos constatar no excelente artigo de opinião que assina no blog Arrastão e no “Expresso” online. Começa assim:
“Há exactamente um ano, quando a Moody's descia o rating da dívida portuguesa e uns poucos manifestavam a sua indignação, a esmagadora maioria dos economistas e comentadores especializados mostraram o seu desdém: andávamos a queixar-nos de quem apenas analisa factos e emite opiniões em vez de tratarmos de nós. Um grupo de economistas - daqueles que, por não alinharem pela propaganda oficial, raramente falam nos media - apresentou uma queixa à Procuradoria Geral da Republica em que se mostrava como estas agências manipulam de forma deliberada e em interesse próprio os mercados. Ficaram quase sozinhos.”
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Luís Moleiro
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