quarta-feira, 6 de julho de 2011

NADADORES EM TERRA

Vivemos num país sui generis, pelo menos se tivermos em conta o mundo ocidental e desenvolvido onde nos inserimos.
A falta de credibilidade que se criou à volta do conceito “novas oportunidades” no que diz respeito à obtenção dos diplomas do 9º e 12º anos parece estender-se a outras áreas de formação com mais responsabilidades.
Por vezes chegam ao nosso conhecimento informações que envolvem a atribuição de certificados de habilitações a pessoas que manifestamente podem não estar preparadas para a profissão que pretendem exercer apesar de serem portadoras de um diploma.
Uma notícia quase despercebida num jornal diário afirma que “há nadadores-salvadores nas praias portuguesas que não tiveram uma única aula no mar” durante o “curso que lhes garante o acesso à profissão”.
São os próprios vigilantes que fazem esta denúncia, ao mesmo tempo que reclamam melhor preparação e, em alguns casos, mais meios de apoio no terreno. Um deles que não quis dar a cara por receio de represálias assume que a última formação que fez, em Coimbra, não saiu da piscina… Garantiu ainda que a maioria daqueles que o acompanharam no curso que frequentou em 2008 estavam a ter aulas pela primeira vez e, portanto, foram colocados no terreno sem “nunca terem ido ao mar”.
Que se cuidem, por isso, os utentes das praias portuguesas. Em caso de aflição talvez não tenham quem esteja cem por cento preparado para os acudir. Podemos estar na presença de mais um daqueles casos em que a poupança de poucos euros – neste caso na área de formação – pode significar a perda de vidas.

Luís Moleiro

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