sexta-feira, 15 de julho de 2011

HÁ ESQUERDA E HÁ DIREITA

O neoliberalismo triunfante tem tentado convencer-nos de que a sua doutrina constitui o fim da história e que já não há diferença entre esquerda e direita. Nada mais errado, até porque a divulgação desta ideia apenas convém ao sistema capitalista como forma de desmobilizar as pessoas, do desenvolvimento de alternativas. É importante dizer que, com algum êxito, pois uma maioria significativa da população, com especial destaque para os filhos da geração de60, está formatada pelo sistema vigente para o aceitar, sem contestação, mesmo que, a toda a hora surjam provas evidentes de que apenas serve uma minoria mundial, à custa do sofrimento e da exploração da restante população do planeta.
A sociedade da informação, controlada, na sua quase totalidade, por ricos e poderosos, dificulta, ao máximo, a divulgação das injustiças do sistema em que vivemos e das alternativas que existem, em potência, apenas aguardando que lhes seja dada uma oportunidade.
O ser humano é, naturalmente, dado à partilha como se pode verificar, muitas vezes, nas campanhas de angariação de meios de ajuda aos mais necessitados, enfim, às vítimas, cada vez mais numerosas, da fome e da miséria geradas pelo sistema que nos rege. É fácil mobilizar as pessoas, no apoio ao seu semelhante pois somos, tendencialmente, contra a injustiça social, muitas vezes, sem darmos por isso.
As sociedades mais primitivas eram fortemente igualitárias, propensas à partilha e avessas à ganância ou, como afirma Daniel Oliveira, num texto de muita qualidade, hoje publicado no blog Arrastão e no “Expresso” online, “o socialismo precede sempre o capitalismo. A partilha precede sempre a ganância. A criatividade precede sempre o negócio.”
Onde a ganância coloca as mãos, acaba a solidariedade e a partilha voluntária – divide “desigualmente o que todos nós construímos” e o que a todos pertence. Veja-se o que está a acontecer com a água, transformada num negócio chorudo. Talvez um dia tenhamos de comprar ar se quisermos sobreviver…

Luís Moleiro

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