A entrevista ao prof. Boaventura Sousa Santos, director do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, publicada no último número da revista “Visão” (28/7/2011) contém ideias novas a par da reafirmação de pontos de vista já anteriormente assumidos. Os mais interessantes, para não nos alongarmos demasiado, estão contidos na parte final.
Do ponto de vista do governo defende uma coligação de esquerda entre o PS, o PCP e o BE.
Nunca experimentámos uma coligação de esquerda e, nessa medida, penso que é tempo de tentar.
Que esquerda é essa?
Precisamos de duas mudanças. Por um lado, uma radicalização da democracia. Considero que a democracia representatriva não chega, ela é preciosa mas muito fraca a defender a democracia da promiscuidade entre os interesses económicos e os interesses políticos. Precisamos, por isso, de uma combinação entre democracia representativa e democracia participativa. Isto é, têm de existir áreas, a nível local, regional e nacional, nas quais os cidadãos não se limitem a eleger os decisores, mas são eles próprios que tomam as decisões, por consultas populares, referendos, formas de orçamento participativo como as que existem na América Latina e que eu estudei há já bastante tempo.
E qual a outra mudança que preconiza?
Caminhar para um horizonte pós-capitalista. Não para um socialismo de Estado como o que tivemos no século XX, mas para a construção de uma sociedade através de modelos de desenvolvimento económico que não se baseiem no crescimento infinito e que, em meu entender, estão a surgir nas periferias das periferias. Como não me foco no Ocidente, muito menos dentro de Portugal, não posso dizer que não haja alternativas. O meu próximo livro a ser lançado em português analisa o caso da Bolívia e do Equador, países nos quais estão a surgir outras visões de desenvolvimento. Sabe o que é que está inscrito na Constituição da Bolívia e do Equador?
Não faço ideia
Ficará chocada se eu lhe disser que está lá inscrito que a “natureza tem direitos”? Para si e para mim que somos ocidentais, a natureza é objecto de direito, não um sujeito de direito. Mas o que está na Constituição do Equador, da qual eu fui um dos consultores, não é o nosso conceito de natureza, é o conceito indígena de “terra mãe”.
Pena é que este conceito de natureza com direitos não tenha sido desenvolvido na entrevista, assim como a ideia de “modelos de desenvolvimento económico que não se baseiem no crescimento infinito”. De qualquer maneira fica aguçada a nossa curiosidade em relação ao próximo livro que o prof. Boaventura lançará em breve.
Do ponto de vista do governo defende uma coligação de esquerda entre o PS, o PCP e o BE.
Nunca experimentámos uma coligação de esquerda e, nessa medida, penso que é tempo de tentar.
Que esquerda é essa?
Precisamos de duas mudanças. Por um lado, uma radicalização da democracia. Considero que a democracia representatriva não chega, ela é preciosa mas muito fraca a defender a democracia da promiscuidade entre os interesses económicos e os interesses políticos. Precisamos, por isso, de uma combinação entre democracia representativa e democracia participativa. Isto é, têm de existir áreas, a nível local, regional e nacional, nas quais os cidadãos não se limitem a eleger os decisores, mas são eles próprios que tomam as decisões, por consultas populares, referendos, formas de orçamento participativo como as que existem na América Latina e que eu estudei há já bastante tempo.
E qual a outra mudança que preconiza?
Caminhar para um horizonte pós-capitalista. Não para um socialismo de Estado como o que tivemos no século XX, mas para a construção de uma sociedade através de modelos de desenvolvimento económico que não se baseiem no crescimento infinito e que, em meu entender, estão a surgir nas periferias das periferias. Como não me foco no Ocidente, muito menos dentro de Portugal, não posso dizer que não haja alternativas. O meu próximo livro a ser lançado em português analisa o caso da Bolívia e do Equador, países nos quais estão a surgir outras visões de desenvolvimento. Sabe o que é que está inscrito na Constituição da Bolívia e do Equador?
Não faço ideia
Ficará chocada se eu lhe disser que está lá inscrito que a “natureza tem direitos”? Para si e para mim que somos ocidentais, a natureza é objecto de direito, não um sujeito de direito. Mas o que está na Constituição do Equador, da qual eu fui um dos consultores, não é o nosso conceito de natureza, é o conceito indígena de “terra mãe”.
Pena é que este conceito de natureza com direitos não tenha sido desenvolvido na entrevista, assim como a ideia de “modelos de desenvolvimento económico que não se baseiem no crescimento infinito”. De qualquer maneira fica aguçada a nossa curiosidade em relação ao próximo livro que o prof. Boaventura lançará em breve.
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