(…)
Fica a dúvida sobre se há algum tino em quem nos governa.
(…)
O Governo está a colocar-se na situação em que parece querer
deixar de ser levado a sério.
(…)
Comportarem-se como adolescentes ansiosos contribui para uma
memificação da conversa dentro do Governo e mostra que faltam adultos na sala.
(…)
Uma democracia de redes sociais é uma impossibilidade e, para
o que aqui interessa, um governo que se governa a si próprio por mensagens é
sempre uma crise anunciada.
(…)
Ora, se o Governo pensava que, ao despedir a CEO da TAP, isto
não vinha tudo a público, seria falta de noção.
(…)
O número de pessoas sem médico de família é o maior de
sempre, mas está quase resolvido, se fossem levadas a sério as palavras do
ministro – e serão?
(…)
Os reformados e pensionistas tiveram “o maior aumento de
sempre” e afinal estão a perder poder de compra – e acreditaram naquele Pai
Natal?
(…)
Se a autoridade do chefe do Governo se afirma garantindo que
foi incapaz na escolha dos seus membros, espera mesmo encontrar nessa bravata a
sua salvação?
(…)
Assim continuará, esperando ganhar credibilidade com o
argumento de que é incapaz de constituir uma equipa que confie em si própria?
Francisco Louçã, “Expresso” online
Caso o Estado seja lesado no pagamento de uma indemnização [pelo
despedimento da CEO da TAP], veremos se isso marcará o destino de Fernando
Medina.
(…)
Aquilo a que assistimos, (…) desde que Fernando Medina tomou
conta da pasta, nada tem a ver com a tentativa de defender a TAP do cerco
político que lhe foi montado.
(…)
A secundarização dos interesses da TAP fica evidente com o
despedimento absurdo e provavelmente ilegal de quem apresentou bons
resultados.
(…)
O que está em causa é o que sempre esteve: para os
responsáveis pela desastrosa privatização, a gestão pública da TAP não podia
correr bem.
(…)
E se correu bem nos resultados, o critério mais objetivo de
avaliação, tem de ser uma catástrofe no resto.
(…)
Mais ou menos graves, os episódios não nos devem fazer perder
a visão panorâmica do que se passou com a TAP.
(…)
A companhia foi privatizada por uma decisão, essa sim,
estritamente ideológica, sem qualquer racional associado, por um governo que
sabia que se ia embora.
(…)
Esse governo decidiu vender a TAP a quem nem dinheiro seu lá
pretendia pôr.
(…)
Depois de uma falsa nacionalização, a TAP foi realmente
nacionalizada quando ficou evidente que o acionista privado não tencionava pôr
lá um cêntimo seu.
(…)
Era isso ou a falência.
(…)
E a verdade é que, anos antes do que era previsível, a TAP
tem melhores margens de
rentabilidade do que as companhias que a querem comprar.
(…)
Estranhamente, os resultados da TAP parecem ser o que menos
interessa à oposição e ao Governo, que até fez tudo para não lhes dar grande
relevo público.
(…)
Mas não podemos exigir, como temos exigido, uma gestão que
tem os objetivos de um privado, mas com os critérios que aplicamos ao público.
Daniel Oliveira,
“Expresso” online (sem
link)
Os
professores foram os obreiros de um tão justo quão ímpar protesto social nos
últimos seis meses, tanto mais significativo quanto conta com uma maioritária
concordância dos portugueses, expressa em sondagens.
(…)
A
força da união entre professores, independentemente de filiações partidárias ou
sindicais, foi, até agora, irrelevante para a obtenção de resultados.
(…)
Os “negociadores” sindicais foram, até agora, simples actores
de liturgias destinadas a terminar com a imposição da vontade do Governo.
(…)
Há
muito que os sindicatos deviam ter abandonado reuniões de negociação onde são
vexados e simplesmente tratados como idiotas úteis, obedientes e previsíveis.
(…)
O estado da Educação transparece em pleno da (falta de)
qualidade das negociações em curso.
(…)
Deste modo, não é possível resolver problemas, mas tão-só
agravá-los e empurrá-los para a frente.
(…)
A
chamada “vinculação dinâmica” é uma oferenda de Pirro, perpetrada por um
Maquiavel de pacotilha, que propõe uma separação coerciva, permanente e cruel
de milhares de professores das respectivas famílias.
(…)
De cada vez que o Ministério da Educação se propõe corrigir
asneiras anteriores, novos disparates promove.
(…)
A
defesa que o ministro faz da sua proposta [chamada
“vinculação dinâmica”] não expõe apenas a incompetência técnica.
Revela a sua lamentável desonestidade intelectual.
(…)
[Se o PR promulgar os diplomas] assina uma carta de alforria
para destruir milhares de famílias.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
O relatório-síntese do Painel Intergovernamental para as Alterações
Climáticas, de 20 de março, alerta-nos para um risco já parcialmente
irreversível.
(…)
Com as atuais políticas, atingiremos os 3,2ºC em 2100.
É impossível prever como será um planeta assim.
(…)
A ciência prefigura um mundo onde o acesso à água será muito
desigual. Um mundo pobre, conflituoso, varrido por fenómenos climáticos
extremos, com um futuro incerto.
(…)
[Para evitar esta ameaça há que] diminuir
as emissões globais para metade até 2030 ― assegurando um corte de cerca de 80%
nos países industrializados ― e alcançar emissões líquidas zero até 2050.
(…)
Poucos
dias antes deste «último alerta», o presidente dos EUA, Joe Biden, aprovou o
maior investimento petrolífero nos EUA em décadas, o chamado Projeto Willow.
(…)
Se
avançar, a Connoco-Phillips extrairá, no Alasca, seiscentos milhões de barris
de petróleo e emitirá gases de efeito estufa ao nível da Bélgica.
(…)
Serão 239 milhões de mᶟ de CO2, o mesmo que dois milhões de
automóveis/ano por três décadas.
(…)
Traiu as promessas com que se elegeu em que garantiu o fim
das explorações fósseis em terras federais.
(…)
Trata-se de uma declaração de guerra ao planeta.
(…)
Esta bomba fóssil é um passo para o abismo.
Carta Aberta ao PR, P-M e AR
subscrita por dezenas de personalidades dos mais diversos quadrantes, “Público”
(sem link)
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