quarta-feira, 19 de abril de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (49)

 
A fervente indignação do PSD contra as declarações de Lula são uma tentativa patética de disputar um espaço na radicalização da direita.

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O mais raso conhecimento da diplomacia brasileira ou latino-americana permitiria compreender que todos aqueles países viveram casos de interferência direta dos Estados Unidos, que por vezes promoveu golpes militares.

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Noutros [países] os asfixiou economicamente, pelo que muitos desses países protegem a sua soberania em desafio contra o senhor do Norte.

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Os dirigentes do PSD (…) sentem-se na obrigação de prestar serviço declarativo.

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[Ventura] está-se nas tintas para a Ucrânia e para estas declarações de Lula.

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Alguns dos melhores putinistas são os ilustres convidados de Ventura.

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O que [a extrema-direita] quer é constituir um confronto que desacredite ou avacalhe o Parlamento.

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O chefe [Ventura] está nervoso por saber que as tropas se acomodam e precisam de tensão.

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Ensaiou um discurso tremendista sobre os assassinatos no Centro Ismaili, o que não lhe saiu bem.

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Faz parte da agenda da extrema-direita criar uma milícia e, matreiro, Ventura acha que o bolsonarismo avulso lhe vai dar esses recrutas.

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[Ventura] precisa de lama e de um cacete e acha que os encontrou no ódio a Lula.

Francisco Louçã, “Expresso” online

 

Vender a chilenos, brasileiros, argentinos, salvadorenhos, panamianos e por aí adiante a divisão entre liberdade e opressão tendo os EUA como eixo não será tarefa fácil.

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[As relações de Lula] com a Casa Branca até são, apesar de muitas discordâncias, boas.

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E se Portugal quer ter algum peso diplomático, em que as suas relações com África e Brasil contam muito, é bom saber lidar com isso sem infantilidades motivadas por pequenas novelas domésticas.

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Mas aquilo a que assistimos é a mesma realpolitik que domina as posições de todos os Estados relevantes neste conflito.

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Uma coisa o Brasil é seguramente: uma democracia próxima de Portugal, com o qual temos condições e interesse em manter excelentes relações.

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Próximo de eleições e quando o voto rural é fundamental, o governo polaco anunciou a proibição da importação de produtos agrícolas da Ucrânia. A Hungria já disse que faria o mesmo.

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O Papa Francisco disse, no mês passado, que havia “interesses imperialistas” na Ucrânia e que não eram apenas do império russo, “mas dos impérios de outras partes”.

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A visita do Papa, em agosto, perturba os que se incomodam com a vinda de Lula? 

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A exigência que Portugal entre em confronto com Lula por ter dito menos do que o Papa e apenas um pouco mais do que Macron não tem pés nem cabeça. 

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As declarações de Lula nada têm de novo. O que é novo é querer transformar o tema em assunto nacional por causa da sua visita a Portugal.

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O PSD, a direita e por isso a imprensa não conseguem ignorar o Chega, mesmo quando o assunto é tão sério como as nossas relações com o Brasil.

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Não é de hoje que a política externa brasileira é diferente da portuguesa, e isso nunca teve qualquer relevância. 

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O Chega tem, ele próprio, aliados europeus e internacionais bastante assustadores e com agendas bem claras. 

Daniel Oliveira, “Expresso” online (sem link)

 

A médio prazo o preço dos alimentos vai forçosamente aumentar com os custos de produção.

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A água é a ilustração mais gritante da insegurança alimentar que nos ameaça.

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A água não chega para tudo e para todos.

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Vamos usar a água para o turismo, o uso doméstico, a agricultura intensiva ou a agricultura tradicional?

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Quem estiver atento percebe que a segurança alimentar é uma prioridade da diplomacia internacional da China.

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Ninguém sabe como vai evoluir o preço dos alimentos, mas descer, é pouco provável.

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Sabe-se que o modo de vida dos ocidentais consome os recursos de duas Terras por ano e é responsável pelos desastres ecológicos.

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A transição digital agrada à maioria dos cidadãos, consumidores e trabalhadores. Pelo contrário, a transição ecológica não agrada a ninguém.

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Estando os governos e os partidos reféns do seu eleitorado, quem vai alertar os cidadãos e prepará-los para a transição ecológica?

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Para a transição ecológica, preveem-se incentivos às empresas e aos cidadãos, sobretudo para produção de energia verde e eficiência energética. E nada sobre formações e competências ecológicas.

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As competências ecológicas teriam objetivos éticos (o interesse coletivo).

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A inflação tem sem dúvida causas conjunturais. Mas também é estrutural e premonitória.

Helena Lopes, “Público” (sem link)

 

Nos Países Baixos, o terceiro maior aeroporto da Europa baniu jatos privados.

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Citando "uma quantidade desproporcional de CO2 por passageiro", o aeroporto de Schiphol irá garantir, em menos de dois anos, que jatos privados "não sejam bem-vindos".

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Em novembro do ano passado, mais de 500 pessoas entraram na pista do aeroporto e durante seis horas e meia bloquearam todos os voos de jato.

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Todo este conflito é, contudo, o mínimo. Estamos numa autoestrada para o colapso, e os ultrarricos agarram firmemente o volante.

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Desde as ações holandesas, o movimento por justiça climática prometeu tornar o luxo assassino um prejuízo tremendo.

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Nos Países Baixos pesou-se a ambição infinita do movimento social, contra os caprichos dos supostos todo-poderosos. 

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Por cá, duplicaram este ano as emissões de jatos privados, e Lisboa-Tires pauta a vergonha internacional de ser o 2.º troço mais intensivo de carbono da Europa.

Noah Zino, “Público” (sem link)

 

É muito triste que o espaço da academia não seja um lugar seguro para as mulheres.

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Raramente achamos que vale a pena denunciar e vamo-nos resignando, mantendo em rumor o que deveria ser denúncia desbragada. 

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É que se a academia é um meio muito pouco democrático e cheio de gatekeepers, o peso do patriarcado faz pender para o lado das mulheres um ónus acrescido.

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Havendo uma assimetria de poder muito profunda entre os jovens aspirantes a cientistas e os grandes catedráticos, esta é ainda mais profunda se pensarmos que a grande maioria dos juniores são mulheres.

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O extrativismo intelectual e científico acaba por ser a base da academia hoje, pois cada investigador de prestígio pode contar com um séquito de precários sob a sua alçada.

Capicua, JN


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