(…)
O mais raso conhecimento da diplomacia brasileira ou
latino-americana permitiria compreender que todos aqueles países viveram casos
de interferência direta dos Estados Unidos, que por vezes promoveu golpes
militares.
(…)
Noutros [países] os asfixiou economicamente, pelo que muitos
desses países protegem a sua soberania em desafio contra o senhor do Norte.
(…)
Os dirigentes do PSD (…) sentem-se na obrigação de prestar
serviço declarativo.
(…)
[Ventura] está-se nas tintas para a Ucrânia e para estas
declarações de Lula.
(..)
Alguns dos melhores putinistas são os ilustres convidados de
Ventura.
(…)
O que [a extrema-direita] quer é constituir um confronto que
desacredite ou avacalhe o Parlamento.
(…)
O chefe [Ventura] está nervoso por saber que as tropas se
acomodam e precisam de tensão.
(…)
Ensaiou um discurso tremendista sobre os assassinatos no
Centro Ismaili, o que não lhe saiu bem.
(…)
Faz parte da agenda da extrema-direita criar uma milícia e,
matreiro, Ventura acha que o bolsonarismo avulso lhe vai dar esses recrutas.
(…)
[Ventura] precisa de lama e de um cacete e acha que os encontrou
no ódio a Lula.
Francisco Louçã, “Expresso” online
Vender a chilenos, brasileiros, argentinos, salvadorenhos,
panamianos e por aí adiante a divisão entre liberdade e opressão tendo os EUA
como eixo não será tarefa fácil.
(…)
[As relações de Lula] com a Casa Branca até são, apesar de
muitas discordâncias, boas.
(…)
E se Portugal quer ter algum peso diplomático, em que as suas
relações com África e Brasil contam muito, é bom saber lidar com isso sem
infantilidades motivadas por pequenas novelas domésticas.
(…)
Mas aquilo a que assistimos é a mesma realpolitik que domina
as posições de todos os Estados relevantes neste conflito.
(…)
Uma coisa o Brasil é seguramente: uma democracia próxima de
Portugal, com o qual temos condições e interesse em manter excelentes relações.
(…)
Próximo de eleições e quando o voto rural é fundamental, o governo
polaco anunciou a proibição da importação de produtos agrícolas da Ucrânia.
A Hungria já disse que faria o mesmo.
(…)
O Papa Francisco disse, no mês
passado, que havia “interesses imperialistas” na Ucrânia e que não eram apenas do
império russo, “mas dos impérios de outras partes”.
(…)
A visita do Papa, em agosto, perturba os que se incomodam com
a vinda de Lula?
(…)
A exigência que Portugal entre em confronto com Lula por ter
dito menos do que o Papa e apenas um pouco mais do que Macron não tem pés nem
cabeça.
(…)
As declarações de Lula nada têm de novo. O que é novo é querer
transformar o tema em assunto nacional por causa da sua visita a Portugal.
(…)
O PSD, a direita e por isso a imprensa não conseguem ignorar
o Chega, mesmo quando o assunto é tão sério como as nossas relações com o
Brasil.
(…)
Não é de hoje que a política externa brasileira é diferente
da portuguesa, e isso nunca teve qualquer relevância.
(…)
O Chega tem, ele próprio, aliados europeus e internacionais
bastante assustadores e com agendas bem claras.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
(sem link)
A médio prazo o preço dos alimentos vai forçosamente aumentar
com os custos de produção.
(…)
A água é a ilustração mais gritante da insegurança alimentar
que nos ameaça.
(…)
A água não chega para tudo e para todos.
(…)
Vamos usar a água para o turismo, o uso doméstico, a
agricultura intensiva ou a agricultura tradicional?
(…)
Quem estiver atento percebe que a segurança alimentar é uma
prioridade da diplomacia internacional da China.
(…)
Ninguém sabe como vai evoluir o preço dos alimentos, mas
descer, é pouco provável.
(…)
Sabe-se
que o modo de vida dos ocidentais consome os recursos de duas Terras por ano e
é responsável pelos desastres ecológicos.
(…)
A transição digital agrada à maioria dos cidadãos,
consumidores e trabalhadores. Pelo contrário, a transição ecológica não agrada
a ninguém.
(…)
Estando
os governos e os partidos reféns do seu eleitorado, quem vai alertar os
cidadãos e prepará-los para a transição ecológica?
(…)
Para a
transição ecológica, preveem-se incentivos às empresas e aos cidadãos,
sobretudo para produção de energia verde e eficiência
energética. E nada sobre formações e competências
ecológicas.
(…)
As competências ecológicas teriam objetivos éticos (o
interesse coletivo).
(…)
A inflação tem sem dúvida causas conjunturais. Mas também é
estrutural e premonitória.
Helena Lopes, “Público” (sem link)
Nos Países Baixos, o terceiro maior aeroporto da Europa baniu
jatos privados.
(…)
Citando
"uma quantidade desproporcional de CO2 por passageiro", o aeroporto
de Schiphol irá garantir, em menos de dois anos, que jatos privados "não
sejam bem-vindos".
(…)
Em
novembro do ano passado, mais de 500 pessoas entraram na pista do aeroporto e
durante seis horas e meia bloquearam todos os voos de jato.
(…)
Todo este conflito é, contudo, o mínimo. Estamos numa
autoestrada para o colapso, e os ultrarricos agarram firmemente o volante.
(…)
Desde as ações holandesas, o movimento por justiça climática
prometeu tornar o luxo assassino um prejuízo tremendo.
(…)
Nos Países Baixos pesou-se a ambição infinita do movimento
social, contra os caprichos dos supostos todo-poderosos.
(…)
Por
cá, duplicaram este ano as emissões de jatos privados, e Lisboa-Tires pauta a
vergonha internacional de ser o 2.º troço mais intensivo de carbono
da Europa.
Noah Zino, “Público” (sem
link)
É muito triste que o espaço da academia
não seja um lugar seguro para as mulheres.
(…)
Raramente achamos que vale a pena
denunciar e vamo-nos resignando, mantendo em rumor o que deveria ser denúncia
desbragada.
(…)
É que se a academia é um meio muito pouco
democrático e cheio de gatekeepers, o peso do patriarcado faz pender para o
lado das mulheres um ónus acrescido.
(..)
Havendo uma assimetria de poder muito
profunda entre os jovens aspirantes a cientistas e os grandes catedráticos,
esta é ainda mais profunda se pensarmos que a grande maioria dos juniores são
mulheres.
(…)
O extrativismo intelectual e científico
acaba por ser a base da academia hoje, pois cada investigador de prestígio pode
contar com um séquito de precários sob a sua alçada.
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