domingo, 16 de abril de 2023

PENSANDO E RELATANDO A VIDA HÁ SESSENTA ANOS

 

Nasci em 1955, na aldeia onde não havia, água corrente, eletricidade e muitas vezes pouca lenha para o lume.

Tudo se poupava, os fósforos, o petróleo e as velas de estearina.

As casas eram pequenas e os móveis escassos, assim como as roupas e calçado que passava de uns irmãos para os outros, assim como os livros.

As maçãs, as peras, toda a fruta e verdura era a da estação, mas não havia carne e peixe, à parte de sardinhas, algum frango nas festas e a carne da salgadeira não se comia porque não se podia comprar.

As pessoas compravam meio quilo de massa ou arroz, um quarteirão de azeite e dez tostões de cevada.

Não havia, na maior parte das casas, quarto de banho, as fraldas tal como as de hoje não existiam e muita gente da minha geração foi criada com farrapos velhos até começar a andar.

A escola era uma casa velha, para onde mais de noventa por cento dos alunos iam descalços, com roupas pouco recomendadas e muitas vezes o cabelo sem pentear e a cara cheia de moncos, a casa de banho era debaixo da vinha e das laranjeiras do Manel Pessegueiro. (Extraído de “Adorável Casinha Velha”) (Manoella de Calheiros)


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