Nasci em 1955, na aldeia onde não havia, água corrente, eletricidade e
muitas vezes pouca lenha para o lume.
Tudo se poupava, os fósforos, o petróleo e as velas de estearina.
As casas eram pequenas e os móveis escassos, assim como as roupas e calçado
que passava de uns irmãos para os outros, assim como os livros.
As maçãs, as peras, toda a fruta e verdura era a da estação, mas não havia
carne e peixe, à parte de sardinhas, algum frango nas festas e a carne da
salgadeira não se comia porque não se podia comprar.
As pessoas compravam meio quilo de massa ou arroz, um quarteirão de azeite
e dez tostões de cevada.
Não havia, na maior parte das casas, quarto de banho, as fraldas tal como
as de hoje não existiam e muita gente da minha geração foi criada com farrapos
velhos até começar a andar.
A escola era uma casa velha, para onde mais de noventa por cento dos alunos
iam descalços, com roupas pouco recomendadas e muitas vezes o cabelo sem
pentear e a cara cheia de moncos, a casa de banho era debaixo da vinha e das
laranjeiras do Manel Pessegueiro. (Extraído de “Adorável Casinha Velha”) (Manoella
de Calheiros)
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