sábado, 29 de abril de 2023

MAIS CITAÇÕES (230)

 
Estava escrito que António Costa se iria arrepender da posição de dependência perversa em que se colocou na sua relação com o Presidente. 

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E foi Costa que tratou de se enfraquecer, com o vazio que criou à sua volta, depois de dar toda a força ao Presidente.

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Se nem para os seus [Marcelo tem sentido de lealdade], quanto mais para os que não o são.

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Quando disse que ela [dissolução] “seria uma má notícia”, mas “às vezes tem de haver más notícias”, ficou claro que quer alimentar a novela.

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Não tenho vontade de defender a continuidade de António Costa.

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[Mas] à luz da Constituição, não há qualquer razão para falar em dissolução.

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A avaliação da qualidade da governação não está na Constituição. 

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O primeiro-ministro teve maioria absoluta depois de seis anos de poder.

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Até ver, não há impedimento à governabilidade ou impasse constitucional. 

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Há um Governo desgastado a tropeçar nos seus próprios pés e uma direita exasperada com o jejum de poder e com medo de que a crise inflacionista amaine antes de “ir ao pote”.

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Mesmo que houvesse uma crise, não havia uma alternativa. 

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O PSD compromete-se a contar o tempo [de serviço dos professores] que ele próprio congelou? E o que propõe de diferente na abordagem à inflação?

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É verdade que o PS aposta, como se viu na última entrevista de Costa, no fantasma do Chega para se segurar ao poder.

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Como seria um Governo do PSD (com a IL) pressionado à direita pelo Chega e sustentado pela abstenção do PS? 

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Se Marcelo dissolvesse um Parlamento de maioria absoluta depois de uma derrota eleitoral do PS nas europeias abriria um tal precedente político que nunca mais teríamos um mandato completo. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Haverá antecipação das eleições em 2023? Não.

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[E, se houvesse eleições e Montenegro] ficasse à frente por um nariz de cavalo, é certo que faria uma aliança com o Chega. 

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Ou seja, o que ocupa a conversa política da semana são trivialidades e jogos de sombras.

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[O que estará a irritar Marcelo] é a consequência do modo autodestrutivo da maioria absoluta e a desorientação do sistema que a permitiu e sustentou, a aliança Marcelo-Costa.

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O que há agora de novo, (…), é a justaposição entre partes importantes da opinião pública que sentem o cansaço da fórmula promessa-conta-certa-salários-comprimidos, e que sofrem a explosão das contradições sociais provocadas pela política liberal do governo.

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É nessas contradições que está a responsabilidade da esquerda: criar campos sociais em que o descontentamento se torne luta, essa luta procure vitórias e alavancas e organize movimentos unitários.

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[Esses campos sociais] têm uma potência que talvez esteja a ser menosprezada pelas formas rotineiras da política.

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Melhor seria que passassem a ter a centralidade que lhes corresponde, pois é aí que está a oposição à maioria absoluta e à agressividade neoliberal.

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Os campos sociais de combate da esquerda são a luta pela escola pública, pelo feminismo, contra as alterações climáticas ou várias expressões de combate a desigualdades: inflação, habitação, a saúde e as pensões.

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O aumento dos preços dos juros e o disparar dos preços de compra ou do arrendamento é uma estratégia para transferir rendimentos para bancos e fundos financeiros que dominam o mercado imobiliário.

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Toda a política dos vários governos, desde a Lei Cristas até aos Vistos Gold, passando pela promoção do alojamento local, tem uma única lógica económica e social, subir os preços. 

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O arrendamento forçado não passa de uma manobra política. Um dia, e não será preciso esperar muito, os jovens hoje expulsos das cidades perguntarão se houve algum efeito concreto ou se era apenas uma paródia.

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Francisco Louçã, “Setenta e quatro”

 

A data [25 Abril] é sempre propícia a invocações da ditadura, a comparações entre a opressão de então e a liberdade de hoje.

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Mas sejam quais forem as perspectivas que cada um tem sobre o 25 de Abril, ele fez-se para que todos as pudessem exprimir livremente, sem receio de retaliações.

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A democracia tem como princípio basilar a liberdade de expressão, um valor supremo que, entre outros, a distingue de qualquer outro regime.

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Não por acaso, uma das mais poderosas instituições da ditadura era a censura à imprensa, que caiu no próprio dia 25 de Abril.

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A democracia teve a capacidade e a sageza de incorporar também aqueles que estavam contra ela e nisso se engrandeceu e se consolidou.

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Amplificar as vozes dos inimigos da democracia pode pôr em risco a própria democracia.

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E não faltam exemplos para o ilustrar nos últimos 20 anos, a comprovar que a solidez das instituições democráticas para resistir a investidas antidemocráticas é bem menor do que se poderia pensar.

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[Há que ter em conta] os perigos de, em nome da democracia, contribuir para dar relevo aos que a querem pôr em xeque, amplificando a sua mensagem de intolerância em nome da tolerância democrática.

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A imparcialidade independente das convicções pessoais deve ser exercitada, sim, mas num quadro que tem como pressupostos a liberdade de expressão e o direito à informação garantidos pela democracia.

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Não é por acaso que a defesa da democracia surge antes da obrigação de imparcialidade jornalística, porque só a primeira é garante da segunda.

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Apesar de pender sobre ele [jornalismo] um historial de acusações de agente manipulador, é hoje mais objecto do que sujeito, é hoje mais manipulado do que manipulador.

José Alberto Lemos, “Público” (sem link)

 

O 1.ºde Maio que evocaremos na próxima segunda-feira será o quinquagésimo após o golpe militar progressista dos capitães do Movimento das Forças Armadas (MFA).

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As comemorações institucionais e populares que vivemos na evocação do 49.o ano da Revolução, na passada terça-feira trouxeram-nos sinais de preocupação, mas também de esperança.

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Foi muito positiva a abordagem que o nosso presidente da República fez sobre temas como o colonialismo e as políticas migratórias.

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[O comportamento da extrema-direita no Parlamento] enojou-nos, mas despertou-nos para expressões do fascismo e para a necessidade de os democratas não titubearem nas respostas a dar-lhe.

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Tudo indica que viveremos, durante o ano que temos pela frente, uma ampliação destes comportamentos.

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E lutemos por uma divisão social e internacional do trabalho assente nos valores que ancoram a sua dignificação, nos avanços civilizacionais conquistados, na defesa das liberdades e da paz.

Carvalho da Silva, JN


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