quinta-feira, 6 de abril de 2023

CITAÇÕES

 
Um dos sinais da degradação da confiança, (…) é a forma sinuosa como se discutem soluções para os problemas e se posicionam os decisores.

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As últimas semanas têm assistido a uma multiplicação de fenómenos extremos na meteorologia política.

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Tornou-se rotina o modo trôpego como se fazem escolhas, o vira das medidas anunciadas, o truque dos iscos para distraírem a opinião pública, bem sei que tudo repetido de novelas anteriores.

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O pacote da habitação é um dos sinais desta degradação.

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Começou com o compromisso de Costa, nas eleições de 2019, de que no cinquentenário do 25 de Abril não haveria família alguma com casa degradada, promessa repetida na eleição de 2022, não tendo acontecido nada.

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Houve depois o plano e já temos um menu de recuos, o Alojamento Local fica como está, o imposto é menor do que o anunciado, os vistos gold são substituídos pelos nómadas digitais.

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Os fundos imobiliários recebem borlas fiscais, terrenos públicos vão ser lançados na roda, fecha-se os olhos ao licenciamento.

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Discute-se acaloradamente uma medida destinada a não ser aplicada em lado nenhum, o arrendamento forçado.

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O segundo dossier prioritário do Governo e do país é a inflação.

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O segundo dossier prioritário do Governo e do país é a inflação.

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No dia 15 o Governo anunciou a “maior operação” da ASAE sobre os ditos [supermercados].

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O secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, garantiu que a mão era pesada.

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Dois dias depois de convocar as televisões para filmarem a ASAE em ordem de marcha contra a grande distribuição, o ministro fez um discurso [de recuo]

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O respeitinho é lindo e os donos das grandes superfícies tinham-se zangado.

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Se o ministro da Economia foi o primeiro a lançar a sua campanha contra os “motivos ideológicos” que o tinham levado a anunciar com fanfarra a investigação sobre a especulação com os preços alimentares (…), o primeiro-ministro colocou mais doçura nesta concórdia. 

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Entretanto, o mais tonitruante dos donos das grandes superfícies, Soares dos Santos (…), acusou o Governo de se aproveitar da inflação, o que é obviamente verdade.

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Recusou algum benefício da sua empresa, o que é mais parcimonioso com a verdade. 

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Sabem que as medidas agora tomadas em nada reduzirão o seu poder.

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Acusações de especulação, juras da defesa dos consumidores, tudo acabou como tinha que acabar. 

Francisco Louçã, “Expresso” Economia

 

Visionário, Chaplin mostra, já em 1936, um patrão com acesso a câmaras de vigilância para controlar os trabalhadores, até nas suas idas à casa de banho.

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Um humano com poder desumaniza assim as máquinas para subjugar uma maioria de outros seres humanos.

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[A técnica] não somente não acabou com o trabalho em geral, mas também criou novas formas de opressão.

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Quando leio sobre a inteligência artificial (IA), não posso deixar de pensar no Chaplin e no facto de que a IA não existe sozinha.

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A culpa não é da IA, mas dos humanos que a alimentam.

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Precisamos de nos debruçar com seriedade sobre a forma como os criadores já (des)humanizam a máquina.

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Os mesmos vieses discriminatórios que encontramos na sociedade contaminam as máquinas, e nomeadamente a IA.

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A desinformação, o assédio virtual, a fratura numérica, a iliteracia numérica, por exemplo, são fenómenos que impactam, em primeiro lugar e de forma esmagadora, as populações mais vulneráveis e que são potenciados pelo desenvolvimento não regulado da IA.

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[A culpa não é da máquina]. Por enquanto, ainda não é a máquina que faz o humano, apesar de o poder influenciar, mas é o humano que faz a máquina à sua imagem.

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[É] em nós próprios que precisamos de encontrar e corrigir as falhas.

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E uma das principais é que nem todos são “patrões” da IA. Há os que dominam a cadência e depois há todos os outros.

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Precisamos, em suma, de mais democracia.

Luísa Semedo, “Público” (sem link)

 

A tragédia do passado 28 de março no Centro Ismaili de Lisboa, (que tirou a vida à Farana Sadrudin e à Mariana Jadaugy) foi instrumentalizada para gerar mais-valia mediática e política.

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A nossa incredulidade e sofrimento foram exacerbados pelo discurso público em torno do sucedido, que, rapidamente, assumiu contornos populistas e falaciosos.

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A extrema-direita seria, contudo, incapaz de retirar dividendos políticos de uma tragédia como esta se não beneficiasse de plataformas para o fazer.

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Vimo-lo na própria noite do ataque, com Ventura a ser convidado a participar num debate sobre “migrações”, que mais não foi senão um palco para disseminar falsidades sobre uma suposta política de imigração descontrolada.

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O oportunismo da extrema-direita ofende-nos (…) também por desonrar a memória da Farana e da Mariana, e do trabalho que desempenharam, incansavelmente, em vida.

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Se de um líder neonazi [como Mário Machado] não esperávamos senão calúnias e falsidades, sabemos que as mesmas têm terreno fértil num contexto em que as realidades das comunidades minoritárias e racializadas como a nossa são ignoradas e tornadas invisíveis.

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[O Centro Ismaili] é um lugar que ocupa um espaço central nos mapas afetivos e sociais de um sem-número de pessoas das nossas sociedades.

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A paz não é apenas um sentimento mas uma prática e uma construção colectiva e que, no que depender de nós, essa prática irá continuar.

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Persistiremos na busca de um mundo mais justo e tolerante, também para que tragédias como esta não se repitam.

Sadiq S. Habib, Karim Quintino e Miriam Sabjaly, “Público” (sem link)

 

Apesar de parecer que já fizemos muitos avanços na sensibilização para as desigualdades de género e para o duplo critério, que ainda existem em muitas esferas da vida social entre homens e mulheres, na prática, as coisas não mudaram assim tanto.

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Apesar de a maioria das pessoas licenciadas em Portugal serem mulheres, continuam a ser uma pequena minoria nos cargos de chefia.

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O entretenimento não suporta o envelhecimento das mulheres e quer adiá-lo a todo o custo, não contratando mulheres maduras

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Porque é nessa arcaica lógica de aprovação das mulheres pelo seu aspeto e na perpetuação da ilusão de que elas competem entre si pela validação masculina, que estes medíocres [como Alexandre Pais do "Correio da Manhã"] vivem os seus últimos dias de tempo de antena.

Capicua, JN


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