sexta-feira, 14 de abril de 2023

CITAÇÕES

 
Quando Lincoln foi eleito, beneficiou da divisão entre dois candidatos democratas num sistema bipartidário cuja estrutura é comparável à atual, apesar de os partidos terem mudado profundamente.

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O partido republicano era o defensor do fim da escravatura (…) tal como os democratas do norte, ligados à indústria nas grandes cidades.

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Lincoln acabou por ceder à esquerda do seu partido, proclamando não só a libertação como a cidadania dos escravos. 

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O partido republicano era o partido da liberdade, enquanto os democratas do sul eram os herdeiros dos esclavagistas. 

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No século seguinte, a grande crise financeira de 1929 fez dos democratas o partido da recuperação económica e da organização sindical e, mesmo que divididos, o partido dos direitos civis. 

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A separação bipartidária não impediu Reagan de assinar a lei do aborto na Califórnia e muitos dos seus candidatos de serem pró-escolha.

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Tudo mudou e, a partir do final da década de 80, completou-se o impulso que veio dar origem às novas ambições imperiais de Bush.

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E depois de Trump, com um liberalismo couraçado de autoritarismo numa ecologia de ódios. 

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Este sistema constituiu a extrema-direita mais perigosa do mundo.

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Dois deputados [negros] que participaram numa manifestação pelo controlo das armas foram expulsos da câmara estadual [do Tennessee].

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No país há 390 milhões de armas nas mãos de civis, entre uma população de 330 milhões incluindo crianças.

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Há mais mortes de crianças por bala do que as envolvidas em acidentes de automóvel.

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Este ano já ocorreram em média duas chacinas por dia.

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O consenso entre os republicanos é que se deve rezar pelas vítimas, propor aos professores que levem armas para a sala de aula e recusar qualquer limitação ao direito de usar espingardas-metralhadoras. 

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Tucker Carlson, um dos gurus do trumpismo no canal da Fox, anuncia uma guerra civil se for aprovada alguma limitação de armas. 

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A maioria dos eleitores ainda acredita que as eleições são roubadas e que há uma missão divina de que Trump foi encarregado.

Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)

 

A escravatura é uma prática hedionda antiga e transversal a diferentes sociedades, mas cujas especificidades é importante discutir, quando debatemos o racismo e a resistência negra na contemporaneidade.

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[A existência de escravatura em África antes do tráfico transatlântico dos séculos XV a XIX é uma forma de] minimizar as consequências do tráfico transatlântico nos dias de hoje e o papel dos portugueses no mesmo, e sobretudo, de despolitizar a escravatura.

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Aponta-se que figuras e processos históricos que são hoje mobilizados para dar visibilidade a uma genealogia da resistência negra à escravatura como a figura de Njinga a Mbandi  na verdade não teriam rompido com a escravatura e que a verdadeira resistência à escravatura teria sido o abolicionismo (protagonizado por brancos).

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Reconhecer que essas figuras resistiram à escravatura dos seus povos pelos europeus, e isso não é de somenos (…) não retira legitimidade ao contributo que deram para a luta contra a escravatura.

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Interessa sistematizar alguns dos aspetos que distinguem o tráfico transatlântico de pessoas escravizadas de outras formas de escravatura no continente africano.

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Numa prevaleceu o uso da mão-de-obra escravizada para trabalho doméstico, exploração sexual e demonstração de prestígio; noutra a forma de exploração predominante é o sistema de plantação, em que a força de trabalho é explorada numa lógica de “proto-industrialização” que daria origem ao capitalismo.

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Portugal foi o país que mais pessoas negras traficou no Atlântico.

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Portugal continua a ser a potência colonial que mais pessoas traficou no Atlântico.

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Teriam as velhas famílias escravocratas portuguesas no Brasil, os circuitos de circulação e acumulação das suas fortunas e as suas redes de influência deixado, de um dia para o outro, de beneficiar Portugal?

Cristina Roldão, “Público” (sem link)

 

Se Boaventura Sousa Santos é culpado de assédio sexual e se Bruno Sena Martins perpetrou o “sexual assault” mencionado no texto académico, apenas o futuro e a Justiça dirão.

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A instituição de ensino superior na qual trabalho também não tem procedimentos para prevenir o assédio, nem para receber denúncias e dar-lhes o devido seguimento.

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Já a criação de uma comissão independente [pelo CES] para “identificação de eventuais falhas institucionais e a averiguação da ocorrência das eventuais condutas antiéticas referidas” no texto académico das três autoras peca por tardia.

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Nisto de “instrumentos” sem qualquer efeito, o CES não está sozinho.

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A Federação Académica de Lisboa avisou que os canais não funcionam, porque as instituições “não estão preparadas para agir”.

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As instituições, empresas e universidades não têm mecanismos formais de denúncias e seguimento de casos de assédio.

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Apesar de tudo, já há [denúncia de] abusos sexuais na Igreja e no desporto também (pelo menos, no futebol feminino), e o caso do CES envolve o seu membro com maior notoriedade pública e científica.

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O que não mudou é a falta de preparação das instituições, a ausência de empatia pelas vítimas e o foco na contenção de danos.

Susana Peralta, “Público” (sem link)

 

Enquanto formos enganados, manipulados, condicionados, não há lugar a sustentabilidade alguma porque nos baseamos num princípio insustentável: a mentira.

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O que não é sustentável é continuar a comprar porque nos dizem que “aquilo é fixe, a próxima grande cena que precisas comprar e, já agora, é sustentável”.

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Também não é sustentável aceitar que nos criem necessidades que, na realidade, não temos.

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Nessa ânsia [de contribuir para o nosso bem-estar] compramos mais porque estamos eternamente insatisfeitos e, enquanto não nos satisfizermos, continuamos a comprar. 

Paula Cordeiro, “Público” (sem link)

 

As comissões parlamentares começam a ser um desporto nacional.

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Há muita gente a mentir, a omitir e a arrastar a verdade até ao limite do último momento em que tudo se sabe.

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Há responsáveis políticos que se acham capazes de esticar o fio da verdade até ao limite em que não há verdade nenhuma, apenas uma inteira e aparatosa mentira.

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O fio de prumo das relações entre a administração da TAP e o poder político não é vertical.

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Este dossier [TAP] está habitado pelo que ainda não se sabe, nomeadamente sobre o pagamento de assessorias e empresas de consultadoria desde o tempo de David Neeleman.

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A TAP tem, com esta nova administração de Luís Rodrigues, a sua última hipótese para levantar voo, credibilizando-se como companhia de bandeira no seu próprio país.

Miguel Guedes, JN


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