(…)
O partido
republicano era o defensor do fim da escravatura (…) tal como os
democratas do norte, ligados à indústria nas grandes cidades.
(…)
Lincoln
acabou por ceder à esquerda do seu partido, proclamando não só a libertação
como a cidadania dos escravos.
(…)
O
partido republicano era o partido da liberdade, enquanto os democratas do sul
eram os herdeiros dos esclavagistas.
(…)
No
século seguinte, a grande crise financeira de 1929 fez dos democratas o partido
da recuperação económica e da organização sindical e, mesmo que divididos, o
partido dos direitos civis.
(…)
A
separação bipartidária não impediu Reagan de assinar a lei do aborto na
Califórnia e muitos dos seus candidatos de serem pró-escolha.
(…)
Tudo
mudou e, a partir do final da década de 80, completou-se o impulso que veio dar
origem às novas ambições imperiais de Bush.
(…)
E
depois de Trump, com um liberalismo couraçado de autoritarismo numa ecologia de
ódios.
(…)
Este
sistema constituiu a extrema-direita mais perigosa do mundo.
(…)
Dois
deputados [negros] que participaram numa manifestação pelo controlo das armas
foram expulsos da câmara estadual [do Tennessee].
(…)
No
país há 390 milhões de armas nas mãos de civis, entre uma população de 330
milhões incluindo crianças.
(…)
Há
mais mortes de crianças por bala do que as envolvidas em acidentes de automóvel.
(…)
Este
ano já ocorreram em média duas chacinas por dia.
(…)
O
consenso entre os republicanos é que se deve rezar pelas vítimas, propor aos
professores que levem armas para a sala de aula e recusar qualquer limitação ao
direito de usar espingardas-metralhadoras.
(…)
Tucker
Carlson, um dos gurus do trumpismo no canal da Fox, anuncia uma guerra civil se
for aprovada alguma limitação de armas.
(…)
A
maioria dos eleitores ainda acredita que as eleições são roubadas e que há uma
missão divina de que Trump foi encarregado.
Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)
A escravatura
é uma prática hedionda antiga e transversal a diferentes sociedades,
mas cujas especificidades é importante discutir, quando debatemos o racismo e a
resistência negra na contemporaneidade.
(…)
[A existência de escravatura em África antes do tráfico transatlântico dos séculos XV a XIX é
uma forma de] minimizar as
consequências do tráfico transatlântico nos dias de hoje e o papel dos
portugueses no mesmo, e sobretudo, de despolitizar a escravatura.
(…)
Aponta-se
que figuras e processos históricos que são hoje mobilizados para dar
visibilidade a uma genealogia da resistência negra à escravatura como a figura de Njinga a Mbandi na verdade não teriam rompido com a
escravatura e que a verdadeira resistência à escravatura teria sido o
abolicionismo (protagonizado por brancos).
(…)
Reconhecer que essas figuras resistiram à escravatura dos
seus povos pelos europeus, e isso não é de somenos (…) não retira
legitimidade ao contributo que deram para a luta contra a escravatura.
(…)
Interessa
sistematizar alguns dos aspetos que distinguem o tráfico transatlântico de
pessoas escravizadas de outras formas de escravatura no continente africano.
(…)
Numa
prevaleceu o uso da mão-de-obra escravizada para trabalho doméstico, exploração
sexual e demonstração de prestígio; noutra a forma de exploração predominante é
o sistema de plantação, em que a força de trabalho é explorada numa lógica de
“proto-industrialização” que daria origem ao capitalismo.
(…)
Portugal foi o país que mais pessoas
negras traficou no Atlântico.
(…)
Portugal continua a ser a potência colonial que mais pessoas
traficou no Atlântico.
(…)
Teriam
as velhas famílias escravocratas portuguesas no Brasil, os circuitos de
circulação e acumulação das suas fortunas e as suas redes de influência
deixado, de um dia para o outro, de beneficiar Portugal?
Cristina Roldão, “Público” (sem link)
Se
Boaventura Sousa Santos é culpado de assédio sexual e se Bruno Sena Martins
perpetrou o “sexual assault”
mencionado no texto académico, apenas o futuro e a Justiça dirão.
(…)
A
instituição de ensino superior na qual trabalho também não tem procedimentos
para prevenir o assédio, nem para receber denúncias e dar-lhes o devido
seguimento.
(…)
Já a criação
de uma comissão independente [pelo CES] para “identificação de eventuais falhas
institucionais e a averiguação da ocorrência das eventuais condutas antiéticas
referidas” no texto académico das três autoras peca por tardia.
(…)
Nisto de “instrumentos” sem qualquer efeito, o CES não está
sozinho.
(…)
A Federação Académica de Lisboa avisou que os canais não
funcionam, porque as instituições “não estão preparadas
para agir”.
(…)
As instituições, empresas e universidades não têm mecanismos
formais de denúncias e seguimento de casos de assédio.
(…)
Apesar
de tudo, já há [denúncia de] abusos sexuais na Igreja e no desporto também
(pelo menos, no futebol feminino),
e o caso do CES envolve o seu membro com maior notoriedade pública e científica.
(…)
O que
não mudou é a falta de preparação das instituições, a ausência de empatia pelas
vítimas e o foco na contenção de danos.
Susana Peralta, “Público” (sem link)
Enquanto formos enganados, manipulados, condicionados, não há
lugar a sustentabilidade alguma porque nos baseamos num princípio insustentável:
a mentira.
(…)
O que
não é sustentável é continuar a comprar porque nos dizem que “aquilo é fixe, a
próxima grande cena que precisas comprar e, já agora, é sustentável”.
(…)
Também não é sustentável aceitar que nos criem necessidades
que, na realidade, não temos.
(…)
Nessa ânsia [de contribuir para o nosso bem-estar]
compramos mais porque estamos eternamente insatisfeitos e, enquanto não nos
satisfizermos, continuamos a comprar.
Paula Cordeiro, “Público” (sem link)
As comissões parlamentares começam a ser um desporto nacional.
(…)
Há muita gente a mentir, a omitir e a
arrastar a verdade até ao limite do último momento em que tudo se sabe.
(…)
Há responsáveis políticos que se acham
capazes de esticar o fio da verdade até ao limite em que não há verdade
nenhuma, apenas uma inteira e aparatosa mentira.
(…)
O fio de prumo das relações entre a
administração da TAP e o poder político não é vertical.
(…)
Este dossier [TAP] está habitado pelo que
ainda não se sabe, nomeadamente sobre o pagamento de assessorias e empresas de
consultadoria desde o tempo de David Neeleman.
(…)
A TAP tem, com esta nova administração de
Luís Rodrigues, a sua última hipótese para levantar voo, credibilizando-se como
companhia de bandeira no seu próprio país.
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