(…)
[Copérnico],
“esse mesmo” adiou durante toda a sua vida a publicação do seu livro por temer
a sua própria Igreja.
(…)
Bruno
foi queimado na fogueira da Inquisição e Galileu condenado a prisão
domiciliária perpétua.
(…)
A
teoria de Copérnico foi criada cedo.
(…)
Quando
em 1536 um admirador, o cardeal Schonberg, lhe tinha pedido o livro inédito,
Copérnico respondera que o mantivera em segredo por 36 anos, e ainda esperou
mais sete.
(…)
A
razão para este atraso foi unicamente o medo da censura católica.
(…)
De
facto, o livro só foi impresso por intervenção de dois protestantes.
(…)
O
próprio Lutero comentou as ideias de Copérnico como uma infidelidade à letra da
Bíblia.
(…)
Foi
mais tarde outro luterano, Kepler, quem conduziu a divulgação da teoria
copernicana.
(…)
Os
três, Rheticus, Osiander e Kepler, podiam conhecer a posição sobranceira de
Lutero, mas isso em nada os demoveu do seu trabalho em prol da ciência.
(…)
Em
contrapartida, os católicos tinham outra razão para o medo: o obscurantismo
repressivo que se chamava Inquisição.
(…)
[Numa
passagem da Bíblia Hebraica no Livro de Josué em que] o profeta ordenou ao Sol
que parasse no firmamento.
(…)
Mas se
o Sol parou é por ser o Sol que se move, concluíram os dogmáticos.
(…)
Os
teólogos do Vaticano, que proibiram o livro em 1616, usaram este e mais
argumentos de uma leitura literalista da Bíblia, baseando-se por exemplo no
Primeiro Livro de Crónicas em que está escrito que “Deus firmou o mundo para
que não se mova”.
(…)
Contra
esses teólogos ergueu-se Kepler, que argumentou que na Bíblia não se pode ler
uma cosmologia, muito menos os princípios da astronomia.
(…)
O
católico Galileu, empolgado por esta controvérsia, escreveu a Kepler para lhe
dizer que também ele partilhava a mesma opinião... mas então só em segredo.
(…)
Quando
escreveu as suas conclusões sobre o copernicanismo, Galileu foi condenado.
(…)
A
própria ideia do pensamento livre, e portanto da ciência, foi condenada pela
encíclica “Mirari Vos”, do Papa Gregório XVI, em 1832.
(…)
A
ciência que resultava do pensamento livre baseado em factos, só foi autorizado
pelo Vaticano cerca de trezentos anos depois da sua publicação.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Existe
uma ideia corrente nos meios técnicos ligados à gestão do fogo: a de que, após
um incêndio, e passado tempo suficiente, os ecossistemas acabam por recuperar.
(…)
Existe
uma ideia corrente nos meios técnicos ligados à gestão do fogo: a de que, após
um incêndio, e passado tempo suficiente, os ecossistemas acabam por recuperar.
(…)
Algumas espécies, mais do que tolerantes, são promovidas pelo
fogo e ganham vantagens competitivas na sucessão ecológica pós-fogo.
(…)
Assim, o feito destrutivo seria temporário e a recuperação
uma questão de tempo.
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Esta generalização é simplista e abusiva.
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Existe,
pois, perigo na generalização de que o fogo é irrelevante ou salvífico para
todos os ecossistemas, incluindo todos com valor de conservação em Portugal.
(…)
Isto não é verdade, nem para aqueles que convivem com regimes
regulares de fogo.
(…)
Na
prioridade das preocupações durante incêndios, surgem naturalmente primeiro a
segurança com pessoas, habitações, bens, infraestruturas e usos do solo com
valias económicas diretas.
(…)
Mas é
da mesma grandeza de importância que o planeamento da prevenção e combate a
incêndios em Portugal contemple também, nas suas prioridades primárias, a
prevenção de perda irreversível de ecossistemas que não resistem ao fogo.
Jorge Capelo, “Público” (sem link)
[Com o
aparecimento do Chega, o PSD] está num labirinto
e sem a mínima ideia de como sair dele.
(…)
O que
o Chega faz ao tabuleiro da política nacional é assegurar que o PS – cujo
socialismo tanto afirma querer combater – se perpetue no poder.
(…)
Em
tudo o Chega é um embuste, mas esta parte é especialmente notável: identifica o
PS como seu grande opositor político, mas, na prática, é o seu melhor amigo.
(…)
O partido de Ventura aponta o PS como alvo a abater, mas
acerta sempre no PSD.
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Acontece que os portugueses, perante a ameaça dessa
possibilidade [de o PSD se aproximar do Chega], correm a votar no PS.
(…)
O PSD não tem coragem, ou vontade, de fazer alguma coisa que
inviabilize um entendimento futuro.
(…)
Mesmo
para quem está de fora (…), isto é penoso de assistir.
(…)
O progressismo de Francisco não vai bem com as políticas
xenófobas, racistas e populistas de André Ventura.
(…)
Existiu
aqui uma boa oportunidade para o PSD se demarcar do Chega de André Ventura e
para chamar a atenção dos portugueses para a distância que efetivamente o
separa daquele partido.
(…)
Mas nada disso. Mais uma vez, Ventura conseguiu passar de
fininho.
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Já os últimos cartazes do PSD têm uma frase típica da extrema-direita:
“O socialismo empobrece.”
(…)
Conhecemos a estratégia e sabemos de onde ela vem.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
O
Governo italiano, liderado pela pós-fascista Giorgia Meloni, avisou, a 31 de
Julho, 169 mil agregados familiares que vão deixar de receber o equivalente
italiano do rendimento social de inserção.
(…)
Para estas [famílias com pessoas portadoras de deficiência,
com menores a seu cargo ou de mais de 60 anos] haverá um subsídio de 500
euros mensais.
(…)
Num
país onde não há salário mínimo, a mensagem do executivo é simples: o pobre que
não quiser morrer de fome terá de aceitar qualquer tipo de emprego, por mais
mal remunerado que este seja.
(…)
A oposição apelidou a medida do Governo italiano como “uma
guerra aos pobres”.
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É o
“triunfo da ideologia neoliberal, com a ideia subjacente de que, se as pessoas
são pobres, a culpa é delas.” [afirma o economista Henri Sterdyniak].
(…)
[A
medida do Governo] transforma-se num maná para as empresas que podem assim
relativizar o valor do trabalho nos seus custos fixos, ao mesmo tempo que a
precariedade dos trabalhadores lhes permite esmagar ainda mais o pagamento por
esse trabalho.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
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