domingo, 13 de agosto de 2023

MAIS CITAÇÕES (244)

 
[As Jornadas Mundiais da Juventude teve] custos que ninguém se dará ao trabalho de contabilizar.

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Ninguém se perguntará por que Cracóvia custou €48 milhões, apenas €4 milhões deles públicos, Madrid €51 milhões, apenas com isenções fiscais, e Panamá €19 milhões, sem gastos públicos, enquanto Lisboa pode custar €160 milhões, metade pago pelo Estado.

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É natural que o Vaticano ache que foi a melhor jornada de todas. Tudo isto tresanda a Euro 2004.

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Comentadores e jornalistas entregaram-se à tarefa de saber qual foi o político que acumulou mais “valor imaterial”.

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O Presidente, que confunde o seu estatuto de chefe de Estado com a sua condição de católico, foi um peregrino.

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António Costa tratou o momento como uma oportunidade política.

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Mas foi seguido pela sombra de Carlos Moedas, que esteve em todas, sempre em bicos de pés e rodeado de assessores de comunicação. 

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Num momento em que a crise da habitação em Lisboa atinge contornos de distopia, apostou as fichas na onda emocional com o evento que nos pôs no “centro do mundo”. 

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André Ventura seguiu o exemplo de boa parte dos lisboetas e pôs-se a milhas, evitando o contraste com os discursos de um Papa que “tem prestado um mau serviço ao cristianismo”, abençoa reclusos e defende os imigrantes.

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[Do Papa] será a capacidade de falar aos muitos católicos que o veem como o derradeiro suspiro de humanidade e lucidez numa Igreja que visitam em casamentos, batizados e funerais.

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São os sectores mais conservadores e radicalizados que dominam a ação política organizada dos católicos.

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[A hierarquia católica portuguesa] faz-se de morta, como foi evidente no paupérrimo empenhamento no Sínodo 2021-2024.

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Este Papa está a léguas do que é hegemónico na hierarquia.

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É possível que tenham acontecido coisas interessantes na JMJ, mas a espetacularização da fé sempre foi eficaz para travar reformas na Igreja.

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A dispendiosa “rave religiosa” são muito mais poderosas do que as palavras do Papa, intérprete da Igreja que vive para lá das margens do poder.

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Francisco não pode assim tanto contra o que sobra de séculos de poder.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Walter Baier, presidente do Partido da Esquerda Europeia, também participante no evento [workshop Comunicação em Tempo de Guerra organizado pela Dialop], deu voz a essa urgência de diálogo.

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Neste tempo de catástrofe climática, a nossa resposta ao grito da Terra tem que ir de mão dada com a nossa resposta ao grito dos pobres  porque ambos têm a mesma origem numa economia que mata tanto as pessoas como a natureza.

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O desafio com que todos – crentes e não-crentes – estamos confrontados é o de construirmos uma alternativa ao senso comum alimentado por uma série de dispositivos que naturalizam a guerra e o desastre ambiental.

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É urgente a construção de uma ética social transversal, com a marca do primado da vida digna para todos.

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Marxistas e cristãos são destinatários deste apelo à construção de um senso comum em que a dignidade dos empobrecidos, dos explorados e de todas as vítimas de todas as discriminações seja a pedra angular.

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Há um intenso caminho feito, por gente de um lado e do outro, para essa construção de consensos diferenciados que deem corpo a uma alternativa à economia que mata.

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O caminho de encontro entre cristãos e marxistas, (…), faz um especial sentido aqui, deste lado do mundo.

José Manuel Pureza, “Público” (sem link)

 

Como escreve Andrew Stroehlein, director dos media europeus da Human Rights Watch, estamos perante “a mais preguiçosa forma de política”, praticada pelos “políticos sem escrúpulos” que estão sempre prontos a aproveitar-se da fragilidade alheia para ganho pessoal.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

Os dados sobre o emprego e o desemprego, divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), relativos ao segundo trimestre de 2023, levaram o Governo, em particular pela voz do secretário de Estado do Trabalho (SE), a fazer cinco afirmações cheias de positivismo.

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O desemprego desceu, comparado com o trimestre anterior, mas aumentou face ao trimestre homólogo de 2022.

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O fator que mais contribuiu para diminuir o desemprego neste período foi a celebração de quase 55 mil contratos sazonais.

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A generalidade destas pessoas não sobreviverá com o que vai auferir nuns meses, teremos mais encargos para a Segurança Social e mais cidadãos a viver de apoios pontuais.

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A criação de emprego concentrou-se no turismo e construção, setores de baixa produtividade, muita precariedade e baixos salários.

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E não se pode explicar a perda de trabalhadores com licenciatura ou mais, apenas por uma alteração metodológica do INE na recolha de informação.

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[Se] estamos a assistir a sinais de uma ténue recuperação salarial, todavia longe de cobrir as perdas dos últimos anos, ou seja, não se pode falar de mudança na política salarial.

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A exportação de produtos com mais conteúdo tecnológico não significa automaticamente melhoria da qualidade do emprego e, menos ainda, mudança de “paradigma” da economia.

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São necessárias políticas que apostem simultaneamente nas pessoas e no perfil de especialização da economia.

Carvalho da Silva, JN

 

A maquilhagem foi uma constante nesta Jornada Mundial da Juventude, parecendo por vezes que estávamos a assistir a um filme com legendas erradas ou mal dobrado.

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O evento foi um sucesso segundo a organização religioso-estatal, mas apesar da maquilhagem deixou a descoberto cicatrizes na democracia que importa não camuflar.

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Se não nos ocuparmos da religião, ela ocupa-se de nós. E exemplos disso é o que não falta no mundo, basta olhar para os EUA ou Itália e para os retrocessos a que estamos a assistir em matéria de direitos das mulheres e das pessoas.

Luísa Semedo, “Público” (sem link)


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