(…)
Há cem mil alunos que começam as aulas com falta de
professores, nomeadamente porque é impensável virem para as cidades mais caras.
(…)
A inflação imobiliária está a criar um efeito dominó na
Educação e na Saúde.
(…)
Não é difícil antecipar para onde vai este caminho.
(…)
[Entretanto] o primeiro-ministro escolheu o truque, dizendo
em discurso aos jovens que há 17 mil construídas ou em projeto – e nada disso
inclui aquele médicos e professores.
(…)
O enganador jogo de palavras é considerado fácil pelo homem
que tem o poder de decidir.
(…)
A promessa [garantir nos 50 anos do 25 de Abril casas para
todas as pessoas necessitadas] foi repetida em todas as eleições, 2015,
2019 e 2022.
(…)
Como é fácil de perceber, se o PM não diz quantos são os
construídos é por saber que o número envergonha (serão sequer dois mil?)
(…)
Nos cinquenta anos do 25 de Abril aquela promessa será tão
concretizada como a do médico de família para cada pessoa.
(…)
Em contrapartida, na emergência das falhas de professores o
ministro da Educação anunciou uma medida que é de bom senso: usar as casas
disponíveis das Caixas de Previdência para habitação a preço acessível para
professores deslocados.
(…)
Que o ministro agora se lembre disso é um sinal razoável. Se
vai a tempo, não vai.
(…)
[O PM] diz aos professores e outros profissionais que só lhes
serão oferecidas promessas não concretizadas e anúncios vãos.
Francisco Louçã, “Expresso” online
(sem link)
Mariana
Mortágua nunca defendeu a proibição da venda de casas a estrangeiros, mas, sim,
a não residentes (à exceção de portugueses não residentes).
(…)
Tratou-se
de um erro do DN, que, aliás, acabou por apagar o título da notícia, tendo
igualmente apagado as correspondentes publicações nas redes sociais.
(…)
O
Bloco não quer excluir os estrangeiros da possibilidade de comprarem casa em
Portugal, apenas aqueles que não residem cá e que o querem fazer para
investimento ou negócio.
(…)
Porque insistem os críticos de Mariana Mortágua em criticá-la
quando está claro que a proibição visa apenas não residentes?
(…)
Têm uma intolerância visceral a qualquer restrição ao direito
de propriedade e ao direito a fazer negócios.
(…)
O
direito de propriedade e a liberdade económica não são como o direito à vida.
Podem, e devem se for preciso, conhecer restrições.
(…)
O
ponto aqui é que a direita, e infelizmente algumas pessoas que se dizem de
esquerda, não aceitam discutir a possibilidade de restringir o direito de
propriedade numa situação de emergência.
ao abrigo da legislação portuguesa, conforme os Termos e Condições.
(…)
Há milhares de pessoas que não conseguem arrendar casa e
ainda menos comprar uma.
(…)
Mas nada disto faz acender a indignação e a revolta dessas
pessoas. Com isso, podem muito bem.
(…)
Os
bons princípios aqui exigiriam que se protegesse quem quer ter uma casa para
morar em detrimento de quem quer fazer negócios imobiliários.
(…)
É possível numa social-democracia europeia defender o
interesse dos nacionais [como acontece na Dinamarca onde, imagine-se, os
estrangeiros não podem mesmo comprar casa, salvo com uma autorização especial
do Governo].
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Com
efeito, a vertente forte da contestação dos professores tem-se cingido à
recuperação do tempo de serviço e a outros temas relacionados com a carreira.
(…)
O
Estado tem falhado na regulação da Educação, particularmente no que à sua
qualidade respeita e na protecção daqueles que têm mais vulnerabilidades socioeconómicas.
(…)
Métodos e doutrinas pedagógicas não são cientificamente
demonstráveis como correctos ou incorrectos, em termos absolutos.
(…)
O voto confere legitimidade democrática – mas não confere
autoridade pedagógica.
(…)
Vivemos num autêntico vórtice de “inovações” não testadas,
impostas centralmente a quem sobre elas devia decidir, isto é, o professor.
(…)
Em
contraste com os erros enunciados, imagine que reduzíamos o número de alunos
por turma, digamos que a um máximo de 20. É minha convicção que melhorava
substancialmente a aprendizagem e a disciplina.
(…)
Se
libertássemos os professores da alienação burocrática em que vivem e
extinguíssemos o kafkiano modelo de avaliação, desadequado e pejado de
grosseiros erros técnicos, o corpo docente rejuvenescia.
(…)
Se as escolas passassem a ser governadas por um novo modelo
de gestão, verdadeiramente democrático (…) a produtividade aumentava e
removeríamos a politização perniciosa, o centralismo asfixiante e a
conflitualidade desagregadora.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
Sei que se o preço dos pecadilhos de Isaltino Morais passou
para 139 mil euros em almoços (desde 2017) o concelho mais qualificado do país
até deu um salto positivo no uso dos dinheiros públicos.
(…)
O presidente partilhou com o país o enorme sacrifício que faz
nestas árduas almoçaradas e espantou-se com a gente que, como eu, se deslumbra
facilmente com um simples arroz de lavagante.
(…)
A única coisa politicamente relevante é o descaramento do autarca
comensal, que promete continuar a comer, com sacrifício para a sua saúde, em
prol das gentes de Oeiras.
(…)
Conheço muitos dos seus eleitores, de esquerda e de direita.
Nenhum que se atravesse pela sua honestidade.
(…)
Ao contrário do que é uso dizer-se, não são os escândalos que
fazem crescer a extrema-direita. É a falta de perspetivas de mais bem-estar.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
(sem link)
As
condições materiais e morais de habitar Lisboa têm vindo a deteriorar-se de tal
modo que um retorno à Lisboa de personalidade que atraiu a onda turística que
agora a destrói parece cada vez menos viável.
(…)
A
cidade continua a vender-se, como se vendeu à JMJ, cujo retorno foi posto em
tom de humilhação na expressão de que é “espiritual”.
(…)
Um
prémio [atribuído a Lisboa como a cidade mais cara da Europa] acompanhado da
miséria e pobreza do estado da habitação, à qual não há pacote deste Governo que
pareça ter qualquer efeito.
(…)
De tanto despersonalizar a cidade, de tanto a vender, ela
arruinou-se, a fim de atrair a chegada de mais cifrões.
João Rochate da Palma, “Público” (sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário