sexta-feira, 1 de setembro de 2023

CITAÇÕES

 
Todos os banqueiros centrais são felizes, mas cada qual à sua maneira. 

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Em Jackson Hole, nos Estados Unidos, realizou-se o costumeiro simpósio anual albergado pela Reserva Federal de Kansas City.

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Em Joanesburgo, na África do Sul, reuniu-se a cimeira dos BRICS.

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No primeiro caso falaram os banqueiros das maiores potências económicas, (…), ao passo que no segundo se ouviram os chefes dos respetivos Governos, ali os banqueiros não mandam.

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Os banqueiros centrais que se reuniram nos Estados Unidos têm um estatuto legal de independência (…) para assegurar a proteção do mercado financeiro pelos seus próprios poderes.

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Em Joanesburgo apresentaram-se governantes, uns de democracias eleitorais e outros de autocracias, que tutelam os bancos centrais nacionais. 

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O problema é que a independência dos bancos centrais (…) permitiu ou até estimulou a desregulação que causou a grande crise de 2008.

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Pelo contrário, alguns dos países dos BRICS registaram importantes crescimentos industriais, que foram apoiados pelas suas políticas cambiais e monetárias.

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De facto, os dois grupos de países, sobretudo o dos BRICS, são heterogéneos, e seria exagerado traçar alguma convergência persistente nas suas políticas.

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Do Japão à zona euro, passando pelos EUA, se anuncia o prosseguimento da política restritiva.

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[Outro] paradoxo é que sabem que a população não acredita neles. E este é o mais curioso.

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[Há estudos que contam uma história embaraçosa] Como se vê no seu gráfico, que compara a evolução real da inflação na zona euro e as várias previsões que foram sendo publicadas pelo BCE, estas estavam sempre erradas. 

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Estavam erradas quando Lagarde e os Governos europeus, incluindo o nosso, garantiram que era um fenómeno “temporário”.

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Mesmo quando verificaram o desvio, continuaram sempre a prever que a inflação ia baixar, falhando sempre da mesma forma.

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Desde o final de 2020 as previsões oficiais eram todas erradas, pois antecipavam uma estabilização do ritmo da inflação ou até o seu declínio, que não ocorreu.

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Pior, nunca aprenderam com os erros.

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O FMI, que diz que sabe quais são, põe o nome na coisa: o aumento da taxa de lucro explica dois terços da inflação no nosso caso.

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Quando se aperceberam de que havia outras causas [que não os preços da energia] para a inflação, nada fizeram senão prosseguir a política que sabiam que não resultaria.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

[A instalação de sistemas de videovigilância em larga escala] está a acontecer um pouco por todo o país e o debate à volta do assunto é quase zero.

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Será a PSP a ver e a guardar as imagens e que fará isso sem nenhuma supervisão.

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Numa situação em que direitos fundamentais das pessoas estão em causa, ninguém tomou a liberdade de pensar na necessidade de uma supervisão.

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Por outro lado, nos pedidos de licenciamento dos sistemas a PSP manifesta a ligeireza com que encara o tema.

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A restrição de direitos fundamentais só é possível quando estão em causa outros direitos fundamentais e se essa restrição for indispensável à preservação desses direitos.

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Nos pedidos da PSP nem se nota a preocupação em justificar a indispensabilidade dos sistemas de videovigilância.

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É difícil justificar a necessidade de sistemas de videovigilância [quando se sabe que Portugal é dos países mais seguros do mundo e que na última década a criminalidade desceu 42%].

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A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) tem arrasado estes pedidos e tem suscitado as maiores reservas ao seu deferimento, chegando mesmo a dar pareceres negativos.

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Quem está a autorizar estes pedidos nestas condições? O próprio Ministério da Administração Interna (MAI).

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Há sistemas que preveem o recurso a inteligência artificial (IA). É assim nas cidades de Leiria e Portimão.

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É outra pequena amostra da leviandade com que tudo isto está a ser tratado.

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As ruas deixarão de ser um espaço de liberdade e passarão a ter um controlo tipicamente autoritário.

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Quando dermos por ela, teremos um Big Brother em cada esquina.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

[Fukuyama] o homem abalroado pela mesma história que disse ter atingido a sua finitude, vem agora afirmar-nos que não estava errado, o liberalismo é que é um estádio superior de civilização a que os homens só dão valor quando passam pela barbárie.

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A democracia liberal é um mal, mas bem melhor que outros males que andam por aí.

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Aquilo que Fukuyama nos diz é que os países precisam de cair num buraco para perceberem como é bom ser liberal.

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E se a América está como está, apesar de mais próxima do idealismo liberal do cientista político, a culpa não é do liberalismo, mas do facto de “a política, hoje”, ser “muito estúpida”.

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Quanto às “injustiças e aos graves problemas sociais” das democracias, a culpa era da “incompleta aplicação dos princípios” e não se devia a “defeitos intrínsecos dos próprios princípios”.

António Rodrigues, “Publico” (sem link)

 

Em profunda crise, a democracia liberal deixou de ser capaz de gerar o bem-estar que a ajudou a superar contradições e ofuscar limitações durante décadas.

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A democracia liberal foi-se mantendo viável enquanto foi possível manter a ideia de eterno progresso.

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A partir do momento em que a democracia liberal entrou em “crise profunda” por não ser “capaz de garantir o bem-estar”, introduziu “a crise como arte de governo”.

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 “Em vez de ser um fenómeno económico, político e social”, a crise produz, assim, “uma constante sensação de perigo que torna os sujeitos mais previsíveis e mais governáveis”.

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Mas sempre “com a ilusão de que as suas acções são livres porque, na realidade, ninguém os obriga”.

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E a crise passou a ser uma palavra de gestão social, destinada a garantir que os momentos de inflexão sejam meros pontos de transformação semântica.

António Rodrigues, “Público” (sem link)


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