sábado, 2 de setembro de 2023

MAIS CITAÇÕES (247)

 
Rubiales deu o despropositado beijo na boca de uma atleta subordinada porque a euforia libertou instintos masculinos vindos de séculos de poder sobre os corpos das mulheres.

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Os homens sempre souberam, com rigor milimétrico, onde ela [a fronteira] fica.

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E quanto mais conservadores forem esses homens mais rigorosa é essa fronteira. 

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É nas sociedades mais machistas, como a espanhola ou a portuguesa, e não nas sexualmente mais liberais, que o abuso sobre as mulheres é comum.

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Basta olhar para as imagens para perceber que não houve qualquer gesto ativo de consentimento. 

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Claro que, na sedução, nem todos os momentos são previamente acordados. 

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Porque o abuso, na cabeça de muitos homens, não é determinado pela vontade da vítima, mas pela intenção do abusador.

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Se um homem se sente à vontade para ultrapassar as fronteiras perante todos, como se sentirá em privado?

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O abuso eufórico e inocente rapidamente se tornou em abuso calculista e autoritário. 

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[Uma campanha montada pela máquina federativa de Rubilaes tinha como objetivo convencer a opinião pública de que] era ela a ser julgada por não ter repelido o beijo.

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No fundo, [fazer crer que] nenhuma mulher é abusada sem culpa própria. 

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E se não ficou destroçada, lá está o consentimento.

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E a popularidade muito recente do futebol feminino é mais do que cada vitória desportiva. É uma vitória sobre a menorização de metade do planeta.

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A recusa das jogadoras em continuarem a trabalhar com o dirigente que garantia que aquele beijo apenas revelava a sua grande proximidade a elas deveria chegar para deixar tudo muito claro.

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O espírito de equipa que as levou à vitória traduziu-se numa autoestima partilhada que tornou mais difícil isolar e esmagar a vítima, como é costume. 

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Custará a muito homens, mas terão mesmo de contar com mais poder da outra metade da humanidade. 

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E são elas a definir o que é a sua linha do abuso.

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Todos os que vão justificando o abuso de poder com o carinho e a admiração que têm pelas mulheres terão de aprender a lidar com iguais.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Um dos [dilemas] que maiores perplexidades tem criado é o da relação entre transição e mineração.

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Particularmente na transição energética, pelo facto de sabermos que ela requer grande quantidade de matérias-primas escassas.

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Estamos confrontados com um dilema e com o aproveitamento das tensões que ele cria para se promoverem interesses abusivos, entalar o Estado e ferir o interesse público.

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O que é surpreendente é que, gerações atrás de gerações, os nossos recursos mineiros sejam entregues em condições fabulosas às empresas que os exploram.

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A atividade mineira tem arrastado consigo um sinistro passivo que o Estado tem evitado encarar.

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Há anos que tem sido lançado o alarme quanto ao risco de contaminação em que as próprias águas do Zêzere se encontram devido a uma antiga escombreira de resíduos tóxicos das minas da Panasqueira.

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Existem neste momento 199 antigas áreas mineiras abandonadas no país, muitas das quais com depósitos de contaminados e escombreiras.

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Não é admissível qualquer falha de rigor na responsabilização de qualquer nova exploração quanto aos seus subprodutos, resíduos e impactos.

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Como não compreender a reação das populações e autarcas às intenções mineiras nos seus territórios.

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Por que razão, então, tem o país de ser devastado, explorado e depois abandonado ao lixo e à contaminação? 

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É que a exploração mineira é baseada em contratos que têm cláusulas e garantias.

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E esses contratos são estabelecidos com o Estado que tem deveres indeclináveis para com a população e os recursos naturais do país.

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Está em curso atualmente uma nova leva de concessões mineiras, mas não estão ainda garantidas todas as cautelas sobre as condições em que a exploração se fará em termos ambientais e paisagísticos, e também em termos sociais e de saúde pública.

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Acresce que é urgente perceber as contrapartidas que o Estado deverá legitimamente assegurar para o país e garantir que toda a intervenção mineira obedece a um planeamento rigoroso.

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[É imoensável] vermos agora o país atirar-se a um novo ciclo mineiro sem ter preparado suficientemente nem o seu planeamento nem todas as responsabilidades sociais e ambientais.

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Não se admite nem mais uma negligência sobre as consequências das explorações.

Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)

 

Quando se visita uma frente, a maioria das casas que se vê destruídas são casas de gente pobre, assim como os espaços de recreio e escolas, muitas vezes nos bairros dos arredores ou em aldeias, não são opulentas mansões.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

O Governo prepara o Orçamento do Estado (OE) e as políticas que o acompanharão, dando sinais de fechamento e de medo em se abrir à sociedade. 

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[A direita agita] algumas bandeiras sem ir ao fundo dos problemas porque não tem resposta para eles.

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Os partidos à Esquerda parecem surgir com uma ação política mais clarificadora das relações entre as agendas social e política.

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A discussão do Orçamento do Estado e a retoma dos trabalhos da Assembleia da República vão tornar mais evidentes estes jogos em curso e o seu distanciamento das respostas aos reais problemas das pessoas.

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Ou temos um novo impulso de industrialização, em setores e em condições inerentes ao tempo em que estamos, ou definhamos. 

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Precisamos de um OE que interprete os compromissos de uma sociedade democrática organizada no que é estruturante da vida das pessoas.

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A Escola inicia o novo ano letivo com os alunos carregados de expectativas e sonhos, mas o Governo teima em tratar mal os professores. 

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Os tribunais reabrem em clima de tensão com parte dos seus trabalhadores e os cidadãos sentem o sistema de justiça entupido. 

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Na saúde a situação é idêntica. 

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A melhoria dos salários anda de mãos dadas com a evolução da qualidade do emprego. 

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O Governo pode e deve dar o tiro de partida começando a valorizar os salários dos trabalhadores da Administração Central e Local.

Carvalho da Silva, JN


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