(…)
[Segundo Costa], dar a maioria absoluta ao PS foi
uma forma de levar os portugueses ao engano, dixit. Isto é monumental.
(…)
O PS anunciou que se livraria dos “empecilhos” em 2019 e
recusou um acordo escrito para o novo mandato e, assim, enterrou a geringonça.
(…)
Mais acrescentou Costa: a maioria absoluta provoca um
arrependimento imediato e dificulta o diálogo com a sociedade e a reforma em
várias árias.
(…)
A maioria absoluta foi um desastre.
(…)
Como disse o primeiro-ministro a propósito de um acordo entre
as direitas que agora se esboroou nos Açores, foi um “fiasco” e uma
“barafunda”, expressões tão adequadas à demissão do seu próprio governo.
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“Levar ao engano” os portugueses deu nisto.
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Depois vem o mais surpreendente: o primeiro-ministro espera
que depois de março haja “uma solução mais estável”, que não será, portanto,
uma maioria absoluta, enganadora como esta é por natureza.
(…)
O “mais” é aqui a palavra chave: a maioria do PS foi
instável, ao contrário do que prometera, e levou as pessoas “ao engano”, pelo
que Costa quer uma solução “mais estável”.
(…)
Costa sugere uma solução para o seu próprio fracasso neste
governo.
Francisco Louçã, “Expresso” online
(sem link)
Num futuro não determinado, a polícia tem uma unidade
especializada em impedir os crimes antes mesmo destes acontecerem – o Pré-Crime.
(…)
Quem cai na rede da polícia, acusado por um crime que ainda
não cometeu, não tem qualquer forma de se defender e é automaticamente
condenado.
(…)
Em vez tentarem descobrir o que aconteceu e como foi feito,
andam anos a fio à escuta para ver se alguma coisa acontece ou parece acontecer.
(…)
Tirando ermitas e pessoas com dificuldades de socialização,
ninguém está isento de conversas que, descontextualizadas do elemento pessoal,
possam ser erroneamente interpretadas.
(…)
Num Estado de Direito tem de existir proporcionalidade entre
o bem a perseguir e o que estamos a colocar em causa, enquanto sociedade, ao
aceitar o policiamento da esfera privada.
(…)
Parece haver um uso extensivo e intensivo das escutas como
meio de prova.
(…)
Há frases cortadas a meio na transcrição para aparentar
culpabilidade, sendo as gravações negadas durante meses ao advogado.
(…)
Há gravações onde, não se percebendo a frase ou o seu
contexto, a transcrição vai à procura da palavra que mais jeito dá para condenar
quem falou.
(…)
Em todos os casos o mesmo denominador: “apenas foi
aproveitada a parte da conversa que interessava à acusação”.
(…)
São elementos parciais que são entregues a jornalistas,
servindo para entregar suspeitos aos tribunais da opinião pública, sem que
estes se possam defender.
(…)
A perceção pública de buscas policiais numa autarquia ou numa
sede partidária faz o resto.
(…)
Não se investiga para fechar um processo, mas para tentar
descobrir processos futuros.
(…)
A bonomia com que aceitamos que metade vigie e escute a outra
metade resulta de uma cultura que promove o abuso do poder coercivo e
repressivo do Estado.
(…)
Quarenta e oito anos de ditadura deixam as suas marcas: o
enraizamento do “quem não deve não teme” foi uma delas.
(…)
Não é por acaso que, das 15 mil pessoas a serem escutadas,
são quase sempre políticos, e não empresários ou banqueiros, a aparecer nas
capas de jornais.
(…)
Mas a generalização deste meio de prova, ainda por cima menos
eficaz e fiável do que se tenta fazer crer, é típica de sociedades policiais e
autoritárias.
(…)
A ideia de que a terraplanagem de direitos cívicos fará
nascer uma sociedade menos corrupta já mostrou onde nos conduz.
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Em Itália, a República dos Juízes acabou em duas décadas de
Berlusconi e num governo liderado por fascistas convertidos.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
(sem link)
Há
vários anos que o país está à espera de um ministro da Educação que venha
resolver um problema perfeitamente identificado: a falta de professores.
(…)
A recuperação do tempo de serviço prestado mas
não contado tem sido a reivindicação bandeira de uma exigência de respeito pela
profissão.
(…)
Tiago
Brandão Rodrigues e João Costa, detentores da pasta da Educação desde 2015,
responderam sempre a esse apelo com toda a frieza de um "não".
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Contra a recuperação do tempo de serviço, em maio de 2019,
António Costa ameaçou mesmo demitir-se.
(…)
Agora causa tanto espanto ver Montenegro tão preocupado com
os professores.
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A promessa do PSD a esse respeito é antinatura, cheia de
truques e já nasceu afogada em impossibilidades.
(…)
A
proposta de recuperação de tempo de serviço do PSD é cheia de truques porque
arrasta sempre um adjetivo, e é assim desde o primeiro momento.
(…)
João Costa recusou sempre que fosse possível uma recuperação
integral do tempo de serviço dos professores.
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Em
fevereiro de 2023, Fernando Medina assegurou que o “equilíbrio das contas
públicas” estava acima de qualquer negociação com os professores.
(…)
Curiosamente,
[há poucos dias], o deputado Pedro Nuno Santos votou contra [a recuperação do
tempo de serviço dos professores] e o candidato a líder do PS Pedro Nuno Santos
apresentou uma declaração de voto.
(…)
[Lendo
as letras pequenas, para Pedro Nuno Santos], afinal a recuperação do tempo de
serviço teria de ser submetida ao equilíbrio orçamental imposto pela redução da
dívida; afinal, talvez uma legislatura não baste.
(…)
O Governo quis fazer dos professores a primeira linha de
ataque contra as reivindicações dos funcionários públicos.
(…)
Vejam
bem o desplante de um ministro já demitido, João Costa veio admitir a
recuperação de tempo de serviço que durante anos negou aos professores.
(…)
[Não
tenhamos dúvidas de que quando os votos estiverem contados] quer PS, quer PSD estarão, sem surpresa, obcecados com
o equilíbrio orçamental imposto pela redução da dívida pública.
Joana Mortágua, “Público” (sem link)
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