quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (81)

 
[A entrevista de Costa à TVI tem a particularidade de ser] a confissão de que a sua própria maioria absoluta foi o problema.

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[Segundo Costa], dar a maioria absoluta ao PS foi uma forma de levar os portugueses ao engano, dixit. Isto é monumental.

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O PS anunciou que se livraria dos “empecilhos” em 2019 e recusou um acordo escrito para o novo mandato e, assim, enterrou a geringonça.

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Mais acrescentou Costa: a maioria absoluta provoca um arrependimento imediato e dificulta o diálogo com a sociedade e a reforma em várias árias.

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A maioria absoluta foi um desastre.

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Como disse o primeiro-ministro a propósito de um acordo entre as direitas que agora se esboroou nos Açores, foi um “fiasco” e uma “barafunda”, expressões tão adequadas à demissão do seu próprio governo.

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“Levar ao engano” os portugueses deu nisto. 

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Depois vem o mais surpreendente: o primeiro-ministro espera que depois de março haja “uma solução mais estável”, que não será, portanto, uma maioria absoluta, enganadora como esta é por natureza.

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O “mais” é aqui a palavra chave: a maioria do PS foi instável, ao contrário do que prometera, e levou as pessoas “ao engano”, pelo que Costa quer uma solução “mais estável”.

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Costa sugere uma solução para o seu próprio fracasso neste governo.

Francisco Louçã, “Expresso” online (sem link)

 

Num futuro não determinado, a polícia tem uma unidade especializada em impedir os crimes antes mesmo destes acontecerem – o Pré-Crime.

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Quem cai na rede da polícia, acusado por um crime que ainda não cometeu, não tem qualquer forma de se defender e é automaticamente condenado.

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Em vez tentarem descobrir o que aconteceu e como foi feito, andam anos a fio à escuta para ver se alguma coisa acontece ou parece acontecer.

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Tirando ermitas e pessoas com dificuldades de socialização, ninguém está isento de conversas que, descontextualizadas do elemento pessoal, possam ser erroneamente interpretadas. 

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Num Estado de Direito tem de existir proporcionalidade entre o bem a perseguir e o que estamos a colocar em causa, enquanto sociedade, ao aceitar o policiamento da esfera privada.

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Parece haver um uso extensivo e intensivo das escutas como meio de prova.

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Há frases cortadas a meio na transcrição para aparentar culpabilidade, sendo as gravações negadas durante meses ao advogado.

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Há gravações onde, não se percebendo a frase ou o seu contexto, a transcrição vai à procura da palavra que mais jeito dá para condenar quem falou. 

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Em todos os casos o mesmo denominador: “apenas foi aproveitada a parte da conversa que interessava à acusação”.

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São elementos parciais que são entregues a jornalistas, servindo para entregar suspeitos aos tribunais da opinião pública, sem que estes se possam defender.

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A perceção pública de buscas policiais numa autarquia ou numa sede partidária faz o resto. 

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Não se investiga para fechar um processo, mas para tentar descobrir processos futuros. 

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A bonomia com que aceitamos que metade vigie e escute a outra metade resulta de uma cultura que promove o abuso do poder coercivo e repressivo do Estado.

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Quarenta e oito anos de ditadura deixam as suas marcas: o enraizamento do “quem não deve não teme” foi uma delas.

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Não é por acaso que, das 15 mil pessoas a serem escutadas, são quase sempre políticos, e não empresários ou banqueiros, a aparecer nas capas de jornais.

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Mas a generalização deste meio de prova, ainda por cima menos eficaz e fiável do que se tenta fazer crer, é típica de sociedades policiais e autoritárias.

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A ideia de que a terraplanagem de direitos cívicos fará nascer uma sociedade menos corrupta já mostrou onde nos conduz.

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Em Itália, a República dos Juízes acabou em duas décadas de Berlusconi e num governo liderado por fascistas convertidos.

Daniel Oliveira, “Expresso” online (sem link)

 

Há vários anos que o país está à espera de um ministro da Educação que venha resolver um problema perfeitamente identificado: a falta de professores.

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 A recuperação do tempo de serviço prestado mas não contado tem sido a reivindicação bandeira de uma exigência de respeito pela profissão.

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Tiago Brandão Rodrigues e João Costa, detentores da pasta da Educação desde 2015, responderam sempre a esse apelo com toda a frieza de um "não".

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Contra a recuperação do tempo de serviço, em maio de 2019, António Costa ameaçou mesmo demitir-se.

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Agora causa tanto espanto ver Montenegro tão preocupado com os professores.

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A promessa do PSD a esse respeito é antinatura, cheia de truques e já nasceu afogada em impossibilidades.

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A proposta de recuperação de tempo de serviço do PSD é cheia de truques porque arrasta sempre um adjetivo, e é assim desde o primeiro momento.

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João Costa recusou sempre que fosse possível uma recuperação integral do tempo de serviço dos professores.

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Em fevereiro de 2023, Fernando Medina assegurou que o “equilíbrio das contas públicas” estava acima de qualquer negociação com os professores.

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Curiosamente, [há poucos dias], o deputado Pedro Nuno Santos votou contra [a recuperação do tempo de serviço dos professores] e o candidato a líder do PS Pedro Nuno Santos apresentou uma declaração de voto.

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[Lendo as letras pequenas, para Pedro Nuno Santos], afinal a recuperação do tempo de serviço teria de ser submetida ao equilíbrio orçamental imposto pela redução da dívida; afinal, talvez uma legislatura não baste.

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O Governo quis fazer dos professores a primeira linha de ataque contra as reivindicações dos funcionários públicos.

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Vejam bem o desplante de um ministro já demitido, João Costa veio admitir a recuperação de tempo de serviço que durante anos negou aos professores.

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[Não tenhamos dúvidas de que quando os votos estiverem contados] quer PS, quer PSD estarão, sem surpresa, obcecados com o equilíbrio orçamental imposto pela redução da dívida pública. 

Joana Mortágua, “Público” (sem link)


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