quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (85)

 
E se a gestão de um dos principais grupos de comunicação social do país se transformasse num filme de gangsters? Um daqueles entre o que víamos nos cinemas, com padrinhos senatoriais e ameaças veladas a meia-voz, e as versões mais recentes dos truques nas contas e das engenharias financeiras.

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E se houvesse um acionista que compra um grupo em dificuldades para o sugar até ao tutano, desmembrar, descapitalizar? Numa daquelas táticas batidas do capitalismo em que o homem de negócios seguia o enredo do guião inicial de Pretty Woman.

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E se houvesse um plano político para essa concentração dos media como já vimos noutros países? A criação de poderes de extrema direita poderia seguir o mesmo guião que vimos nos EUA ou no Brasil.

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E se a realidade for ainda mais rebuscada do que a ficção?

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Um país como Portugal poderia ficar com uma comunicação social mais fragilizada, com interesses obscuros a controlar a informação e a influenciar a opinião pública, criando e destruindo políticos, manipulando a perceção da realidade, erodindo a democracia e os seus pilares.

Pedro Filipe Soares, DN

 

Agentes da PSP ordenaram a jovens ativistas climáticas que se despissem e que, sem roupa, se agachassem, mostrando dessa forma as partes mais íntimas do corpo.

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Um puro exercício de autoritarismo e um tratamento desrespeitoso e desprovido da consideração que todas as pessoas merecem.

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Não existia nenhuma razão para os agentes da PSP desconfiarem que escondiam nos orifícios do corpo armas ou quaisquer objetos.

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Humilharam aquelas raparigas pela simples vontade de o fazer.

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Quem tem a incumbência de proteger os cidadãos não poderia atrever-se a comportamentos destes. 

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Os comentários [nas redes sociais] a essas partilhas [da notícia] foram grotescos e assustadores. Isto deve obrigar-nos a uma reflexão coletiva.

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Depois de décadas em que não conseguimos erradicar totalmente o fascismo da sociedade portuguesa, eis que agora ele está ostensivamente presente, em crescendo e é assumido sem pudor.

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Reina a incompreensão e o conservadorismo [em relação às ações destes grupos de ativistas climáticos].

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Jovens com habilitações literárias destacadas e completamente integrados na sociedade decidiram agir para chamar a atenção das pessoas para um consenso científico: o comportamento irresponsável de indivíduos e empresas está a levar o planeta ao colapso climático.

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Esse colapso inevitavelmente determinará catástrofes e mortes numa escala que nunca vimos.

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Parece que estamos quase todos de acordo relativamente a isto.

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Reparem que são protestos pacíficos e que os ativistas nunca reagem à violência que sobre eles é exercida.

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É claro que este ambiente os desprotege ainda mais nas esquadras de polícia e nas diversas instâncias a que são submetidos. As coisas têm consequências.

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Agora [os ativistas e os seus protestos] são novamente notícia e seria obrigatório que existisse um consenso na condenação da atuação da PSP.

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Que sociedade é esta que se revolta mais com os protestos de quem alerta para a crise climática do que com comportamentos inaceitáveis por parte de agentes das forças de segurança?

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Para responder mediaticamente o congresso do Partido Socialista, Luís Montenegro marcou, para domingo, o lançamento da Aliança Democrática (AD).

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Nem alargamento, nem uma nova esperança, nem um regresso às origens. 

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O problema é ter-se tentado fingir que esta coligação era o que não é.

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A escolha de Miguel Guimarães não podia ser mais absurda.

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[Miguel Guimarães] representou, durante a pandemia, a mais descarada instrumentalização política de uma organização de autorregulação, no mesmo momento em que o PSD de Rui Rio revelava um grande sentido patriótico.

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Miguel Guimarães não seduz ninguém que não seja, à partida, eleitor do PSD.

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Seria de esperar [de Montenegro] uma ideia, uma proposta, qualquer coisa que se afirmasse pela positiva no tema que escolheram como central, quando se apresenta a candidatura. 

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E isso não aconteceu.

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Tentar passar uma imagem de novidade e ressuscitar uma coligação com 40 anos é prestar-se à comparação, exibindo a ausência de presente e de futuro. Como manobra de marketing, é um desastre.

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Se a artificialidade da nova AD não fosse evidente, a entrada do PPM deixaria isso claro. 

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 Não é fácil vender a ideia de uma coligação moderada contra o “radicalismo de Pedro Nuno Santos” e andar com estas companhias [como Nuno da Câmara Pereira].

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O PPM, que foi o partido com menos votos nas últimas legislativas (260).

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O problema desta versão vintage da AD é tudo nela sublinhar a diferença abissal com a original: nada nela é novo, mobilizador ou natural.

Daniel Oliveira, “Expresso” online (sem link)


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