(…)
E se houvesse um acionista que compra um grupo em dificuldades
para o sugar até ao tutano, desmembrar, descapitalizar? Numa daquelas táticas
batidas do capitalismo em que o homem de negócios seguia o enredo do guião
inicial de Pretty Woman.
(…)
E se houvesse um plano político para essa
concentração dos media como já vimos noutros países? A criação de poderes de
extrema direita poderia seguir o mesmo guião que vimos nos EUA ou no Brasil.
(…)
E se a realidade for ainda mais rebuscada do
que a ficção?
(…)
Um país como Portugal poderia ficar com uma
comunicação social mais fragilizada, com interesses obscuros a controlar a
informação e a influenciar a opinião pública, criando e destruindo políticos,
manipulando a perceção da realidade, erodindo a democracia e os seus pilares.
Agentes
da PSP ordenaram a jovens ativistas climáticas que se despissem e que, sem
roupa, se agachassem, mostrando dessa forma as partes mais íntimas do corpo.
(…)
Um puro exercício de autoritarismo e um
tratamento desrespeitoso e desprovido da consideração que todas as pessoas
merecem.
(…)
Não existia nenhuma razão para os agentes da
PSP desconfiarem que escondiam nos orifícios do corpo armas ou quaisquer
objetos.
(…)
Humilharam aquelas raparigas pela simples
vontade de o fazer.
(…)
Quem tem a incumbência de proteger os cidadãos
não poderia atrever-se a comportamentos destes.
(…)
Os comentários [nas redes sociais] a essas
partilhas [da notícia] foram grotescos e assustadores. Isto deve obrigar-nos a
uma reflexão coletiva.
(…)
Depois
de décadas em que não conseguimos erradicar totalmente o fascismo da sociedade
portuguesa, eis que agora ele está ostensivamente presente, em crescendo e é
assumido sem pudor.
(…)
Reina a incompreensão e o conservadorismo
[em relação às ações destes grupos de ativistas climáticos].
(…)
Jovens
com habilitações literárias destacadas e completamente integrados na sociedade
decidiram agir para chamar a atenção das pessoas para um consenso científico: o
comportamento irresponsável de indivíduos e empresas está a levar o planeta ao
colapso climático.
(…)
Esse colapso inevitavelmente determinará
catástrofes e mortes numa escala que nunca vimos.
(…)
Parece que estamos quase todos de acordo
relativamente a isto.
(…)
Reparem que são protestos pacíficos e que os
ativistas nunca reagem à violência que sobre eles é exercida.
(…)
É
claro que este ambiente os desprotege ainda mais nas esquadras de polícia e nas
diversas instâncias a que são submetidos. As coisas têm consequências.
(…)
Agora [os ativistas e os seus protestos]
são novamente notícia e seria obrigatório que existisse um consenso na
condenação da atuação da PSP.
(…)
Que
sociedade é esta que se revolta mais com os protestos de quem alerta para a
crise climática do que com comportamentos inaceitáveis por parte de agentes das
forças de segurança?
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Para responder mediaticamente o congresso do Partido
Socialista, Luís Montenegro marcou, para domingo, o lançamento da Aliança
Democrática (AD).
(…)
Nem alargamento, nem uma nova esperança, nem um regresso às
origens.
(…)
O problema é ter-se tentado fingir que esta coligação era o
que não é.
(…)
A escolha de Miguel Guimarães não podia ser mais absurda.
(…)
[Miguel Guimarães] representou, durante a pandemia, a mais
descarada instrumentalização política de uma organização de autorregulação, no
mesmo momento em que o PSD de Rui Rio revelava um grande sentido patriótico.
(…)
Miguel Guimarães não seduz ninguém que não seja, à partida,
eleitor do PSD.
(…)
Seria de esperar [de Montenegro] uma ideia, uma proposta,
qualquer coisa que se afirmasse pela positiva no tema que escolheram como
central, quando se apresenta a candidatura.
(…)
E isso não aconteceu.
(…)
Tentar passar uma imagem de novidade e ressuscitar uma
coligação com 40 anos é prestar-se à comparação, exibindo a ausência de
presente e de futuro. Como manobra de marketing, é um desastre.
(…)
Se a artificialidade da nova AD não fosse evidente, a entrada
do PPM deixaria isso claro.
(…)
Não é fácil vender a ideia de uma coligação moderada
contra o “radicalismo de Pedro Nuno Santos” e andar com estas companhias [como
Nuno da Câmara Pereira].
(…)
O PPM, que foi o partido com menos votos nas últimas
legislativas (260).
(…)
O problema desta versão vintage da AD é tudo nela sublinhar a
diferença abissal com a original: nada nela é novo, mobilizador ou natural.
Daniel
Oliveira, “Expresso” online (sem
link)
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