O texto seguinte é um excerto de um artigo de opinião, intitulado “Ou vai, ou taxa!”, extraído da edição do último domingo do “Diário de Coimbra”. A curiosidade deste texto é, que foi escrito por um militante do PS para quem a democracia não é um conceito vão, para ser usado quando faz jeito ou seja quando a vitória está garantida.
“Os principais responsáveis juram, pelas almas, que querem evitar uma crise política, como se ela não estivesse aí, com sintomas cada vez mais evidentes, à frente dos olhos de um desgraçado país.
Uma crise de enormes proporções, que se reflecte na qualidade da democracia e no próprio funcionamento das instituições. Recordemos o que se passou com o Tratado de Lisboa. Como corria o risco de ser chumbado pelo veredicto do voto, acabou por ser aprovado, sem ser referendado, tal como tinha sido prometido. A excepção pouco honrosa aconteceu na Irlanda. Os eleitores votaram tantas vezes, quantas foram precisas, até se convencerem que tinham de facto de aprovar o tratado. Sócrates aprendeu a lição e agora, perante a perspectiva de ver o PEC 4 chumbado pelo Parlamento, decidiu não sujeitar ao voto dos representantes do Povo, na sede da Democracia.
Tal e qual como Jonas Savimbi. Numa entrevista que lhe fiz, o líder da Unita, que não se celebrizou pelo apego á democracia, disse-me, claramente, que a democracia só era boa se ele ganhasse as eleições. Como perdeu, a democracia não prestava. Sócrates levaria o PEC 4 à Assembleia da República, se o PSD votasse a favor. Como isso não está garantido, então não há votação. É este o conceito de democracia do séc. XXI, deve ser um dos valores da “esquerda moderna”.” (…)
Há alturas da história dos povos em que os acontecimentos se precipitam em tal catadupa que rapidamente ficam ultrapassados. É um pouco o que está a acontecer agora em Portugal. De qualquer maneira, veio hoje a lume mais um exemplo deste novo conceito de democracia acima referido e aplicado ao momento presente. Ora vejamos uma notícia da Lusa do início da tarde:
PEC: PS decide à última hora não avançar com resolução
23 de Março de 2011, 13:11
Lisboa, 23 mar (Lusa) -- A bancada do PS decidiu hoje, minutos antes do fim do prazo limite, não avançar com uma resolução de apoio à proposta do Governo de Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC).
Com esta opção, os socialistas optaram por não levar a discussão e a votação no plenário desta tarde na Assembleia da República uma iniciativa legislativa que teria quase chumbo garantido por parte das bancadas da oposição e que poderia ser entendida como uma moção de confiança ao Governo, precipitando a crise política.
Numa altura em que iremos entrar numa prolongada campanha eleitoral e em que surgirão juras à democracia para todos os gostos, é bom que os portugueses guardem para memória futura estas decisões não se dê o caso de comerem, de novo, gato por lebre.
“Os principais responsáveis juram, pelas almas, que querem evitar uma crise política, como se ela não estivesse aí, com sintomas cada vez mais evidentes, à frente dos olhos de um desgraçado país.
Uma crise de enormes proporções, que se reflecte na qualidade da democracia e no próprio funcionamento das instituições. Recordemos o que se passou com o Tratado de Lisboa. Como corria o risco de ser chumbado pelo veredicto do voto, acabou por ser aprovado, sem ser referendado, tal como tinha sido prometido. A excepção pouco honrosa aconteceu na Irlanda. Os eleitores votaram tantas vezes, quantas foram precisas, até se convencerem que tinham de facto de aprovar o tratado. Sócrates aprendeu a lição e agora, perante a perspectiva de ver o PEC 4 chumbado pelo Parlamento, decidiu não sujeitar ao voto dos representantes do Povo, na sede da Democracia.
Tal e qual como Jonas Savimbi. Numa entrevista que lhe fiz, o líder da Unita, que não se celebrizou pelo apego á democracia, disse-me, claramente, que a democracia só era boa se ele ganhasse as eleições. Como perdeu, a democracia não prestava. Sócrates levaria o PEC 4 à Assembleia da República, se o PSD votasse a favor. Como isso não está garantido, então não há votação. É este o conceito de democracia do séc. XXI, deve ser um dos valores da “esquerda moderna”.” (…)
Há alturas da história dos povos em que os acontecimentos se precipitam em tal catadupa que rapidamente ficam ultrapassados. É um pouco o que está a acontecer agora em Portugal. De qualquer maneira, veio hoje a lume mais um exemplo deste novo conceito de democracia acima referido e aplicado ao momento presente. Ora vejamos uma notícia da Lusa do início da tarde:
PEC: PS decide à última hora não avançar com resolução
23 de Março de 2011, 13:11
Lisboa, 23 mar (Lusa) -- A bancada do PS decidiu hoje, minutos antes do fim do prazo limite, não avançar com uma resolução de apoio à proposta do Governo de Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC).
Com esta opção, os socialistas optaram por não levar a discussão e a votação no plenário desta tarde na Assembleia da República uma iniciativa legislativa que teria quase chumbo garantido por parte das bancadas da oposição e que poderia ser entendida como uma moção de confiança ao Governo, precipitando a crise política.
Numa altura em que iremos entrar numa prolongada campanha eleitoral e em que surgirão juras à democracia para todos os gostos, é bom que os portugueses guardem para memória futura estas decisões não se dê o caso de comerem, de novo, gato por lebre.
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