quarta-feira, 23 de março de 2011

A VOZ DA RUA

Como muitos se devem recordar, “O Jornal” foi um semanário português que se publicou entre 1975 e 1992. Cessada a sua publicação, deu lugar em 1993 à revista “Visão”.
O dramaturgo Luís de Sttau Monteiro (1926 – 1993) assinou, durante muito tempo naquele semanário, uma coluna em que usava o humor para fazer crónica política. O seu título era “Guidinha”. Em 1978 a jovem Guidinha chamou a atenção, em forma de Carta Aberta aos Senhores da Política nos termos seguintes: “oiçam o que se diz na rua oiçam o que se diz na rua oiçam o que se diz na rua oiçam o que se diz na rua oiçam o que se diz na rua oiçam o que se diz na rua senão qualquer dia estão no olho da rua a ouvir o que se disse na rua”.
Mais de três décadas depois, eis que uma carta deste tipo poderia ser remetida aos senhores do Governo Sócrates que se encontram perigosamente cegos e surdos perante o desespero ainda em surdina, ainda parado mas que começa a sentir-se pelos becos, ruas e avenidas deste país. A resignação e a indiferença perante o que se passa à nossa volta pode ser só aparente e tem limites. Uma gota de água é o suficiente para fazer transbordar um copo cheio.

Luís Moleiro

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