A manifestação da chamada Geração à Rasca agendada para o próximo sábado, dia 12 de Março, deve ser lida e interpretada dentro do contexto que a envolve. É certo que se encontra eivada de muitas contradições mas tem o mérito de estar a colocar na praça pública a discussão da situação de bloqueio em que se encontra a actual geração. Esse facto nota-se pela reacção dos acomodados senadores do regime e seus colaboradores ao tentarem denegrir os motivos que levam os jovens a manifestar-se.
É da mais pura insensatez política ignorar a situação. Os exemplos que vêm das mais diversas partes do mundo a isso nos aconselham. O texto seguinte que constitui o editorial da edição de há dois dias do jornal Diário As Beiras aborda alguns contornos específicos e contraditórios da manifestação de 12 de Março.
E a cantiga volta a ser uma arma…
“Brandos costumes dizem eles. É o que vamos ver, no próximo sábado, digo eu. O que for a manifestação nacional das redes sociais pode ditar a maior ou menor brandura dos comportamentos públicos dos portugueses, nos tempos que aí vêm.
O protesto, recorde-se, começou com uma proposta de manif nacional anti precariedade. Depois, os Deolinda confessam-se parvos, no Coliseu. Geração à rasca, logo se disse e escreveu, malgré Vicente Jorge Silva. Entretanto, colam-se gente de bem e de oportunidade, mas também arrivismos, e oportunismos de todo o lado. E o que era coisa comedida, civilizada, mesmo, começa a preocupar o sistema.
Multiplicam-se as críticas, vindas um pouco de toda a nação que vive de joelhos e também de uns quantos avençados do bloco central de interesses.
De repente, chega o sábado de todas as revelações. Primeiro é Alberto João Jardim a manifestar apoio à manif. Depois é o PC a anunciar que vai fazer o seu 12 de Março. Por fim, já noite escura, na RTP, é uma enxurrada de telefonemas, pagos a taxa de valor acrescentado, a empurrar para o festival do eurocançonetismo os incómodos “Homens da luta”.
Está delimitado o território.
A “nova” canção de intervenção não é mais do que uma triste caricatura do que foi uma arma determinante na luta pela liberdade dos anos de 1970. Pior. É na pobreza desavergonhada da poesia dita e da música que a suporta; é no apoucamento rasteiro da música de José Afonso; é no mau gosto de mata e esfola que ao “Homens da luta” se inspiram. Mas é também um certo ideal de temeridade contrapoder, que o sistema mal consegue entender, muito menos assimilar, que de repente inunda a espuma dos dias e que, quem sabe, poderá, no sábado, vir a varrer as ruas das cidades.”
É da mais pura insensatez política ignorar a situação. Os exemplos que vêm das mais diversas partes do mundo a isso nos aconselham. O texto seguinte que constitui o editorial da edição de há dois dias do jornal Diário As Beiras aborda alguns contornos específicos e contraditórios da manifestação de 12 de Março.
E a cantiga volta a ser uma arma…
“Brandos costumes dizem eles. É o que vamos ver, no próximo sábado, digo eu. O que for a manifestação nacional das redes sociais pode ditar a maior ou menor brandura dos comportamentos públicos dos portugueses, nos tempos que aí vêm.
O protesto, recorde-se, começou com uma proposta de manif nacional anti precariedade. Depois, os Deolinda confessam-se parvos, no Coliseu. Geração à rasca, logo se disse e escreveu, malgré Vicente Jorge Silva. Entretanto, colam-se gente de bem e de oportunidade, mas também arrivismos, e oportunismos de todo o lado. E o que era coisa comedida, civilizada, mesmo, começa a preocupar o sistema.
Multiplicam-se as críticas, vindas um pouco de toda a nação que vive de joelhos e também de uns quantos avençados do bloco central de interesses.
De repente, chega o sábado de todas as revelações. Primeiro é Alberto João Jardim a manifestar apoio à manif. Depois é o PC a anunciar que vai fazer o seu 12 de Março. Por fim, já noite escura, na RTP, é uma enxurrada de telefonemas, pagos a taxa de valor acrescentado, a empurrar para o festival do eurocançonetismo os incómodos “Homens da luta”.
Está delimitado o território.
A “nova” canção de intervenção não é mais do que uma triste caricatura do que foi uma arma determinante na luta pela liberdade dos anos de 1970. Pior. É na pobreza desavergonhada da poesia dita e da música que a suporta; é no apoucamento rasteiro da música de José Afonso; é no mau gosto de mata e esfola que ao “Homens da luta” se inspiram. Mas é também um certo ideal de temeridade contrapoder, que o sistema mal consegue entender, muito menos assimilar, que de repente inunda a espuma dos dias e que, quem sabe, poderá, no sábado, vir a varrer as ruas das cidades.”
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