O
controlo da comunicação social faz parte da acção do poder económico como forma
de atingir os seus objectivos. Neste curto texto de Nicolau Santos que
transcrevemos do Expresso economia de ontem, o jornalista cita dois de muitos
exemplos que nos explicam por que razão os media
são tão cobiçados pelo poder económico.
Quando
lemos um jornal ou vemos um noticiário num qualquer canal televisivo, devemos
estar cientes de que o que lá vem escrito ou é dito serve os interesses de alguém
em particular e não os da maioria da população. Por exemplo, não é por acaso que
actualmente a comunicação social está pejada de jornalistas e comentadores favoráveis
às posições governamentais e do sistema neoliberal cujos tentáculos tendem a
espalhar-se por todo o mundo. É claro que aparece um ou outro opositor que lá é
colocado para compor o ramalhete mas cuja opinião é completamente abafada pelos
apaniguados do sistema.
O
que actualmente acontece relativamente à Grécia e ao seu governo – até o
vocabulário usado – é paradigmático quanto ao que se pretende atingir: colocar
os gregos como os maus da fita em contraponto com as posições de troika (ou das
“instituições” como agora se diz) que só desejam o bem dos povos europeus. As
vítimas transformadas em algozes e vice-versa. Não tenhamos a mais pequena
dúvida!
Pressões sobre a comunicação
social sempre existiram e continuarão a existir. Vêm do Governo, dos partidos e
do sector privado. Há pressões no jornalismo político, económico, desportivo,
cultural, na saúde, na educação. É errado. Em democracia, a verdadeira e mais
perigosa pressão vem do poder económico. Como Daniel Oliveira lembrou no
Expresso Diário, a “Forbes” escreveu sobre a forma como Isabel dos Santos acumulou
a sua imensa fortuna. Como resposta, a empresária angolana comprou os direitos
de edição da “Forbes” portuguesa. Por exemplo, o jornal “i”, controlado por
Álvaro Sobrinho, revelou dados muito incómodos para Ricardo Salgado, com quem o
empresário angolano está desavindo. É por isso que quando o presidente-executivo
da Fosun, Liang Xinjun, que já controla a Fidelidade e a Luz Saúde e está na
corrida ao Novo Banco, anuncia que o grupo chinês quer ainda investir no vinho,
turismo e lazer e… media, acende-se
uma luzinha vermelha. Mas pode ser só um curto-circuito.
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