terça-feira, 30 de junho de 2015

DECLARAÇÕES DE VOTO DO VEREADOR DO BE NA SESSÃO DE CÂMARA DE 18 DE JUNHO DE 2015



Câmara Municipal de Portimão – reunião de 18 de junho de 2015
Proposta de Deliberação nº 414/15
Assunto: Pedido de autorização para celebração de contrato de instalação da central fotovoltaica na parcela – Parque de Desportos Motorizados de Portimão
O Bloco de Esquerda considera que toda esta situação – instalação de uma central fotovoltaica no Parque de Desportos Motorizados de Portimão – já foi objeto de muitas controvérsias em sessões de Câmara no decorrer deste mandato, tendo o Bloco de Esquerda votado contra nas respetivas deliberações. A votação contra não se prende com a existência de uma central fotovoltaica – o Bloco até é favorável às energias renováveis – mas sim pelo facto do Plano de Pormenor inicial não contemplar este tipo de equipamentos e a zona em causa inserir-se em áreas verdes equipadas, mas com atividades de lazer, lúdicas e desportivas. Portanto, a alteração ao Plano de Pormenor colide com a Resolução do Conselho de Ministros nº 152/2007, de 2 de outubro, e até, com o PDM de Portimão e o PROTAL, em nossa opinião. Também não se verificou uma avaliação ambiental estratégica, pois ocorreram alterações aos parâmetros e condições do plano anterior.
Por outro lado, a própria CCDR/Algarve em informação datada de 29/08/14, já tinha concluído que “a pretensão de instalar uma central fotovoltaica no lote Veq4 do PPE não parece compatível com o regime de uso, ocupação e transformação do solo definido no PMOT”. Igualmente a informação técnica da CMP datada de 11/07/14 diz que a localização da instalação proposta se sobrepõe ao uso para estacionamento ocasional e que também poderá haver dúvidas na constituição do direito de superfície. Agora pretende  a Câmara autorizar a Parkalgar a arrendar o referido lote de terreno VEQ4 à empresa Savana Quente, cuja avaliação é de 60.700 €.
Pelo acima exposto, o Bloco de Esquerda vota contra esta proposta de deliberação.

Proposta de Deliberação nº 415/15
Assunto: Pedido de aquisição do lote de terreno nº 1/2008 para a instalação da central fotovoltaica, designado por I3, sito do Escampadinho
Não se percebe muito bem a necessidade da Câmara proceder à venda do lote de terreno em apreço à Parkalgar, para a instalação de uma central fotovoltaica (valor de 60.700 €). Como se constata, esta proposta tem a ver com a proposta anterior, nº 414/15, a qual foi objeto de voto contra com a produção da respetiva declaração de voto por parte do Bloco de Esquerda.
Nesta conformidade, o Bloco de Esquerda vota contra esta proposta de deliberação.

Proposta de Deliberação nº 412/15
Assunto: Minuta de contrato de exploração da unidade balnear 12 da Praia da Rocha a celebrar entre o Município de Portimão e a Audioveloso Produções, Lda para a realização do Spot Verão Portimão – Búzios Portimão
O Bloco de Esquerda não encontra motivo para alterar o seu sentido de voto relativamente ao assunto em causa “Spot Verão Portimão”, o qual foi objeto da deliberação nº 382/15, de 2 de junho, seguindo-se agora a assinatura do contrato.
De acordo com a informação camarária nº 1629, datada de 29/05/2015, de que já não se vai realizar as Spot Summer Sessions no verão de 2015 no espaço balnear da Praia da Rocha, o Bloco de Esquerda considera que era necessário encontrar uma alternativa para o referido espaço e sem demora, permitindo ainda a sua viabilização este verão (daí a não realização de concurso público que é um instrumento que privilegiamos na gestão da coisa pública); que este tipo de eventos se insere no âmbito de turismo cultural e com reflexos de cariz socioeconómico; que estes espetáculos musicais trazem contrapartidas financeiras, nomeadamente para os comerciantes locais e para o setor hoteleiro, e que potencia a vertente de potenciais investidores. É de relevar ainda outras contrapartidas para a Câmara Municipal por parte do promotor, como seja o pagamento de um palco e sistema de som e luz para o Festival da Sardinha e a cedência do Trio Elétrico para a animação de passagem de ano, tudo com um valor estimado em mais de 180 mil euros, durante 3 anos. Seria muito negativo para a cidade e concelho de Portimão, as suas populações e até, para aqueles que nos visitam, se não se realizasse o Festival da Sardinha (para já não falar na animação de passagem de ano, também significativa), uma das principais referências gastronómicas e de animação deste Município. Com efeito, a Lei dos Compromissos – um autêntico garrote financeiro que asfixia o poder local democrático, e não só - da responsabilidade do governo PSD/CDS, impede a realização deste tipo de eventos em Câmaras com dificuldades financeiras, obrigando-as a recorrer a outro tipo de expedientes (contrapartidas, patrocínios, etc.), se quiser realizar esses eventos.
Considerando também outros pontos da proposta, como seja a emissão de licenças e autorizações especiais – acidental do recinto, de funcionamento e especial de ruído, com colocação de barreiras sonoras, devendo haver uma fiscalização rigorosa por parte das entidades competentes – este um ponto crucial face a reclamações no ano anterior devido ao ruído  e onde continuamos a manifestar algumas reservas (reservas extensivas ao facto de não haver concurso público mas já fundamentado acima – o Bloco de Esquerda mantém o mesmo sentido de voto tal como o verificado na deliberação nº 382/15.
É de relevar ainda o facto do “Spot Verão Portimão” contribuir para dinamizar um pouco mais o emprego e/ou permitir aumentar os recursos financeiros de algumas pessoas empregadas, embora por um curto espaço de tempo, mas que não é de desprezar, num concelho com elevados índices de desemprego. E a principal responsabilidade, devido às medidas de desastre nacional, recai sobre a governação PSD/CDS (governantes/capatazes que atuaram como fiéis executores das políticas da troika estrangeira e que conduziram à destruição do país, com mais 400 mil desempregados).
Assim, tendo em conta os aspetos positivos e as reservas, acima enumeradas, o Bloco de Esquerda vota pela abstenção nesta proposta de deliberação nº 412/15.

Proposta de Deliberação nº 418/15
Assunto: Aprovação das contas consolidadas do Grupo Municipal referente ao ano de 2014
No que respeita às contas consolidadas de 2014 do Grupo Municipal há a relevar aspetos positivos e aspetos negativos.
Vejamos alguns elementos positivos e que são de mencionar (o que significa que tem havido algum esforço deste executivo em demarcar-se dos executivos anteriores, de má memória): há uma redução de 8 milhões de euros no que se refere ao passivo e capitais próprios consolidados; as receitas para a Câmara aumentaram 2,3 milhões (mais 5,4%); os compromissos assumidos e não pagos tiveram uma redução de 10,3 milhões; foram pagos 14,1 milhões dos anos anteriores; os pagamentos (despesas totais) atingiram mais 1,2 milhões (2,8%) face ao ano anterior; houve um decréscimo de 3 milhões em relação às dívidas a terceiros; o processo de dissolução da Portimão Urbis e a internalização e externalização de serviços e trabalhadores – uma das principais medidas positivas deste Executivo, tendo em conta que a gestão desta empresa municipal foi a principal responsável pelo “buraco” financeiro em que se encontra Portimão.
Quanto aos elementos negativos são de assinalar os seguintes: o ativo líquido consolidado teve um decréscimo de 3,9 milhões de euros (menos 1,1%); verificou-se uma degradação dos resultados líquidos consolidados de 1,8 milhões; os custos financeiros suportados pelo grupo municipal atingiram 9,2 milhões (mais 7,5% do que no ano anterior); a continuação da aplicação das medidas previstas no Plano de Ajustamento Financeiro, com destaque para a manutenção de taxas máximas, como o IMI e a derrama, a implementação da taxa municipal de proteção civil e outras taxas; as fracas taxas de execução da receita e da despesa; verificou-se uma diminuição das transferências de prestações sociais às famílias e instituições.
A certificação das contas pelo ROC também apresenta diversos dados considerados negativos, entre os quais há a destacar: estão por confirmar bens imóveis com o cadastro que atingem 32% do valor bruto contabilístico; não foram constituídas provisões para riscos e encargos sobre as dívidas da Portimão Urbis a fornecedores que atingem 18 milhões de euros; há dúvidas se foram prestados serviços à Portimão Urbis ainda não faturados no valor de 0,9 milhões; as rúbricas Terrenos e Edifícios e Outras Construções e as Reservas de Reavaliação encontram-se sobreavaliados em 56,2 milhões; há um desacordo sobre o processo da Portimão Urbis em relação aos ativos da Expo Arade Estrutura; não se sabe qual o impacto financeiro para as contas do Município com a assunção dos ativos e passivos da Portimão Urbis e das participações na Expo Arade Estrutura, Eventos do Arade e Rio Adentro.
Como se sabe, as grandes dificuldades financeiras que o Município atravessa tem a ver, fundamentalmente, com os Executivos anteriores da responsabilidade do Partido Socialista, fruto de despesismo descontrolado, irresponsabilidade e gestão ruinosa.
Perante o exposto, o Bloco de Esquerda vota pela abstenção nesta proposta de deliberação.
O Vereador do Bloco de Esquerda
João Vasconcelos

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