domingo, 21 de junho de 2015

O MUNDO DOS PODEROSOS CONTRA A GRÉCIA


O povo grego, farto de ser enganado por sucessivos governos avalizados pelo neoliberalismo, resolveu que era hora de mudar e dizer “não” a mais do mesmo. Foi, digamos, um acto de coragem mas, ao mesmo tempo de confiança na democracia. Era suposto que o voto popular, em eleições livres e transparentes, fosse respeitado. No entanto, “o mundo dos poderosos” mostrando a sua verdadeira face, que não tem nada a ver com democracia, não está pelos ajustes, uma vez que estão em causa os seus interesses mais mesquinhos. A partir daí, um pequeno país que se dispôs a enfrentar o gigante neoliberal tornou-se o alvo a abater pela ousadia que demonstrou e para servir de exemplo para outros que possam ter a mesma veleidade no futuro.
Todas as manobras da mais baixa política passaram a ser usadas para desacreditar e destruir o Governo grego. E aqui, a desproporção de meios é abissal, uma vez que o sistema dominante controla toda a comunicação social, difundindo notícias maliciosas sobre o povo grego e a coligação Syriza que domina o Governo.
O papel dos amantes da democracia e do cumprimento rigoroso das suas regras é, nesta altura, difundir a realidade da situação grega. Nesta linha, eis, então, um pequeno texto de Nicolau Santos que transcrevemos do Expresso Economia de ontem.  
O mundo dos poderosos uniu-se contra o governo do Syriza. Porque o Syriza ousou desafiar o statu quo, e isso é perigoso. Não há razões para continuar a pedir mais a um país, e cito Martin Wolf, em que o PIB real caiu 27%, em que o saldo orçamental melhorou em 20% e o da conta corrente em 16%, em que o emprego público caiu 30%. Um país que cortou 20% nas reformas mais baixas e até 48% nas mais altas; que subiu o IVA de 20% para 23%; que reduziu o défice de 15,6% para 3,5%. É a este país que se exige saldo primário de 1% do PIB em 2015 e 2% a 3,5% nos anos seguintes, apesar de se saber que dos 28 países da UE há 14 que nunca tiveram qualquer excedente acima de 3,5% nas últimas duas décadas. Não, não há qualquer razoabilidade naquilo que se continua a exigir a Atenas. O que se pretende é a capitulação e a cabeça de Alexis Tsipras numa bandeja. Mas desconfio que as palavras duras de Wiofgang Schauble, Christine Lagarde e Jeoren Dijsselbloem valem menos que o silêncio de ouro de Angela Merkel. E é ela que no Conselho Europeu de segunda-feira ditará o futuro da Grécia.

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