O
desmantelamento paulatino do SNS, com a criação de condições precárias para o
desempenho das suas funções, leva muitos profissionais a emigrar em grande
número e a sair para os privados. As consequências não se fizeram esperar com a
degradação dos serviços em situações exemplificadas a seguir, como por exemplo
a existência de 1,28 milhões de pessoas sem médico de família e muitas mais,
como a seguir assinala o autor (*) do texto que começámos a transcrever ontem.
Os
profissionais de saúde assistiam a este desmantelamento do SNS com apreensão e
revolta, sem motivação e sem incentivos começaram a sair para os privados e
para a Europa (em 2014 mais de 400 médicos emigraram assim como milhares de
enfermeiros que emigraram uma média de 5,7 por dia), agravando cada vez mais a
capacidade de resposta e a qualidade dos serviços prestados: mais de 1280000
pessoas não têm médico de família; listas de espera aumentaram para várias
cirurgias e consultas de especialidade; caos nunca visto nas urgências;
institutos de oncologia com falta de pessoal e sem camas para operar situações
dramáticas e urgentes, para além do aumento do tempo de espera para realizar
exames complementares de diagnóstico, rastreios e mesmo controlos; hospitais e
centros de saúde com capacidade de resposta também muito diminuída; hospitais
com aparelhos avariados há meses; fecharam serviços e camas do sector público
por todo o país enquanto promoviam o sector privado que aumentou a oferta de
serviços e camas. As queixas começaram a aparecer de todos os lados, dos
doentes e familiares, dos médicos, dos enfermeiros, dos técnicos de saúde, do
INEM, dos directores de serviço (tendo alguns pedido a demissão), apelos
públicos lancinantes de doentes sem dinheiro para comprar medicamentos “Sr.
Ministro não me deixe morrer”!!. Um canal de televisão fez uma reportagem que
mostrou ao país muitas deficiências existentes no SNS, com doentes acamados em
situações a resvalar para a desumanidade, grande parte dos portugueses ficaram
chocados, menos o Ministério da Saúde cujo representante teve o descaramento de
comentar que todos os doentes estavam a ser bem tratados!!!, certamente em consonância
com o pensamento único instalado no SNS, após as escandalosas nomeações
partidárias (PPD/CDS) para as centenas de quadros dirigentes do SNS. Nem se
deram conta que as imagens demonstravam precisamente o contrário do que diziam,
protegiam-se uns aos outros, ficava tudo em família (PPD/CDS).
(*) João Rui Gaspar de Almeida, Presidente da
Delegação da Fundação Portuguesa do Pulmão
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