Por
tudo quanto se vê, ouve e lê, não será exagero pressentir que, se pudessem, os sucessivos
governos de Israel procederiam ao extermínio do povo palestiniano. E não
escondem esse desígnio caso alguma vez tenham possibilidade de o implementar.
Por
resolução da ONU, foi estabelecido o estado de Israel em 1948 mas ficou por
implementar outra parte da mesma resolução que contempla o estabelecimento do
estado da Palestina. E aqui está o cerne do conflito entre israelitas e palestinianos
que dura há quase sete décadas. Do fim dos anos 40 do século XX para cá, não se
avançou nada para além do acirrar do ódio entre os dois povos e de várias
guerras, com o seu natural cortejo de vítimas, para além das que vão tendo
lugar todos os dias.
É
claro como água que toda a razão está do lado palestiniano quando exige o
cumprimento de uma resolução da ONU, para não falarmos de outras mais recentes
que têm vindo a condenar Israel pela ocupação de território que não lhe
pertence. Por isso mesmo, é de elementar justiça toda a solidariedade para com
o povo palestiniano, cuja voz é a todo o momento abafada em detrimento da
propaganda sionista.
E
porque a solidariedade se deve traduzir em acções concretas, aqui divulgamos um
artigo de opinião do embaixador da Palestina, Hikmat Ajjuri, que transcrevemos
do Público de hoje.
Recomendamos
vivamente a sua leitura.
Israel
nasceu através de uma resolução da Assembleia Geral da ONU 181 "Plano de
Partilha", aprovada em 1947. Só metade dessa resolução foi implementada em
1948, quando um estado de "Israel" foi estabelecido. A outra metade,
que é o estabelecimento do Estado da Palestina, ainda está à espera de
implementação até hoje.
Por
outro lado, a aceitação de Israel como um Estado Membro das Nações Unidas, em
1949, deu-se com as condições de este se comprometer na criação do Estado da
Palestina e no regresso de todos os palestinianos que foram forçados a deixar
as suas casas, nas mãos de gangues Sionistas, durante a guerra de 1948, mais
conhecida por a Nakba palestiniana (catástrofe).
Como
é evidente, os detalhes das atrocidades nas mãos das forças de ocupação
israelita, contra os palestinianos atualmente, tornaram-se bem conhecidos e bem
documentados, local e internacionalmente. Todos os dias civis palestinianos,
incluindo crianças e mulheres, são atacados, mortos a sangue frio e feridos
pelas forças de ocupação israelita, soldados e colonos terroristas. Todos os
dias, estão a ser detidos e aprisionados civis palestinianos, são implementadas
medidas de punição colectiva, tal como demolições de casas que deixam famílias
inteiras desabrigadas, ao mesmo tempo que as restrições ao movimento dos
palestinianos os sufoca ainda mais e desencadeia um impacto negativo em todos
os aspectos da sua vida socioeconómica.
A
Comunidade Internacional, representada pelas Nações Unidas, apelou em muitas
ocasiões a Israel, o poder ocupante, para congelar todas estas acções desumanas
e para abdicar de todas as suas outras acções ilegais, como por exemplo o roubo
de mais terras palestinianas para construir colonatos e transferir os seus
cidadãos para lá, no entanto sem sucesso. A selectividade na aplicação do
Direito Internacional e as suas almofadas, no caso das violações israelitas e
na falta de acções contra essas violações, concedeu, consequentemente, a Israel
um estatuto de país acima do Direito Internacional e, como resultado disso
anulou todas as resoluções pertinentes da ONU.
Apesar
de tudo o que foi mencionado, a Comunidade Internacional adoptou a solução de
dois Estados como uma solução, internacionalmente reconhecida, para o conflito
israelo-palestiniano de quase 70 anos. Neste contexto, o estatuto da Palestina
foi actualizado para o de um Estado não-membro da ONU. Israel, desde a
assinatura dos Acordos de Oslo, tem, aparentemente, aprovado esta solução
de dois Estados publicamente, mas tem agido, explicitamente, contra a sua implementação.
Todos
nós ainda nos lembramos da declaração de Netanyahu, a este respeito durante a
sua campanha eleitoral, dizia que não haveria nenhum Estado palestiniano
enquanto ele estivesse no cargo. Esta declaração irresponsável mostra bem que
todos aqueles que colocaram Netanyahu no poder (a maioria) são contra a solução
de dois Estados.
O
Vice-Ministro da Defesa de Israel, Eli Ben-Dahan, disse a 9 de Outubro do
passado ano, "os palestinianos têm de entender que não terão um estado, e
que Israel irá dominá-los." De acordo com o Centro de Jerusalém para os
Assuntos Públicos, 75% dos judeus israelitas opõem-se a uma solução de dois
Estados, independentemente do que quer que seja. O mesmo Eli Ben Dahan disse em
2013, quando era Vice-Ministro dos Serviços Religiosos: "Para mim, eles
(os palestinianos) são como animais, nem sequer são seres humanos." Dois
anos depois, Benjamin Netanyahu convidou Dahan para ser Vice-Ministro da
Defesa.
Em
conclusão, está a ficar claro como água que desde que Netanyahu assumiu o seu
cargo, em 1996, a liderança israelita foi, constantemente, enganando o mundo,
fazendo todos os possíveis para encobrir o seu lento assassínio da única
solução internacionalmente aceite para o conflito israelo-palestiniano - os
dois Estados. O resultado natural deste desafio israelita ao Direito
Internacional, é este terror na região e fora dela. Localmente, o resultado
revela-se com a juventude palestiniana a tomar a lei nas suas próprias mãos,
pois sentem que foram traídos pela Comunidade Internacional e rejeitam,
absolutamente, viver sob um regime de apartheid no que é chamado de Israel.
A Paz na Terra Santa, única
garantia possível da estabilidade na região, só será alcançada através da
implementação da solução de dois Estados, com base nas pertinentes Resoluções
das Nações Unidas.
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