“Esta semana saiu (mais) um relatório pouco
animador sobre o nosso sistema de pensões. Segundo simulações apresentadas pela
OCDE, um jovem que entre agora no mercado de trabalho poderá vir a ter uma
pensão equivalente a 90% do salário, mas exige que se trabalhe 47 anos. Ou
seja, chegar ao fim de uma vida de trabalho com uma pensão de reforma
jeitosinha é possível, mas exigirá que trabalhe quase até às portas da morte.
Quem for mais apressado e quiser reformar-se mais cedo, morrerá de susto com o
valor da pensão que levará para casa. Portugal já é o país da OCDE onde as
penalizações pela antecipação da reforma são mais altas, mas para o organismo
internacional isto não chega: é preciso dificultar também o acesso. Isso
significa acabar com a possibilidade de reforma antecipada voluntária aos 60
anos, fazendo esta idade variar todos os anos ao ritmo da evolução da esperança
média de vida, e significa também acabar com a possibilidade de passar à
reforma antecipada após esgotado o subsídio de desemprego. As recomendações da
OCDE não vinculam o Governo, mas o ministro Vieira da Silva, a quem se devem as
reformas mais profundas nestas áreas, sempre vai dizendo que o roteiro
constitui um bom “alimento para o pensamento”.
In “Expresso” Economia
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