O compromisso governamental de um
aumento faseado do salário mínimo até aos 750 euros na legislatura foi cumprido
em 2020, com um aumento de 35 euros. Antecipar-se-ia que esse seria o ritmo
para os próximos três anos.
(…)
A credibilidade democrática pede o
cumprimento da promessa.
(…)
O primeiro-ministro assegurou
repetidamente que, mesmo com a recessão da covid, não haveria recuo e não se
repetiriam os erros da crise anterior, nomeadamente a política de ataque aos
salários e pensões.
(…)
Não creio que o Governo possa alegar que
o salário deva ser congelado por esse motivo [da recessão].
(…)
Não é aceitável [um aumento
insignificante de salário] precisamente por estarmos a viver uma recessão muito
real, se não mesmo mais grave do que o Governo admitiu até hoje.
(…)
É mesmo porque há crise económica que o
salário mínimo deve aumentar em 2021, e até por valores superiores aos de 2020.
(…)
O salário mínimo é um valor de
referência para as políticas sociais.
(…)
Sem o aumento do salário mínimo, teríamos
muito mais pobres em Portugal.
(…)
Com a redução das exportações, torna-se
evidente que é na procura interna que está a capacidade de almofadar a
recuperação a curto prazo.
(…)
Aumentar o salário mínimo cria emprego e
não desemprego, ao contrário do que afirmavam as teorias que faliram na última
década, como é agora reconhecido de modo generalizado na academia a partir da
experiência concreta.
(…)
Aumentar o salário mínimo é das decisões
mais ponderadas que se pode tomar para 2021.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Sim ao hidrogénio, mas sem embarcar
nesta monumentalidade triunfal do Governo.
(…)
Não [ao hidrogénio] se for uma aposta
chegada pela força dos lóbis e cegada pela urgência desesperada de espatifar o
dinheiro dos outros.
(…)
Não temos sectores com lóbis tão
poderosos como o da energia.
(…)
O hidrogénio é futuro, e sem ele o mundo
continuará movido a três quartos pelo petróleo.
(…)
A competitividade do hidrogénio depende
do custo futuro da energia
(…)
É, pois, um negócio que atrai não apenas
elétricas mas sobretudo petrolíferas, que comem governos ao pequeno-almoço.
(…)
Estamos fartinhos de ver governantes
engolidos na treta do progresso imparável, que acaba em custos imparáveis e
talvez um emprego para eles.
(…)
Não concordo com a posição retrógrada,
mesmo que fundamentada, de um documento assinado por 40 contra o hidrogénio
verde.
Pedro Santos
Guerreiro, “Expresso” (sem link)
Segundo o jornal [The New York Times],
as autoridades gregas expulsaram secretamente, em 31 ações realizadas desde
março, 1072 requerentes de asilo.
(…)
Também retiraram combustível a barcos de
refugiados e rebocaram-nos para as águas turcas.
(…)
E abandonaram refugiados numa ilha
desabitada.
(…)
E expulsaram migrantes legais,
enfiando-os num barco no rio Evros.
(…)
Mas nada neste comportamento da Grécia a
distingue de uma odiosa tirania.
(…)
E perante um bote à deriva com 22 seres
humanos, dois bebés, carregado pela civilizadíssima Europa para alto-mar, pedem
que não acicatemos a extrema-direita que já determina o que somos pelo medo que
cresça.
(…)
Sei que o silêncio “moderado” perante o
discurso bárbaro que se torna hegemónico na Europa é o problema.
(…)
Sei que o silêncio “moderado” perante o
discurso bárbaro que se torna hegemónico na Europa é o problema.
(…)
Não foi por causa dos que resistiram ao
antissemitismo generalizado na Europa que ele se transformou numa indústria de
ódio.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
Neste domínio [da “floresta
cultivada”], a “visão” de Costa Silva ignora a existência de uma Lei de Bases da Política Florestal
[aprovada há 24 anos por unanimidade na AR].
(…)
A “visão” de Costa Silva
ignora também a existência de uma Estratégia
Nacional para as Florestas, que entrou em vigor em
2006 e foi actualizada em 2015.
(…)
Não basta afirmar a
preocupação com as emissões de gases de efeito estufa, ou defender a intenção
de descarbonizar a economia. Há que definir uma visão consequente.
(…)
Não se vislumbra uma
aposta na investigação e, sobretudo, em extensão, tendo em vista cumprir metas
mínimas de produtividade.
(…)
O que a “visão” de Costa
Silva defende é a proliferação de extensas plantações de culturas energéticas?
Haja água e aposta na biodiversidade que aguente!
Paulo
Pimenta de Castro, “Público” (sem
link)
[Joan Carlos é] um homem
incapaz de fechar a braguilha, que se tornou exemplo de como o caruncho pode
atingir uma instituição anquilosada como a monarquia.
(…)
Num mundo cada vez mais
desigual, manter monarquias e casas nobiliárquicas é uma expressão
institucionalizada dessa desigualdade.
(…)
A indiferença [do rei da
Tailândia] ao impacto da pandemia e à crise económica no seu país é mais
criminosa que qualquer crítica dos 20 mil estudantes que se juntaram, domingo,
na capital tailandesa para mais um dia de protestos.
(…)
Delphine Boël cometeu o
grande erro de ser resultado da longa relação extra-conjugal entre o que seria
o rei Alberto II (…) e a baronesa Sibylle de Sélys Longchamps.
(…)
Mesmo sendo apenas um caso
de divórcio em que a corda da tutela partiu pelo lado mais fraco, não mereciam
os marroquinos saber o que se passou com a sua antiga primeira-dama?
António Rodrigues, “Público” (sem link)