Há 800 mil trabalhadores a recibo verde e outros tantos trabalhadores informais para quem esse direito [a férias] não existe.
(…)
[As férias de verão] não existiram
sempre, não existem ainda hoje em muitos países, e não caíram do céu.
(…)
Enquanto tempo para nós, o verão é uma
invenção e uma conquista do movimento operário, das greves e dos sindicatos.
(…)
[Foi em 1936, em França que] um governo
que juntou socialistas, comunistas e radicais, reconheceu pela primeira vez no
mundo as duas semanas de férias pagas aos trabalhadores.
(…)
Em Portugal, só depois do 25 de abril de
1974 se consagrou as férias como um direito anual irrenunciável, independente
da vontade dos patrões.
A associalização e o
confinamento militante em que vamos sendo acantonados tornam-nos tolerantes
perante violações de direitos individuais e coletivos, e produzem uma sociedade
apática.
(…)
A má gestão e a não
resolução de grandes problemas socioeconómicos, como aqueles com que nos
deparamos, geram perigosos subprodutos.
(…)
A expressão "retorno
à normalidade" pode ser uma mera ilusão ou ter interpretações subversivas.
O futuro nunca foi nem será retorno ao passado.
(…)
É preciso conter os duros
impactos sociais e económicos da pandemia, mas é um erro grave deixar para depois
as políticas estratégicas de recuperação da economia.
(…)
Se ficarmos pelo atentismo
no "retorno à normalidade" podemos ter a certeza de que, rapidamente,
chegaremos a uma situação em que os défices da nossa matriz de desenvolvimento
e as fragilidades do Estado se agravarão
(…)
Neste tempo de exaltação
da frugalidade e da moderação, lembremos quão frugais são os trabalhadores e o
povo, e que a moderação nem sempre é uma virtude.
Um rei [Joan Carlos] que se transformou num
facilitador de negócios, cobrando comissões
milionárias que depois escondia do fisco através de paraísos fiscais e testas
de ferro.
(…)
Esconder o dinheiro sem
nunca lhe perder o rasto, o monarca mostrava conhecimento dos esquemas de
lavagem de dinheiro.
(…)
Alguns querem agora evitar
a queda do dominó, que o cheque que expôs o rei não se transforme no xeque-mate
da monarquia.
(…)
Alguns querem agora evitar
a queda do dominó, que o cheque que expôs o rei não se transforme no xeque-mate
da monarquia.
(…)
Juan Carlos de Bourbon não
é a maçã que apodreceu, é o exemplo maior de uma casta que deve ser combatida.
(…)
A questão de fundo não é
se Espanha aguenta uma República, é que Espanha já não aguenta uma monarquia
corrupta.
Pedro
Filipe Soares, “Público” (sem
link)
[Joan Carlos], uma espécie
de rei saltimbanco ao serviço da fuga à sua própria investigação com a
complacência, anuência e vontade da Casa Real espanhola.
(…)
[Em Portugal] não faltaram
monárquicos e republicanos a pretenderem recebê-lo de braços abertos em virtude
de ser "um doce amigo de Portugal".
Perante os testemunhos de
quem assistiu à ameaça de morte e aos repetidos insultos racistas de Evaristo
Martinho contra Bruno Candé ao longo dos três dias anteriores ao seu
assassinato, não há dúvida de que as motivações do crime são claramente
racistas.
(…)
Que a extrema-direita
[discuta se foi ou não racismo], não surpreende, porque a sua estratégia é
negar o racismo para o banalizar e, assim, normalizar a sua violência.
(…)
O que levou a PSP a emitir
um comunicado de imprensa a negar a hipótese de racismo neste crime [de Bruno
Candé]?
(…)
Se até em casos-limite
como estes [Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial] peca por
falta de comparência, para que serve?
(…)
Como explicar que até o
Presidente da República, prolixo em distribuir afetos nos “momentos difíceis”,
não tenha achado pertinente dirigir uma palavra sequer à família do Bruno
Candé?
(…)
[Evaristo Martinho] incorporou
o projeto de sociedade colonial que lhe foi incutido, em que as vidas negras
nunca importaram.
(…)
O deputado da
extrema-direita e seus acólitos investem ainda hoje no assassinato post-mortem da vítima.
(…)
O manto de silêncio
institucional sobre este caso vai contribuir para normalizar a violência racial.
(…)
Por andar repetidamente a
incitar ao ódio e a negar o racismo, por convidar os racistas a saírem do
armário em ‘contra manifestação’, o deputado fascista André Ventura é hoje o
maior autor moral dos crimes racistas que ocorrem no país.
Mamadu Ba, “Público” (sem link)
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