Nos outros países, há mais gente a recusar a vacina (19% na Alemanha e 20% em França) e, de abril para junho, a percentagem de quem se quer vacinar terá diminuído em todos os países.
(…)
Mas é [outra] forma do movimento antivacina que quero destacar hoje, a da
reivindicação liberal contra o intervencionismo de políticas sanitárias
públicas.
(…)
A noção de que a aceitação de regras
sanitárias é uma escolha individual foi então a base ideológica da campanha
liberal contra as vacinas.
(…)
No século XX, as vacinas começaram a
salvar pessoas e, com a melhoria da saúde pública, chegamos hoje a esperanças
médias de vida de mais de 80 anos.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Com a pandemia, 1,4 milhões de
trabalhadores estiveram em lay-off e 850 mil em teletrabalho.
(…)
Ao terminar o suporte financeiro,
algumas empresas vão falir.
(…)
A recuperação do emprego é mais lenta do
que a da economia e que vai aumentando a percentagem de pessoas excluídas do
trabalho.
(…)
O teletrabalho pode tornar-se uma regra
em algumas funções essenciais.
(…)
Uma teleconsulta em medicina ou uma aula
virtual podem responder a uma emergência, mas não podem ser o sistema de
cuidado ou de educação.
(…)
Haverá quem descubra a mina de ouro,
reconverter os seus assalariados em empresários em nome individual, que
trabalham remotamente a recibo verde.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
A curiosa entrevista de Durão Barroso ao
“Observador” na semana passada tinha um só alvo: lembrar a sua própria
existência.
(…)
No entanto, a entrevista tem um picante
suplementar, a frase que veio a ser mais citada, que a União Europeia despejou
uma orgia de dinheiro para cima dos coitados da pandemia.
(…)
O Goldman Sachs, o banco presidido por
Barroso, melhorou neste período os seus resultados em 41% e aumentou os seus
salários e compensações em 35% (o lucro para os acionistas só subiu 2%, é a
vida). Isto é que é uma orgia, não acha?
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
O pragmatismo mais pérfido é o que
legitima uma política amoral.
(…)
A amoralidade não é o vazio onde tudo
cabe, é o caos onde tudo choca.
(…)
Politicamente (Rui Rio) coloca o partido
na posição em que o PSD precisa mais do Chega que o Chega precisa do PSD.
(…)
Se o PSD continuar a aceitar ir para a
cama com o Chega então faz a cama em que se irá deitar.
(…)
Foi por medo, não por tédio, que os dois
maiores partidos urdiram o golpe antidemocrático de acabar com os debates
quinzenais.
(…)
[O PSD] parece disposto a tudo para
chegar ao poder. Até a sacrificar a moral pelo pragmatismo, mostrando à
sociedade que a traição das convicções é uma forma aceitável de descer nos
valores para subir na vida.
(…)
É já triste que os valores não se
afirmem pela positiva mas pela negativa.
(…)
E se o racismo despertar em cada um de
nós a coragem do repúdio ativo, os covardes das máscaras e das cartas anónimas
voltam para a caverna.
Pedro Santos
Guerreiro, “Expresso” (sem link)
Um dos efeitos duradouros da experiência da “geringonça”
é que se tornou ainda mais difícil para PS e PSD governarem sem companhia.
(…)
Agora tudo mudou: o CDS definha e a extrema-direita
social perdeu a vergonha e passou a ter representação política com o Chega.
(…)
Não há um Chega moderado da mesma forma que (…) não há
partidos pós-fascistas.
(…)
No fim, não será o Chega que se vai moderar, é a
direita moderada portuguesa que acaba por se radicalizar.
Pedro Adão e Silva, “Expresso”
(sem link)
Quando se normaliza a extrema-direita (…) serão os
próprios partidos da direita tradicional (…) integrando o discurso que
permitiram que se normalizasse.
(…)
O Chega representa, de facto, os sentimentos profundos
de boa parte dos eleitores do CDS e até de franjas do PSD.
(…)
Ao contrário do que pensavam os mesmos que se
convenceram que o racismo era marginal em Portugal, a extrema-direita sempre
existiu.
(…)
É à custa da direita que o Chega está a crescer. E
André Ventura não podia ter encontrado melhor aliado que Rui Rio.
(…)
Raramente um líder partidario exibiu tamanha estupidez
tática [como Rui Rui].
Daniel Oliveira, “Expresso”
(sem link)
A exploração de lítio em
minas a céu aberto, que agora se prevê, tem muitos [custos ambientais], e a
primeira questão que se coloca é a da avaliação desses custos.
(…)
E permanecemos sem um
balanço entre o que poderemos ganhar e o que iremos perder com os casos de
mineração a céu aberto, alguns dos quais já estão previstos, e cujo número e
amplitude física parecem excessivos para este pequeno país.
(…)
Por que motivo está o
Ministério do Ambiente disponível para avançar tão drasticamente num processo
cujo impacto ambiental pode ser enorme,
(…)
E que garantias temos de
que, após os dez anos de mineração previstos, as companhias com direitos
de exploração não nos deixam uma herança ambiental tão envenenada que melhor
fora não termos ido por aqui.
O Estado deve ter alguma
coisa a dizer sobre o futuro das populações e das regiões que poderão vir a
ser afectadas pelo plano concursal de prospeção e
exploração de lítio e outros minerais.
(…)
Não referir os custos
reais da mineração de lítio e ouros minerais para as populações,
os cursos de água, os terrenos agrícolas, a qualidade do
ar ou os animais, não tranquiliza.
Rosa Maria Martelo, “Público” (sem link)
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